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Ao abdicar do jogo ofensivo, Flu entrega também dois pontos ao Bahia em Salvador

Gustavo Scarpa Bahia Fluminense 2017

Gustavo Scarpa Bahia Fluminense 2017

31%, de acordo com o site Footstats, foi o percentual de posse de bola do Fluminense no empate em 1 a 1 com o Bahia na Fonte Nova. É comum que o Tricolor tenha menos a bola do que os adversários. Faz parte de uma estratégia de jogo. Procura explorar a velocidade, o contra-ataque fulminante. Neste domingo, nem tanto. Em Salvador, Abel Braga exagerou no recuo da equipe para administrar a vantagem em um jogo no qual era, desde o início, nitidamente inferior. Arriscou e perdeu dois pontos ao sofrer o empate a minutos do fim. Nem tanto ao ataque, nem tanto à defesa.

Sem Léo, em negociações para se transferir ao futebol italiano, Richarlison, suspenso, e Wendel, lesionado, Abel preferiu não mexer tanto na estrutura tricolor. Manteve a equipe em um 4-2-3-1, com Scarpa centralizado, Calazans na esquerda e Wellington na direita. Era claro. Chamar o Bahia, ceder campo e disparar com os velocistas pelos lados. O problema, mesmo, foi a saída de bola. Wendel faz isso com muita qualidade, tem sido a mola da equipe tricolor. Após o período europeu no Samorin, Abel lançou mão do garoto Marlon Freitas. É mais lento, de passadas mais largas, embora com qualidade no passe. Óbvio que o jogo tricolor sentiu.

Flu no início: aposta em pontas rápidos

O Bahia alugou o campo com seu esquema recheado de jogadores de meio de campo. Vinicius, Zé Rafael, Mateus Sales e Renê Júnior giravam a bola. Mas para atacar em bloco faltava o apoio dos laterais, Armero pela esquerda e Eduardo pela direita. Duas armas boas ao ataque que evitavam subir em conjunto por conta dos pontas tricolores. Na verdade, o Fluminense não subia tanto. Só que tem gosto pelo gol em 2017. Costuma aproveitar as suas chances. Com apenas 12 minutos, Lucas aproveitou erro da saída de bola e cruzou para Dourado. De letra, ele tentou o arremate e a bola se ofereceu a Wellington, no meio da pequena área, com gol aberto. 1 a 0.

Seria o jogo desejado pelo Fluminense. Seria, caso o time não tivesse abandonado de vez qualquer vocação ofensiva, uma contradição com toda sua história em 2017. Um Fluminense até estranho, muito rebatedor de bolas alçadas na área, sem esticar o contra-ataque. Claro, a falta de Wendel era muito sentida, até para acelerar o jogo pelo meio e dialogar com Scarpa. Era um Fluminense não bloqueado de suas ações ofensivas. Estava claramente envolvido pelo jogo do Bahia, que alternava entre os lados e tentava utilizar velocidade quando se aproximava da área, principalmente com Mendoza. Ciscador, o atacante colombiano perdeu a chance mais clara do primeiro tempo, ao tocar de cabeça para fora, sozinho e com o gol aberto, um cruzamento de Vinicius pela esquerda.

Ao fim: postura defensiva assumida

Foram 11 finalizações do Bahia no primeiro tempo contra apenas duas do Fluminense. Um duelo desigual, mas que era decidido, no frigir dos ovos, pela incompetência do Bahia em transformar o volume apresentado em campo. Jorginho tentou melhorar a finalização ao sacar Vinicius no intervalo para a entrada de Rodrigão, centroavante. Um norte ao time que arriscava de longe, chutava, mas perdia boas oportunidades de gol. O Fluminense estava ainda mais encolhido. Mas ainda tinha força para combater o Bahia pelos lados, com boas participações de Wellington pela direita e Calazans na esquerda. O time se fechou em um 4-4-2 e parecia esperar o toque de bola do Bahia confiando no gol de vantagem. Não deu.

É contar demais com a incompetência do adversário ao ceder tanto campo. Quando o trio de ataque tricolor acabou trocado, o time perdeu forças. Maranhão e Marcos Junior não conseguiam conter Eduardo e Mendoza, agora improvisado de lateral-esquerdo, já que Jorginho enchera o time de atacantes na esperança de empatar o jogo. A posse de bola batia nos 70%, o jogo girava apenas nos pés dos jogadores do Bahia. O chute de João Paulo, a sete minutos do fim, foi um castigo esperado ao Fluminense. 1 a 1.

É, também, um problema de ter um elenco na conta do chá e fazer improvisações com jovens revelações para montar uma equipe competitiva. Marlon Freitas fez seu primeiro jogo entre os profissionais. Maranhão sempre mostrou pouca qualidade quando entrou na equipe tricolor. Um preço amargo a ser caro com a situação econômica difícil. A campanha do Fluminense é digna diante dos entraves. Mas convém ao time não abdicar do jogo tão cedo em nome de um gol. São 82 gols marcados em 43 jogos na temporada. Número alto. Mas, também, foram 55 tentos sofridos. Terceiro empate seguido. Mas, desta vez, a postura da equipe é que tomou dois pontos na tabela.

FICHA TÉCNICA
BAHIA 1X1 FLUMINENSE

Local: Fonte Nova, em Salvador
Data: 9 de julho de 2017
Horário: 21h45
Árbitro: Flavio Rodrigues de Souza (SP)
Público e renda: 18.267 pagantes / R$ 427.932,50
Cartões Amarelos: Henrique Dourado e Marcos Júnior (FLU) e Lucas Fonseca, Armero, Matheus Sales e Eduardo (BAH)
Gols: Wellington (FLU), aos 12 minutos do primeiro tempo e João Paulo (BAH), aos 38 minutos do segundo tempo

BAHIA: Jean; Eduardo, Tiago, Lucas fonseca e Armero (Gustavo Ferrarez, 28’/2T); Mateus Sales, Renê Júnior, Régis, Zé Rafael (João Paulo, 35’/2T) e Vinicius (Rodrigão / Intervalo); Mendonza

FLUMINENSE: Julio Cesar; Lucas, Reginaldo, Henrique e Mascarenhas; Orejuela e Marlon Freitas; Wellington (Marcos Junior, 18’/2T), Gustavo Scarpa e Marquinhos Calazans (Maranhão, 28’/2T);Henrique Dourado (Pedro, 23’/2T)
Técnico: Abel Braga

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