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47 minutos, variações e dificuldades: o jogo-treino de Conca no Flamengo

Conca Flamengo 2017

Conca em treinamento no CT do Flamengo

Conca Flamengo jogo-treino Mesquita

Assim que foi liberado pelo departamento médico do Flamengo, Conca causou expectativa na torcida rubro-negra. Contratação de maior renome na temporada, o argentino primeiro participou de treinos de forma mais ativa. O jogo-treino contra o Mesquita, na tarde desta segunda-feira, seria o degrau mais decisivo para mensurar a real capacidade do meia até o momento. A julgar pela atividade, Conca terá de esperar mais um pouco. Galgar minutos. Buscar maior mobilidade. Parece contraditório, mas quase um ano após a lesão no joelho direito, o argentino ainda precisa de tempo. Realidade difícil para a torcida, o clube e, principalmente, para o próprio jogador. Mas a atividade não foi em vão. Longe disso.

O placar final de 4 a 1, com dois gols de Adryan, um de Vizeu e outro de Mancuello, trouxe perspectivas interessantes para o futuro do Flamengo. O jogo-treino foi dividido em três tempos de 30 minutos. No primeiro, Zé escalou a equipe em um 4-3-2-1. Romulo, Ronaldo e Mancuelo formavam a trinca atrás da dupla formada por Diego e Conca no meio, com Damião à frente. Chamou a atenção. Uma equipe que praticamente evitou o jogo aéreo. A missão era bola de pé em pé, troca farta de passes, de um lado para o outro. Mas aí um destaque: nada de passes meramente laterais. Com dois meias em campo, a busca foi também por enfiadas de bola, toques verticais, buscando ultrapassar a marcação de um Mesquita que parecia postado em 4-5-1.

Diego e Conca em ação no 4-3-2-1

Romulo centralizado ao meio tinha a missão de iniciar o jogo ao receber a bola dos zagueiros. O volante participou de 60 minutos da atividade e mostrou melhor condição física. Teve fôlego para deixar a defesa e ainda aparecer mais à frente, sem indicações de cansaço ou passadas lentas. Mancuello fez o papel de volante pela esquerda, talvez a sua posição ideal. Tem qualidade no passe e buscava sempre o meio, abrindo a lateral para os avanços de Renê. O argentino, no entanto, deve melhorar a marcação. Mesmo em um jogo-treino, mostrou dificuldades para manter o ritmo na frente e atrás, o que deixava buracos e causava desequilíbrio a equipe. Diego, por vezes, tentava cobri-lo. Ainda assim, foi dele o primeiro gol da atividade. Troca de passes verticais entre ele, Diego e Ronaldo. Ao receber da intermediária, Mancuello arriscou o chute de longe. A bola desviou na zaga e encobriu o goleiro.

A outra ponta do tripé do meio de campo, Ronaldo, foi mais um a mostrar qualidades. E teve função interessante no 4-3-2-1. Foi quem mais se aproximou dos meias, avançando muito pelo lado direito, buscando tabelas com Diego, Conca ou Rodinei. Funcionou e abriu um questionamento sobre o porquê de ser tão pouco aproveitado na equipe principal. O Flamengo foi bem dominante e o Mesquita pouco viu a cor da bola. O time rubro-negro atacava em bloco. Por vezes, apenas Léo Duarte, seguro, permaneceu antes da linha do meio de campo. Os outros nove jogadores subiam para pressionar o adversário. Entramos, então, no setor mais visado da atividade: a dupla Diego e Conca.

Segunda formação: o 4-2-3-1 clássico

Inicialmente, Diego começou pela esquerda e Conca pela direita. Mas em cinco minutos inverteram. A troca de posições foi farta durante a atividade. Se um zagueiro acompanhava o camisa 35 individualmente, por exemplo, se confundia ao vê-lo recuar, ajudar na marcação e sair da direita para a esquerda. Diego, de volta da lesão contra o Botafogo, mostrou estar muito bem condicionado: o ritmo foi intenso durante os trinta minutos em que esteve em campo. Correu, marcou, buscou tabelas e aproximou de Damião. Errou o tempo de bola por algumas vezes, algo natural pelo tempo parado. Mas, fisicamente, está apto. O que não parece ser o caso de Conca.

O argentino mostrou dificuldades para correr, resultado do longo tempo parado. Conca buscou toques rápidos. Recebia a bola, passava rápido. Mas estava ainda deslocado, tentando achar espaço e ritmo em campo. Por vezes voltou até antes do meio de campo, pela direita, para buscar a bola com Romulo e tentar criar jogadas. Ainda é difícil o retorno em uma partida pegada como as do Campeonato Brasileiro, por exemplo. A impressão é de que será presa fácil da marcação até retomar sua condição física. Por isso, deve ser mais fácil retornar aos campos aos poucos. Talvez em vitória construída por placar largo, aos 30 minutos do segundo tempo. E assim somar minutos, aumentar a intensidade a cada treino e jogo. Treino é treino, jogo-treino é jogo-treino e jogo é jogo. Por enquanto, pensá-lo no time titular é quase impossível. Mas o 4-3-2-1, com dois meias, agradou.

No segundo tempo, meia atua centralizado

Após breves minutos, os times voltaram a campo para a segunda etapa no Ninho do Urubu. Zé Ricardo fez três modificações. Renê, Diego e Damião deixaram o jogo-treino para as entradas de Cafu, Matheus Sávio e Vizeu. O time se acomodou no seu confortável 4-2-3-1, com Cafu na lateral esquerda, Romulo de primeiro volante, Ronaldo de segundo. Na frente, Mancuello retomou a posição de início de temporada, na ponta direita, Conca ficou centralizado e Matheus Sávio pela esquerda. Houve mais dificuldades. A troca de passes do primeiro tempo diminuiu. E Conca, talvez já com o desgaste físico, apareceu menos. Foi um time mais lento, menos intenso. E o jogo, claro, buscou mais os pontas.

A terceira formação: 4-1-4-1 com garotos

Mas Mancuello não é ponta de origem. Caiu mais do lado para o centro, tentando o arremate e o diálogo com Conca. Funcionou pouco. Em uma subida ao ataque, Romulo bateu cruzado da esquerda e Vizeu escorou para o gol na segunda trave. Este, um ponto positivo. O centroavante da base mostrou ser muito mais participativo do que Leandro Damião. A maior mobilidade permitiu as infiltrações de Matheus Sávio, por exemplo, no confundir da marcação do Mesquita. Antes do fim da segunda etapa, Zé Ricardo mudou mais três vezes. Saíram Ronaldo, Mancuelo e Conca com 17 minutos de bola rolando. Entraram Vinicius Junior, Lucas Paquetá e Adryan. Um ataque dos garotos já alçados aos profissionais.

Pareceu indicar um 4-1-4-1, com Romulo na posição de volante atrás do bloco de quatro jogadores à frente: Lucas Paquetá, Adryan, Matheus Sávio e Vinicius Junior. Os dois primeiros revezavam as subidas ao ataque pelo lado direito. Matheus Sávio, por vezes, recuava um pouco para tentar tabelas com avanços pelos lados. Em um desses, ele achou Adryan entrando pela na área no lado esquerdo. A batida rasteira deixou o placar em 3 a 1 – à essa altura, o Mesquita fizera seu gol de honra em um chute dado de fora da área e desviado pelo atacante, de costas para o gol.

No último tempo da atividade, Zé escalou diversos jogadores da base e mesclou com as revelações entre os profissionais. A última meia-hora de jogo teve a seguinte escalação: Cesar; Wesley, Marquinhos, Patrick e Cafu; Gabriel, Matheus Sávio e Lucas Paquetá; Adryan, Vizeu e Vinicius Junior. A seis minutos do fim, Adryan aproveitou falha do goleiro em lançamento para a área, dominou e finalizou o placar em 4 a 1. Um bom aproveitamento diante de um rival muito fraco. Em meio às recuperações de Diego e Romulo, por exemplo, ficou bem claro: Conca ainda depende de tempo e evolução para, de fato, ser um reforço ao time rubro-negro.

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