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20 mi de dólares, nove parcelas e jogadores: o último negócio milionário entre Fla e Real

Sávio Flamengo 1996
Sávio Flamengo 1996

Sávio em ação pelo Flamengo em 1996: negócio milionário na Gávea e ida para o Real Madrid

Flamengo e Real Madrid agitaram o mercado da bola ao anunciar acordo para a contratação da revelação Vinicius Junior. Valor assombroso de 45 milhões de euros – ou R$ 164 milhões no câmbio desta terça-feira. Duas décadas separam os clubes da última transação que também envolveu uma grande revelação rubro-negra e, igualmente, atingiu cifras milionárias. No fim de 1997, o clube espanhol concluiu uma operação de exatos 19.437.500 milhões de dólares para levar Sávio para a Espanha.

No câmbio da época, a moeda norte-americana estava estabelecida em R$ 1,11, o que elevava a transação pelo camisa 10  a cerca de R$ 21 milhões no fim dos anos 90. Em valores corrigidos, a contratação seria o equivalente a R$ 97 milhões em 2017. Número bem alto, mas ainda distante do pago para ter Vinicius Junior. As cifras do futebol dispararam ao longo do anos e o Flamengo, em 1997, viu a maior parte do valor da venda de Sávio transformada diretamente em reforços. Mais precisamente, Zé Roberto, Rodrigo Fabri, Romário e Palhinha, apresentados como um esquadrão na Gávea no início de 1998.

Trecho da ação do Banco Central

Em novembro de 1997, o então presidente rubro-negro, Kleber Leite, viajou à Espanha em novembro para sacramentar a venda de Sávio. Corinthians e São Paulo tinham interesse na contratação da revelação rubro-negra de 23 anos, titular há pelo menos quatro temporadas. O camisa 10 tinha chamado atenção dos merengues em uma partida entre Flamengo e Real Madrid, vencida pelos rubro-negros por 3 a 0, pelo Torneio Palma de Mallorca, em meados de 97. A preferência era negociá-lo para o exterior. Em encontro com Lorenzo Sanz, presidente do Real Madrid, o acordo foi fechado: o Flamengo receberia o passe de Zé Roberto, avaliado em oito milhões de dólares, e metade do passe de Rodrigo Fabri, ambos revelações da Portuguesa, finalista do Brasileiro de 96. O primeiro assinou contrato de quatro anos, enquanto o segundo foi comprado pelo Real Madrid junto à Portuguesa por dez milhões de dólares e repassado ao clube rubro-negro com um empréstimo de um ano e meio. O restante do valor, 6.437.500 milhões de dólares seriam pagos em nove parcelas.

A primeira no ato da compra, em três cheques depositados em nome do Flamengo, nos valores de 1.437.500 milhão, um milhão e 250 mil dólares respectivamente. Além dos passes de Zé Roberto e Rodrigo Fabri, haveria parcelas em 5 de julho de 98 (um milhão) e 5 de janeiro de 99 (um milhão). E, por fim, dois milhões de dólares restantes entre 30 de janeiro de e 30 de dezembro de 1999 quitados, de forma bimestral, em cinco depósitos de 333 mil dólares e um de 335 mil dólares. O negócio foi fechado, Sávio se apresentou ao Real Madrid no início de 1998 e, no fim do ano, acabou campeão mundial diante do maior rival dos tempos cariocas, o Vasco. O Anjo Loiro da Gávea permaneceu em Madrid até a temporada de 2003.

Anos depois dor de cabeça com câmbios das transferências

Com o valor da contratação de Sávio, o Flamengo apresentou seus reforços no início de 1998, na Gávea, em conjunto. Romário voltava de temporada no Valencia e, junto de Rodrigo Fabri, Zé Roberto, Palhinha e Cleisson, foi apresentado de forma pirotécnica. O time acabou apelidado de SeleFla, mas não deu certo. Meses depois, o técnico Paulo Autuori acabou demitido e Zé Roberto, com apenas 23 jogos, vendido ao Bayer Leverkusen, da Alemanha, por 9,6 milhões de dólares.

O problema das inúmeras transações chegou anos depois. O Banco Central do Brasil detectou que o clube rubro-negro não pagara o valor do câmbio das transferências dos atletas. Mesmo com o dinheiro no exterior, o Flamengo era obrigado. O passe de Romário junto ao Valencia, por exemplo, custara 1,6 milhão de dólares. 819 mil dólares foram descontados da transação por Sávio para quitar parte da dívida do clube com o Mallorca pela aquisição do meia Palhinha.

Em 2014, o Flamengo acabou surpreendido com ação do Banco Central que chegara a R$ 79 milhões para cobrar o câmbio atrasado das negociações dos anos 90. O clube contestava o valor judicialmente, mas ainda assim teve de dar o Ninho do Urubu e um contrato de patrocínio com a Peugeot como garantias na ação e evitar o recebimento de parcelas do patrocínio da Caixa Econômica Federal.

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