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A normalidade da taça: Flamengo histórico supera Flu sem susto e leva nono trofeu

Diego Flamengo taça trofeu Campeonato Carioca 2021

(Alexandre Vidal / Flamengo)

Gabigol Flamengo gol final Fla-Flu 2021 Campeonato Carioca

(Alexandre Vidal / Flamengo)

A cena rotineira certamente faz com que torcedores sejam absorvidos pelo transe de uma era de vitórias e percam a capacidade de dimensionar. Nove exercícios de levantar de taças em 29 meses. Média de um novo troféu na galeria em pouco mais de três meses desde o início de 2019. Não é normal. Não é regra. É exceção. Que perdura. Que se eterniza. E com absoluta normalidade. Espanta. O Flamengo conquistou mais um campeonato desta maneira. Não houve muita dúvida na noite deste sábado, no Maracanã, que o vencedor seria o lado rubro-negro sobre o tricolor. O 3 a 1 apenas confirmou o que se previa desde o início do Carioca. A confirmação do título. A rotina. Não é normal. Mas é natural.

A naturalidade se impõe primeiro com a capacidade técnica. Obviamente que o Flamengo tem elenco muito superior ao Fluminense. Em seguida taticamente. Até mesmo por ter grande parte dos jogadores em convívio dentro e fora do campo há ao menos dois anos. Funciona melhor. Sabe mais facilmente sair de problemas. E, por último, mentalmente. Não duvida da própria capacidade para atingir o objetivo final. Está ali, próximo. Rogério Ceni escalou o que tinha de melhor. E possível. Diego Alves mais uma vez fora, o time voltou a campo com o 4-4-2 usual, Diego como primeiro volante, Gerson mais afundado por dentro, Arrascaeta e Bruno Henrique alternando entre esquerda e o mais próximo a Gabigol. Everton Ribeiro à direita.

Flamengo no início: enorme movimentação ofensiva, muito superior

O Flamengo se impõe com facilidade, ocupa o campo ofensivo, troca bolas para sufocar o rival e tentar dar o bote. O porém: está longe da letalidade do auge que a equipe apresentou, especialmente em 2019 e no início de 2020. Ficou claro no primeiro jogo. Mas há sempre um risco. A fórmula mais eficaz para tentar criar dificuldades e tornar o jogo rubro-negro desconfortável é marcar a sua saída. A ideia de Rogério Ceni de escalar Willian Arão passa pela melhor passe. Roger Machado preparou o Fluminense no 4-2-3-1 usual. Nos minutos, literalmente, iniciais o Fluminense tentou a estratégia. E foi só. Rapidamente se retraiu ao 4-4-2, Fred e Nenê à frente. E aceitou as investidas rubro-negras como quem entedia que não tinha condições de competir desta vez.

Flu no início: retraído, praticamente resignado a ser coadjuvante

Erro crasso. Pois o Flamengo se fartou. Alugou o campo rival e tratou de trocar posições com maestria no ataque. Arrascaeta da esquerda à direita, passando pelo centro. Gabigol do centro à direita e esquerda. Tudo sincronizado, estudado. Os espaços se abriam, principalmente com a falta de capacidade tricolor de combater o meio, problema recorrente e que já cobrou seu preço na Libertadores. Martinelli e, principalmente, Yago têm dificuldades em controlar minimamente o setor. Mesmo em uma noite tecnicamente ruim, Gerson conseguia carimbar as bolas. E Gabigol soube aproveitar para mostrar como é mais completo. Dá passos para trás e Arrascaeta infiltra, por trás da defesa. Assim achou passe milimétrico para um atabalhoado Marcos Felipe atropelar o uruguaio. A batida de pênalti foi com a categoria de sempre. 1 a 0.

O tocar de bola rápido, com movimentação, mostrava o quão inerte estava o Fluminense. Gabigol fugia da direita para cair às costas de Calegari com constância. Em bloco, o Flamengo atacava com Filipe Luís, Gerson, Arrascaeta, Everton Ribeiro. E pouco ou nada era combatido. Kayky e Luiz Henrique alternavam os lados. De nada adiantava. Isla, ao contrário do primeiro jogo, quando ficou mais postado para evitar avanços de Gabriel Teixeira, avançou para preocupar Danilo Barcelos o suficiente. Por três vezes o time de Ceni ensaiou o segundo gol, tamanho volume que tinha. Gabigol bateu forte para defesa firme de Marcos Felipe em uma, bateu cruzado e mal em outra e tentou o cruzamento para Bruno Henrique em outra, que acabou derrubado por Danilo Barcelos. Jogada recorrente. Foi o retrato do primeiro tempo: o Flamengo avançava, o Fluminense dava espaço para a troca de passes e arremate. Filipe Luís achou Gabigol pela esquerda. Chute forte, cruzado. Marcos Felipe aceitou. 2 a 0.

O título estava basicamente sacramentado. Por mais que Roger tenha recorrido às soluções óbvias em massa do segundo tempo, com Cazares na vaga de Nenê, Gabriel Teixeira na de Kayky e Caio Paulista na de Luiz Henrique, o Fluminense apenas se posicionou mais à frente. O pênalti cometido por Rodrigo Caio – novamente sem tempo de bola após voltar de longo período inativo – e bem convertido por Fred pode até ter colocado molho no jogo, na esperança de tricolores. Mas na realidade o Flamengo administrava o ritmo da partida como desejava. Mesmo com o Tricolor mais avançado em busca do empate, ainda atacava em bloco, aproveitando ainda mais a faixa entre defesa e meio de campo, com tranquilidade para o passeio de Gabigol, Arrascaeta e Everton Ribeiro pelo setor. Filipe Luís, com maestra, não tomou conhecimento dos adversários. Falso lento, se atencipava às jogadas com ótima leitura de jogo e construía lances por dentro. Apareceu até na área, em belo chute defendido por Marcos Felipe.

Fla ao fim: sem Gabigol e Arrascaeta, mas aposta alta deu certo

Caracterizado pela ousadia, Rogério Ceni mesmo em um jogo aparentemente tranquilo arriscou. Sacou Arrascaeta – este, sim, já sem condições físicas de seguir – e Gabigol, ainda combativo e elétrico, para pôr Vitinho e Pedro. Risco porque o Camisa 9, em mais uma noite inspirada, seria trunfo importante em uma improvável decisão por pênaltis. Gerson, em jogo abaixo, deu lugar ao vigor de João Gomes por dentro. Roger àquela altura já colocara em campo Abel Hernández e Bobadilla, com Cazares mais atrás para abastecê-los no jogo aéreo, em busca da decantada e justificada fragilidade da defesa rubro-negra. Não foi o que ocorreu. Minutos depois, o Flamengo mostrou toda a superioridade em um lance só. Técnica, tática, física e mental. Pedro dominou no centro, girou, tocou em Vitinho, recebeu de volta, bateu rasteiro e contou com o rebote de Marcos Felipe. João Gomes, inteiro, chegou para tocar para rede e confirmar o óbvio. Pela terceira vez consecutiva o título carioca era rubro-negro. 3 a 1.

Ao fim, um Tricolor com dois centroavantes em busca do empate

A conquista de uma taça com tranquilidade assustadora. Pois vejamos: o Flamengo no primeiro tempo atingiu 74% de posse de bola, teve oito finalizações* contra nenhuma do adversário e desceu para o vestiário com 2 a 0. Tem em Gabigol uma explosão aos 24 anos, ocupa o campo rival. E não um rival qualquer. Por mais que exista atualmente uma enorme diferença, do outro lado do campo estava o Fluminense. Quinto colocado do último Campeonato Brasileiro, integrante da atual Libertadores, que segurou o River Plate no Maracanã e disputa uma vaga nas oitavas de final. Tem jogadores experientes. É rival tradicional. Há problemas a corrigir, como a defesa instável, há problemas que podem aparecer – como convocações e possíveis saídas de jogadores negociados. Mas há, antes de tudo, um trabalho em construção há quase sete meses que já empilhou três títulos à galeria do clube. Este Flamengo histórico que iniciou sua jornada em 2019 levanta um trofeu a cada três meses. Tornou rotineiro o exercício da vitória. Por mais que se deboche é preciso, mesmo, que o torcedor desfrute. É exceção, não regra. Uma hora vai passar. Não foi, no entanto, por agora. Mais uma taça foi levantada. A nona em 29 meses. A normalidade deste Flamengo com isso assusta.

*Números do app SoFa Score

FICHA TÉCNICA
FLAMENGO 3X1 FLUMINENSE

Local: Maracanã
Data: 22 de maio de 2021
Árbitro: Bruno Arleu de Araújo (RJ – Fifa)
VAR: Carlos Eduardo Nunes Braga (RJ)
Público e renda: portões fechados
Cartões amarelos: Rodrigo Caio, Bruno Henrique (FLA) e Danilo Barcelos, Marcos Felipe, Fred, Nino, Luccas Claro (FLU)
Gols: Gabigol (FLA), aos 44 minutos e aos 46 minutos do primeiro tempo; Fred (FLU), aos seis minutos e João Gomes (FLA), aos 41 minutos do segundo tempo

FLAMENGO: Gabriel Batista, Isla (Matheuzinho, 40’/2T), Willian Arão, Rodrigo Caio e Filipe Luís; Diego (Hugo Moura, 43’/2T), Gerson (João Gomes, 40’/2T), Arrascaeta (Vitinho, 35’/2T) e Everton Ribeiro; Bruno Henrique e Gabigol (Pedro, 35’/2T)
Técnico: Rogério Ceni

FLUMINENSE: Marcos Felipe, Calegari, Nino, Luccas Claro e Danilo Barcelos; Martinelli e Yago (Abel Hernández, 36’/2T); Kayky (Caio Paulista / Intervalo), Nenê (Cazares, 23’/2T) e Luiz Henrique (Gabriel Teixeira / Intervalo); Fred (Bobadilla, 36’/2T)
Técnico: Roger Machado

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