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Atormentado por fantasmas, Zé Ricardo permite ao Vasco ser engolido pelo Bahia

Wellington Vasco 2018

(Flickr / Vasco)

Zé Ricardo Vasco 2018

(Flickr / Vasco)

Desde que viu o título carioca escorrer pelas mãos nos últimos segundos diante do Botafogo, o Vasco parece atordoado. Tem breves bons momentos em meio a jogos caóticos. Por vezes consegue forças para superar adversários, como ocorreu diante do América-MG. Mas o panorama ruim embaralhou ideias, retirou certezas e deixou o time parecer um carro desgovernado. Elogiado pelo bom trabalho em 2017, Zé Ricardo parece ter perdido a mão. Encara velhos fantasmas que o atormentaram no Flamengo. De novo, insiste em pecados. E vê mais um trabalho esfarelar diante de suas mãos. A pancada de 3 a 0 sofrida diante do Bahia na Copa do Brasil, em Salvador, representou todo o pacote. O Vasco sofre. Zé Ricardo também.

Bahia de início: ataque em bloco, pressão em cima do Vasco

Eliminado de forma antecipada da Libertadores, não seria difícil imaginar que o Vasco, em grande dificuldade financeira, enxergasse na Copa do Brasil a possibilidade de unir o útil – a incrível premiação – ao agradável – uma conquista esportiva para apaziguar ânimos. Por isso, levar o confronto para São Januário em boas condições seria essencial. Mas o Vasco atual, perdido, parece ter medo. Receio de sofrer de novo. Zé Ricardo traduziu toda essa hesitação do clube ao escalar três zagueiros. Mas não na mesma função. Paulão e Erazo formaram o miolo de zaga enquanto Werley acabou improvisado na lateral direita, desfalcada por Rafael Galhardo, poupado após ter se lesionado no último jogo.

A ideia parecia ser um 4-2-3-1, com Desábato e Wellington à frente da defesa, Pikachu à direita e os garotos Bruno Cosendey e Caio Monteiro, responsáveis pela virada contra o América-MG, completando o meio atrás de Andrés Ríos. Na prática, o Vasco parecia mais em um 4-4-2, sempre recuado, encurralado pelo Bahia. O time de Guto Ferreira, escalado em um 4-2-3-1, deixou claro: aproveitaria os lados. Principalmente o de Henrique, muito solitário sem o apoio de Caio Monteiro na marcação. O Vasco perdia, na verdade, por todos os lados. O Bahia subia em bloco, muito adiantado. Vinicius pelo meio, Elber à direita, Zé Rafael à esquerda, com apoio dos volantes, como Elton, e principalmente João Pedro, pela direita. Foi um baile. O Bahia achava espaços. O Vasco não sabia como tapá-los.

Vasco no inicio: recuado, com espaços e presa fácil

Desábato e Wellington não protegiam a defesa e deixavam espaços às costas. Vinicius aparecia por ali e as tabelas com Elber e João Pedro saíam facilmente. Era fácil demais. Com 18 minutos, Zé Rafael apareceu nesta faixa vazia e bateu no ângulo de Martín Silva. 1 a 0. O Vasco ficou ainda mais atordoado. Estava claro que precisava ser remediado, mais estruturado, menos encurralado. O time apenas assistiu, como Zé Ricardo. Werley, sem o menor cacoete, tentava avançar para dialogar com Pikachu. Mas logo Zé Rafael era lançado às suas costas. Um leve desespero que deixava tudo desorganizado. De novo, foi fácil para o Bahia ampliar a 2 a 0 com falta lançada à área. Edigar Junio descolou de Desábato e os outros três zagueiros não acompanharam. Observado por Werley, tocou ao fundo da rede para fazer o segundo gol.

Bahia ao fim: um pouco menos avançado, mas ainda dominante

Atônito, Zé Ricardo insistiu nos erros que minaram seu trabalho no Flamengo. Manter veteranos que não rendem e têm cada vez mais a relação com a arquibancada desgastada em vez de oxigenar o Vasco. Cosendey teve apenas 30 minutos de jogo. Acabou sacado para a entrada de Wagner. Uma medida de desespero. Um insistir em erro, rechear ainda mais o time de veteranos para segurar o ímpeto rival. O time pareceu tentar um 4-1-4-1 para retomar o meio e bloquear os lados. Um respiro, um alívio. Não conseguiu. Continuava com espaços, sempre na esquerda de sua defesa. Paulão salvou chute de Elber em cima da linha e o Vasco agradeceu aos céus por ir ao intervalo com apenas dois gols em desvantagem. Seria uma chance de uma mudança profunda para salvar o primeiro tempo trágico. Não houve.

Ao fim, Vasco tentando manter a dignidade, mas ainda dominado

Zé Ricardo manteve a mesma estrutura. O Bahia, claro, manteve o mesmo ímpeto. Jogo acelerado pelos lados, espaço ao meio. Chegou ao terceiro com quatro minutos, após roubada de bola de Zé Rafael, que serviu Vinicius, batendo colocado no ângulo esquerdo de Martín Silva. O jogo tinha acabado e o restante seria apenas uma formalidade. Travado, Zé Ricardo tentou modificar o time apenas na reta final do jogo. Werley, um erro ao ser improvisado, foi substituído por Kelvin. Pikachu recuou à lateral e o time continuou no 4-1-4-1. Apenas a seis minutos do fim Caio Monteiro, deficiente na marcação, acabou trocado por Andrey. Wagner, imerso na desorganização e com pouca ajuda pelo meio, passou ao lado esquerdo. O Bahia diminui o ímpeto e pareceu satisfeito com a vantagem adquirida.

Cabe a Zé Ricardo refundar seu trabalho em São Januário. O filme se repete. Uma fórmula que sofreu um baque e se desintegra a cada jogo. Em Salvador, o time teve apenas 38% de posse de bola e permitiu 21 finalizações do Bahia em toda a partida. Grogue, o time apanha sem saber como reagir. O momento é de oxigenar, se possível com reforços. Mas os garotos devem ser alternativa. O Vasco de 2018, com 43 gols sofridos em 27 jogos, não apresenta consistência defensiva, característica marcante de Zé Ricardo. Claro, o trabalho esfarela. Os erros se repetem. Zé Ricardo deve agir. Não pode errar tanto atormentado por fantasmas do passado. Pelo Vasco e por sua carreira.

FICHA TÉCNICA
BAHIA 3X0 VASCO

Local: Fonte Nova
Data: 09 de maio de 2017
Horário: 19h
Árbitro: Vinicius Gonçalves Dias de Araújo
Público e renda: 13.447 pagantes / 13.560 presentes / R$ 255.596,00
Cartões Amarelos: Léo e João Pedro (BAH) e Wagner e Kelvin (VAS)
Gols: Zé Rafael (BAH), aos 18 minutos, Edigar Junio (BAH), aos 25 minutos do primeiro tempo e Vinicius (BAH), aos quatro minutos do segundo tempo

BAHIA: Douglas Friedrich; João Pedro, Everson, Lucas Fonseca e Léo; Gregore e Elton; Elber (Allione, 23’/2T), Vinicius (Régis, 33’/2T) e Zé Rafael; Edigar Junio (Kayke, 38’2T)

VASCO: Martín Silva; Werley (Kelvin, 27’/2T), Paulão e Henrique; Desábato e Wellington; Yago Pikachu, Bruno Cosendey (Wagner, 30’/1T) e Caio Monteiro (Andrey, 39’/2T); Andrés Ríos
Técnico: Zé Ricardo

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