Fluminense Maracanã Carioca 2019
A sangria segue: no Carioca, grandes têm prejuízo de 2 mi; Ferj lucra com taxas
01 fevereiro 18:51
Lucas Mineiro Vasco camisa homenagem semifinal Taca Guanabara 2019
Gigante, corajoso e imortal: Vasco é o primeiro finalista da Taça Guanabara
14 fevereiro 01:29

Alma lavada: sob dilúvio, Botafogo tira invencibilidade de Defensa y Justicia

Erik Botafogo gol Defensa y Justicia

(Twitter / Botafogo FR)

Erik Botafogo gol Defensa y Justicia

(Twitter / Botafogo FR)

Antes de mais nada é preciso ressaltar a eficiência da drenagem do gramado do Estádio Nilton Santos, o Engenhão. O dilúvio que pôs o Rio de Janeiro em estado de crise provavelmente atrasaria – ou cancelaria – a partida entre Botafogo e Defensa y Justicia, pela Copa Sul-Americana em um palco com deficiências técnicas. Nem um, nem outro. O confronto iniciou no horário e houve duelo. Claro, com alguma dificuldade diante da chuva anormal que caía sobre a cidade. O que, de certa maneira, ajudou o Botafogo a controlar o rival – vice-líder do campeonato argentino e invicto por 17 rodadas. O gol de Erik nos acréscimos, com perdão do trocadilho, lavou a alma dos quase dez mil torcedores que de forma até corajosa sentavam na arquibancada sob o toró que abateu a Guanabara. Uma vitória capaz de reviver o Botafogo na temporada.

Botafogo no início: bolas esticadas e criação quase nula

Sim, reviver. Não seria a vitória sobre o Boavista, já com a eliminação precoce da Taça Guanabara nas costas, que faria isso. O primeiro duelo no torneio internacional da temporada reservou um adversário indigesto. Zé Ricardo, ainda sem Leo Valencia, preparou o time em um 4-2-3-1, com Alex Santana e Jean à frente da zaga, que contava com Carli e Gabriel. Rodrigo Pimpão, Luiz Fernando e Erik indicavam a tentativa de surpreender em velocidade o rival argentino em contragolpes. Quase uma admissão de que o Defensa y Justicia, do ex-auxiliar de Jorge Sampaoli, Sebastián Beccacece, tinha mais condições de comandar o jogo. De fato, tinha.

DyJ no início: alternância entre dois e três defensores e chuva como obstáculo

Inicialmente em um 4-1-4-1, o time argentino alternava uma defesa com apenas dois ou três defensores, com o lateral Julio González incorporando-se a Bareiro e Barboza de acordo com a necessidade. Claro, um discípulo de Sampaoli gostaria de manter o jogo vivo, com pressão na saída de bola do Botafogo, muita movimentação e troca de passes. Por alguns minutos, o time argentino tentou impôr seu estilo de jogo. Mas logo percebeu: por mais que a drenagem fosse eficiente, a chuva forte formava poças em alguns locais do campo e o jeito mais lógico de fazer o jogo andar sem grande perigo seria arriscar lançamentos. Muitas bolas longas. Não à toa o Defensa y Justicia tentou o jogo pelo alto 62 vezes.

O Botafogo também apresentava dificuldades. Afinal, apostava em velocistas pelos lados, precisava de campo – tanto no espaço quanto um gramado que permitisse a bola rolar, arteira, pelos lados. A rigor, um bom chute de Marcinho de longe foi o que marcou o primeiro tempo no Nilton Santos. Alex Santana foi bastante acionado pelo meio, cumprindo melhor o iniciar de jogo Alvinegro, diferente da Taça Guanabara quando Jean, solitário, tentava dar sequência aos lances com baixa qualidade técnica no passe. Já ao fim do primeiro tempo, a chuva estiou e o gramado recebeu menos água, consequentemente. Foi visível: o Defensa y Justicia passou a trocar passes com mais facilidade, subir ao ataque em bloco, preparando o segundo tempo.

Ao fim, Erik mais perto do gol e pontas com características distintas

Após o intervalo, Beccacece trocou Blanco por Lisandro Martínez. Zagueiro, ele se posicionava entre a dupla Bareiro e Barboza para abrir o time na saída de jogo. González e Delgado avançavam e o Defensa y Justicia subia ao ataque em bloco, com trocas de passes, rapidamente. O Botafogo retraiu, tentando ser coadjuvante dentro da própria casa. A partida ficou tão à vontade ao time argentino que Beccacece pôs em Matías Rojas, artilheiro da equipe no campeonato nacional. Castro saiu e o time foi ainda mais agudo. Estava disposto a vencer a partida no Engenhão. Mas arriscou pouco para isso. E foi pouco eficiente. Dor de cabeça pela intensa movimentação que deixava dúvidas a zagueiros e volantes, Fernández recebeu ótima bola pela esquerda e bateu forte para ótima defesa de Gatito. A arquibancada chiava. Estava claro quem era superior na partida.

Ao fim, DyJ ao seu estilo em campo menos encharcado: toques e saída rápida

Zé Ricardo tentou responder aos anseios com Bochecha e Leandro Carvalho nas vagas de Kieza – completamente nulo na partida entre os três defensores – e Luiz Fernando, nada inspirado na criação. A arquibancada vaiou. Mais uns minutos e Zé trocou Pimpão por Ferrareis. Erik passou a trocar com Leandro Carvalho, entre a direita e o centro, Ferrareis trouxe outra característica ao lado esquerdo: em vez da vitalidade de Pimpão, um pouco mais de raciocínio. As trocas ao menos recolocaram o Botafogo com algum perigo na partida. Como o Defensa y Justicia se lançava ao ataque com confiança de quem sabia ser melhor no jogo, deixou espaços. Parecia, no entanto, um jogo fadado a um empate. Por mais que tivesse mais a bola, trocasse passes no campo de ataque, a equipe argentina era muito pouco efetiva. Mesmo com 55% de posse*, foram apenas oito finalizações em todo o jogo, uma no gol. Ao Botafogo seria necessárias apenas duas no alvo. A última já nos acréscimos.

Pressionado pela torcida, Gatito lançou bola longa ao campo de ataque. Ferrareis ganhou de cabeça e a bola sobrou limpa para Erik. O corte em Barboza foi desconcertante, mas a finalização….um prêmio aos alvinegros que estiveram no estádio debaixo de um dilúvio. Um golaço, sem chances para Unsain, no ângulo esquerdo do goleiro. Explodir de alegria no Nilton Santos – e o improvável aconteceu. Após o fracasso no Campeonato Carioca, o Botafogo resgatou a fibra de 2017 em competições sul-americanas. Decretou o fim da invencibilidade do Defensa y Justicia e mostrou estar vivo na Sul-Americana. Deu para lavar a alma. Por enquanto.

*Números do app Footstats Premium

FICHA TÉCNICA
BOTAFOGO 1X0 DEFENSA Y JUSTICIA

Local: Estádio Nilton Santos, o Engenhão
Data: 6 de fevereiro de 2019
Árbitro: Esteban Ostojich (ARG)
Público e renda: 9.492 pagantes /10.219 presentes / R$ 211.430,00
Cartões amarelos: Marcinho, Luiz Fernando e Carli (BOT) e Barboza e Lisandro Martínez (DEF)
Gol: Erik (BOT), aos 48 minutos do segundo tempo

BOTAFOGO: Gatito; Marcinho, Carli, Gabriel e Jonathan; Jean; Erik, Alex Santana, Luiz Fernando (Gustavo Bochecha, 28’/2T) e Rodrigo Pimpão (Ferrareis, 33’/2T); Kieza (Leandro Carvalho, 28’/2T)
Técnico: Zé Ricardo

DEFENSA Y JUSTICIA: Unsain; Julio González, Bareiro, Barboza e Delgado; Leonel Miranda; Rius, Blanco (Lisandro Martínez / Intervalo), Alexis Castro (Matías Rojas, 15’/2T) e Aliseda; Nicolás Fernández (Fernando Márquez, 33’/2T)
Técnico: Sebastián Beccacece

Os comentários estão encerrados.