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Cheirinho mais forte: Fla chega ao Brasileiro melhor preparado do que em 2016

Provável que quem se aborreceu em 2016 com a divertida brincadeira do “cheirinho” da torcida rubro-negra tenha motivos para se irritar de novo em 2017. O Flamengo entra no Campeonato Brasileiro deste ano da mesma maneira que deixou a última edição: como postulante ao título. Se por um lado o elenco parece estar melhor preparado, por outro a pressão pela conquista será mais elevada. Natural. Desde que a gestão Bandeira de Mello assumiu o clube, a escalada é gradual. Atualmente, o Flamengo tem estrutura e grupo qualificado para acompanhar a batida de 38 rodadas.

O trabalho do técnico Zé Ricardo, com quase um ano de duração, é pilar importante na disputa pelo hepta. Zé, hoje, é um técnico diferente. Não precisa com tanta urgência dos resultados para permanecer no cargo. Ousa, arrisca e conhece bem o elenco. Há confiança interna, da arquibancada e da crítica. Encorpada com a conquista recente do Campeonato Carioca, seu primeiro título entre os profissionais. Aos 45 anos, Zé Ricardo mostra um trabalho consistente, com um Flamengo linear e dono de um caráter fundamental em uma competição de pontos corridos: dificilmente é derrotado e o bom desempenho tem sido regular. Neste ano tem 74% de aproveitamento em 26 jogos, com 52 gols marcados e 17 sofridos. Desde outubro, quando acabou batido pelo Internacional por 2 a 1, no Beira-Rio, o time somou apenas mais duas derrotas, fora de casa, por um gol, diante de Atlético-PR e Universidad Católica, ambas neste ano.

Com um técnico mais confiante no cargo, as vantagens para disputar a competição e se adaptar aos adversários apareceram. Em 2016, o Flamengo era competitivo, mas acabou até certo ponto previsível na reta final da competição. Era o time dos pontas. 4-2-3-1, com Gabriel na direita e Everton na esquerda. Havia poucas peças para substituí-los e pouco tempo para tramar novas ideias e pô-las em prática. O contrário desta temporada, quando Zé iniciou o ano no cargo. Houve contratempos. Diego lesionou o joelho direito e está em fase final de recuperação. Deve estrear em poucas rodadas na maior competição nacional. Mas mesmo sem ele o Flamengo encarou seu período mais duro em 2017 com variação. Uma prova do amadurecimento do trabalho.

Ainda com Diego, Zé Ricardo apostou em um 4-4-2, com o meia mais à frente, ao lado de Guerrero. Sem o jogador, ele se viu forçado a abrir o leque, já que espelhar o papel de meia centralizado é difícil. 4-1-4-1, com Romulo e Arão avançados, como meio campistas. Trauco deixou a lateral e também foi para o meio. Berrío ocupou a faixa da direita nos Fla-Flus decisivos do Carioca. Rodinei também foi utilizado por ali. Tudo com a característica de posse de bola, troca de passes, girar o jogo e dominar o rival. Não há atualmente como prever a escalação do Flamengo com exatidão. 4-2-3-1, 4-1-4-1, 4-4-2. As opções cresceram, o jogo do Flamengo também. E as individualidades apareceram ainda mais.

Com Diego, Fla caminhava para um 4-4-2

Diego já vivia boa fase até se lesionar, mas Guerrero vive seu melhor momento com a camisa 9 desde que chegou ao clube, em meados de 2015. Faz o pivô, dá assistências e mostra faro artilheiro. Dedica-se de forma impressionante e tem sido decisivo. Consequência direta de uma equipe que encontrou várias maneiras de jogar para aproveitar o potencial do atacante peruano. Parte de um leque que pode, ainda, aumentar. Conca, também em fase final de recuperação de uma lesão no joelho, é reforço certo. Ederson acaba de retornar aos campos. E o clube vislumbra a contratação do meia-atacante Everton Ribeiro. Reforço que certamente assumiria a faixa direita, podendo revezar o setor com Conca, repetindo a função de Mancuello no início do ano. Problema, dos bons, para Zé. A chegada de um goleiro mais experiente, de bom nível, para competir com Muralha também faria bem ao elenco.

Nem tudo é céu de brigadeiro: a definição do estádio

Fla no 4-1-4-1, sem Diego

Em 2016, o Flamengo se tornou mais previsível ao fim da temporada com seu esquema de pontas, mas, no fundo, houve também outro vilão. O excesso de viagens. Das 36 rodadas, 33 foram disputadas longe do Rio de Janeiro. O desgaste físico era esperado e ficou evidente. Neste ano, o clube tem conseguido disputar partidas no Maracanã. Mas a situação do estádio segue absolutamente indefinida, entre brigas judiciais e possibilidade de uma nova licitação. Não há garantias de que o local seja a casa do Flamengo.

Neste ano, ao menos, o clube trabalhou antes com uma alternativa. Mas a Arena da Ilha do Governador ainda passa por reformas ao custo de R$ 15 milhões. Carece de laudos e de ser testada. A capacidade também joga contra: abrigar a maior torcida do país em cerca de 20.500 lugares é tarefa difícil em uma disputa de título, com boa fase. O regulamento do Brasileiro, no entanto, ainda limita o clube a fazer, literalmente, voos mais longos e mandar jogos em outras praças, como Brasília e Natal. Perda na parte financeira, vantagem na parte física.

Definir a casa, no entanto, é fundamental para o seguimento do campeonato. Com o módulo profissional do Ninho Urubu finalmente inaugurado no fim de 2016, aproveitar o Centro de Excelência em Performance (CEP) com mais tempo de permanência no Rio, é um ganho. Além disso, o envolvimento com torcedores, a criação da atmosfera é necessária em grandes jogos. Repetir a divisão de estádio com rivais diretos pela taça, como houve contra o Palmeiras, em Brasília, em 2016, seria erro primário. No saldo, o Flamengo mira o título. O cheirinho tem tudo para ser mais forte em 2017.

Fla na temporada como mandante:

 

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