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A alegria da bola

Neymar Ronaldinho Flamengo Santos 2011

(Flamengo / Divulgação)

Neymar Ronaldinho Flamengo Santos 2011

(Flamengo / Divulgação)

Há dez anos….

Há muito tempo ela não estava assim tão empolgada. Quantas saudades tinha de encontrar tantos craques ao mesmo tempo. O Santos de Neymar, o craque da nova geração. O Flamengo de Ronaldinho, o craque da última geração. Já com os times perfilados ela observou que outros estavam ali para o grande baile. Elano, Thiago Neves, Ibson, Léo Moura. Feliz, ela sorriu. E posicionou-se no centro do gramado, pronta. A bola estava ansiosa pelo primeiro toque.

Pois nem bem ela rolou e viajou do pé de Elano, num voo suave, para encontrar Borges. Mansamente, foi tocada com categoria para o fundo do gol. Acostumada que estava com tantos pernas de pau por aí, ela estranhou. “Mas já?”, perguntou. Eram apenas quatro minutos e o Santos estava na frente. Feliz com o fino trato, posicionou-se de novo no meio do gramado. E rapidamente já estava nos pés de Ronaldinho, carregada com carinho e fintando os pés adversários que, em vão, tentavam tirá-la do camisa 10 rubro-negro.

Foi, então, que ela se acostumou a ver mais os pés santistas. Recebeu o toque suave de Ganso e, de novo, estava na cara do gol com Borges para abraçar novamente as redes. Lá estava ela de novo no centro. E rolou de novo. De repente, passou para os pés de Neymar e, com eles, pareceu flutuar. Ziguezagueando, passou pelos meios das canelas de Angelim antes de pular sobre Felipe e abraçar o gol. Que noite! Mas não ficou por aí, não. Mais um pouco e Ronaldinho a quis de volta. Com o toque simples, deixou-a novamente nas redes. Mas do outro lado.

Estranhou, no entanto, que rolava macia, de pé em pé, num bom gramado, sem aquele apito estridente paralisando o jogo minuto a minuto. Sentia-se como nos velhos tempos. Ali mesmo na Vila lembrava dos toques mágicos de Pelé, do fino trato de Pepe. Mergulho tão fundo nas lembranças que só se deu conta que encontrara a cabeça de Thiago Neves no último instante para, novamente, adormecer nas redes do outro lado. Cinco vezes em 35 minutos. Incrível. E lá estava ela postada novamente, mas dessa vez na marca da cal.

Tremeu toda, sentindo o bico de Elano. Mas foi suave e dessa vez parou em mãos. Foi, por duas vezes, razão de um deboche. Desde o toque do camisa 8 santista às embaixadas do goleiro Felipe. Riu das brincadeiras. Estava leve, solta. Feliz. Como há muito não estava. Por isso novamente se perdeu no tempo e só se viu dentro das redes depois da cabeçada de Deivid. Cansada, agradeceu aos céus pelo intervalo. Relaxou. Mas de repente lá estava novamente voando nos pés do garoto prodígio santista e mergulhando rumo ao gol. Àquela altura, a pelota já estava acostumada a voltar ao centro do gramado. Era a sétima vez na noite. Mas algo lhe dizia que haveria mais.

Ronaldinho, seu velho conhecido, a colocou estática na frente do gol e da barreira. Trêmula, olhou para os jogadores à sua frente e para o alto do gol. Iria por cima, sem dúvidas. Mas até ela conseguiu ser surpreendida pelo craque. E na batida seca, correu pelo gramado, por baixo, rumo ao gol adversário. Estupefata, se atirou as redes e achou que uma noite daquelas merecia um vencedor. Deixaria entregar-se, então, ao próximo que a tratasse tão bem.

Foi então que Thiago Neves novamente a rolou pelo gramado, suave, pelo lado esquerdo. Lá estava Ronaldinho, fulminante como nos velhos tempos, com o domínio preciso e a batida no campo. Feliz, ela correu rumo às redes santistas e deu-se por satisfeita. Novamente, ela vira história. Novamente, entrara no gol por tantas vezes. Nove, para ser exata. Novamente, via o motivo de futebol ser chamado de arte. Sorridente, comemorou o apito do árbitro. Estava cansada, exausta de tanto trabalho. Mas, acima de tudo, alegre.

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