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Desconcentrado contra a Chape, Fla mostra sua pior face sob o comando de Rueda

Diego Reinaldo Chapecoense Flamengo 2017 Arena Condá

Everton Ribeiro Chapecoense Flamengo 2017

Elenco poupado e pernas descansadas não são suficientes para apresentar um bom futebol quando o nível de concentração parece ser baixíssimo. Assim, um tanto quanto perdido em campo, o Flamengo teve sua pior partida sob o comando de Reinaldo Rueda no empate sem gols com a Chapecoense, fora de casa, no jogo de ida válido pelas oitavas de final da Copa Sul-Americana. Uma apatia que saltou aos olhos.

Chape no início: saída em contra-ataque

A justificativa de Rueda ao poupar o time na derrota para o Botafogo no domingo, pelo Brasileiro, indicava observação de jogadores, mas também uma prioridade a uma das copas em disputa. Indicaria, também, uma disposição além do comum para buscar o título e, por consequência, desenvolver o jogo no início de trabalho de Rueda com maior minutagem do conjunto. Mas tudo isso requer concentração. Esteve longe de acontecer.

Pois o Flamengo que foi a Chapecó estava completinho, até mesmo com o goleiro Diego Alves. Rueda escolheu o que considera, no momento, seu time ideal. Foi pouco. No 4-2-3-1 de sempre, o time tentou girar a bola, tramar o seu jogo e…se distraía. Passou, por vezes, a imagem de equipe desinteressada no confronto. Bem diferente da atuação de uma semana antes, contra o Cruzeiro, pela Copa do Brasil. Ali trocava passes e passes até achar o mínimo espaço em busca de uma bola enfiada, uma finalização. Nesta quarta, a solução era bola longa.

O vício adquirido com a lesão de Diego durante a Libertadores, fazendo de Guerrero o único ponto de referência, com bolas longas para a ajeitada de pivô, estava de volta. Com os laterais pouco ofensivos à la Rueda, o Flamengo tinha espaço pelos lados para explorar a velocidade de Berrío e Everton. Isso porque a Chape estava também em um 4-2-3-1, mas Apodi e Reinaldo, os laterais, subiam demasiadamente, clamando por cobertura dos volantes, que preferiam manter o meio trancado, principalmente com vigília sobre Diego e atentos às infiltrações de Arão.

Fla no início: lento e pouco concentrado

Era um Flamengo sem criatividade. Diego, em péssima fase técnica, errava tudo que tentava. Passes, viradas de jogo. Não vive bom momento, longe do meia que foi o eixo central contra a mesma Chapecoense na goleada pelo Campeonato Brasileiro. Um time dominante, maas, ironicamente, parecendo desinteressado em seu domínio. Talvez por isso a maior chance no primeiro tempo tenha sido da Chapecoense.

Uma saída rápida com Alan Ruschel pela esquerda, um chute forte rebatido por Diego Alves. A Chape realizava boa marcação pelos centro. Wellington Paulista, geralmente referência, batalhava com Pará ao atacar pelo lado direito. Túlio de Melo era o homem de referência. Por trás dele, Canteros, o volante argentino, com funções mais ofensivas, embora sem cacoete. Tentava apenas fazer a bola andar e ocupar a faixa central. Era pouco. Com quase 60% de insignificante posse de bola rubro-negra, o segundo tempo chegou ao fim.

Para a segunda etapa, Rueda poderia tentar alternativas em seu banco de reservas. Natural até entender que quisesse dar mais jogo ao time que pode jogar a final da Copa do Brasil, sem os reforços que chegaram por último e não puderam ser inscritos. Mas claramente o time precisava de criatividade, se não no lugar de Diego, ao menos alguém para ajudá-lo a produzir. E, além do mais, Diego Alves já estava em campo, fato que esvaziava por si só a tese. Everton Ribeiro era boa solução.

Chape ao fim: muito espaço e time adiantado

Mas por conta de alguma tese ainda não explicada, Rueda insiste em dizer que o meia disputa vaga com Diego, quando o encaixe de ambos é perfeitamente viável. Sem modificações, exceto pela entrada de Vinicius Junior na vaga de Everton ainda no primeiro tempo, o time voltou pior. Mais desconcentrado, mais espaçado. Então a Chapecoense, cansada por viagens ao redor do mundo, em crise no Campeonato Brasileiro e com um técnico interino, foi bem superior. Aproveitou os espaços dados pelo Flamengo e avançou o time.

Era óbvio que os lados eram grandes válvulas de escape do time catarinense. Mas o Flamengo não parecia estar preocupado em neutralizá-las. Tinha a bola, mas não conseguia desenvolver masi grande quantidade de passe. Cuellar, em noite ruim, chegava atrasado em lances de marcação. Emerson Cris, o interino da Chape, sentiu a necessidade de dar velocidade ao jogo.

Sacou Túlio de Melo, centralizou Wellington Paulista e colocou o abusado Penilla em campo, pela esquerda. Ruschel passou à direita e o time passou a acelerar. Rodinei, que tentava subir, passou a ter de vigiar Penilla. De longe, o equatoriano bateu forte, Diego Alves soltou e, no rebote, Reinaldo, sozinho na área, perdeu gol incrível ao chutar para fora. Emerson Cris sentiu o bom momento, tirou Ruschel, cansado, e colocou Luiz Antonio, ex-Flamengo, pelo lado direito. Forçaria pelas pontas, claramente. Quem disse que o Flamengo reagiu?

Fla ao fim: espaçado demais e totalmente desconcentrado

Uma certa apatia envolvia o time rubro-negro, sem poder de organização e gana para responder a Chapecoense. Canteros adiantou-se e passou a armar as jogadas pelo centro, praticamente sem combate. Em uma delas, deixou Penilla na cara de Diego Alves, mas o equatoriano bateu para fora. Ao Flamengo restou apenas uma cabeçada de Réver bem defendida por Jandrei em cobrança de escanteio de Diego. E só. A três minutos do fim, Rueda trocou Diego por Everton Ribeiro. Completamente desantenado do jogo, o camisa 7 só não foi expulso após chutar Reinaldo por benevolência do árbitro. O retrato de um Flamengo perdido.

As estatísticas do site Foostats apontaram um Flamengo com 58% de posse de bola no jogo, mas dez finalizações contra 16 da Chapecoense. Rueda pareceu ter detectado problemas no Flamengo com a entrevista pós-jogo e demonstrou até incômodo ao falar em necessidade de “guerrear”. Uma apatia que não interessa ninguém. O técnico, porém, apresenta também seu próprios problemas. A insistência em um duelo entre Diego e Everton Ribeiro não encontra sentido. Se quiser brigar pelas copas que ainda disputa, o Flamengo, no mínimo, deve entrar interessado e concentrado em seu objetivo nos jogos. Foi um time disperso. Característica incompatível com quem deseja ser campeão.

FICHA TÉCNICA:
CHAPECOENSE 0X0 FLAMENGO

Local: Arena Condá, em Chapecó (SC)
Data: 13 de setembro de 2017
Horário: 19h15
Árbitro: Gery Vargas (BOL)
Público e renda: 9.702 torcedores / R$ 279.770,00
Cartões amarelos: Reinaldo e Fabrício Bruno (CHA) e Guerrero, Cuellar, Réver e Everton Ribeiro (FLA)
Gols:

CHAPECOENSE: Jandrei; Apodi, Douglas Grolli, Fabrício Bruno e Reinaldo; Moisés Ribeiro (Lucas Marques, 42’/2T) e Lucas Mineiro; Wellington Paulista, Canteros e Alan Ruschel (Luiz Antonio, 26’/2T); Túlio de Melo (Penilla, 15’/2T)
Técnico: Emerson Cris

FLAMENGO: Diego Alves; Rodinei, Réver, Juan e Pará; Cuellar e Willian Arão; Berrío (Lucas Paquetá, 34’/2T), Diego (Everton Ribeiro, 42’/2T) e Everton (Vinicius Júnior, 15’/2T); Guerrero
Técnico: Reinaldo Rueda

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