Filipe Luís Luccas Claro Isla
Fluminense abraça coragem e derruba Flamengo a meio-mastro no raiar de 2021
07 janeiro 20:34
Diego Flamengo Athletico
O Flamengo e sua gangorra: Ceni vai mal e time cai diante do Athletico
25 janeiro 01:32

Digitais e risco: Ceni ousa e consegue seu melhor Flamengo contra o Palmeiras

Flamengo Palmerias gol comemoração 2021

(Alexandre Vidal / Flamengo)

(Alexandre Vidal / Flamengo

Desde que chegou ao Flamengo Rogério Ceni tenta se equilibrar entre dois caminhos. Colocar suas digitais na equipe e preservar características vitoriosas de 2019, uma espécie de reverência importante principalmente para consumo externo. Nesta quinta-feira, em Brasília, a balança pendeu mais ao seu gosto. O time em campo respondeu com a melhor atuação sob seu comando e venceu duelo importante no 2 a 0 sobre o Palmeiras. O Flamengo ainda pulsa – e forte – no Brasileiro.

Por dias antes da partida contra o Goiás o tema foi Willian Arão na defesa. De fato, Rogério treinara algumas vezes com o volante na posição. Arão tem boa estatura e bom passe. Essencial para quem deseja se impor em campo. Nas redes, o termômetro de tempos sem arquibancada, a irritação foi imediata. E reveladora: há na cultura do futebol brasileiro a resistência a qualquer tipo de inovação em campo. O apelido jocoso de Professor Pardal é imediato. E, convenhamos, volante como zagueiro está longe de ser novidade. Basta lembrar de Fabinho no Liverpool e Fernandinho no Manchester City, apenas para ficar em exemplos recentes. E Arão foi para a defesa.

Fla no início: três defensores, pressão e time adiantado

Na teoria, o Flamengo entrou em campo no 4-2-3-1, com Arrascaeta mais ao centro por trás de Gabigol, Bruno Henrique e Everton Ribeiro pelos lados. Diego por dentro com Gerson. Na prática, bem diferente. Arão pela direita, Rodrigo Caio por dentro, Filipe Luís à esquerda formavam o trio defensivo quando a posse era rubro-negra. Isla disparava pela direita e jogava quase colado à linha lateral. Bruno Henrique abria muito pela esquerda. Diego se posicionava à frente do trio defensivo, Gerson aproximava de Arrascaeta. E o Flamengo encharcava o campo palmeirense com jogadores, ao mesmo tempo que obrigada o rival a esgarçar seu sistema defensivo para conter os avanços pelos lados. Imposição e boa saída de bola com Rodrigo Caio, Arão e Filipe Luís. Só havia um porém.

Palmeiras no início: retraído, acuado demais diante do adversário

Bem fechado, o Palmeiras convidava o Flamengo para esticar bolas às costas da defesa, preferencialmente pelo lado direito, com Arão e onde Isla estava muito avançado. Seria estratégia efetiva se desse certo com pouco minutos. Passou perto. Invertida para Viña na esquerda, cruzamento rápido que pegou a defesa desarrumada. A bola não foi cortada e só não parou no gol porque Willian errou a finalização – que não era tão fácil, de fato. O jogo, então, se moldou à feição do Flamengo. Saída de três, Filipe Luís bem menos desprotegido como em jogos anteriores e, consequentemente, menos desgastado para fazer o vaivém ao ataque e cruzar bolas da intermediária. Mais pelo chão, mais pressão, mais atitude. O Palmeiras seguiu fechado em uma espécie de 4-4-2. Bola rubro-negra, troca de passes bem rápida, marcação com muita pressão na saída de bola alviverde. O jogo era do Flamengo.

O ritmo intenso, no entanto, teria de resultar em vantagem no placar. Seria impossível manter a alta rotação durante toda a partida. Diego cumpria bem o seu papel como volante. Recebia, tentava acelerar o jogo de forma vertical. Adaptação à necessidade do time. Gerson, mais à frente, pressionava Danilo e Zé Rafael. Arrascaeta, por trás, tinha espaço para criar. Mas o time perdeu duas excelentes chances com Gabigol. O Camisa 9 não jogava mal, ao contrário. De novo muito participativo, explosivo ao seu estilo, um eterno tormento aos defensores. A ajuda de sua pressão na saída de bola é fundamental. Mas seus gols são essenciais. Na primeira chance bate por cima na frente de Weverton. Na segunda tentou cruzar para Arrascaeta quando poderia finalizar. O Flamengo criava, produzia e pressionava. Mas não marcava.

Fla ao fim: mais combativo no meio

Abel Ferreira da beira do gramado mostrava desconforto. Entendia que o time era pressionado além do recomendável. Sem Rony, por opção, tinha em Willian boa válvula de escape. Luiz Adriano era bem marcado por dentro. Gabriel Menino, à direita, tinha dificuldades diante de um Filipe Luís não tão adiantado e com auxílio de Bruno Henrique e Diego. A ideia de Rogerio Ceni era superior e, mais importante, funcionava diante de um grande rival, finalista da Libertadores. Restava o gol. Com tamanho volume de jogo e pressão, o Palmeiras ficou longe de qualquer conforto. Ainda que sua ideia de jogo fosse entregar campo e aproveitar os contragolpes, não haveria como funcionar com tamanho sufoco no próprio campo. O desespero de Kuscevic e Luan no gol contra deixou clara a dificuldade palmeirense. Pressão do Flamengo, bola na área, cercados de jogadores rubro-negros e gol contra. 1 a 0.

Ao fim, Palmeiras mais solto, com jogadores de peso substituídos

Uma vantagem providencial que traçou a estratégia do segundo tempo, unindo o útil ao agradável. Seria, como dito, impossível manter a alta intensidade do primeiro tempo, com pressão contínua no campo de ataque. Ao mesmo tempo, recuar a marcação significaria, também, não dar ao Palmeiras o seu principal ingrediente: espaço para contra-atacar. A rigor, o time de Abel Ferreira teve uma grande chance apenas para empatar o jogo. Jogada de Viña pela esquerda, cruzamento e rebote que caiu à feição de Gabriel Menino, de frente para Hugo. A finalização ruim saiu rasteira, pela linha de fundo. O Flamengo diminuiu o ritmo também da troca de passes. Curtos, mas mais lentos, indo de lado a lado. Teve ainda boas oportunidades com Gustavo Henrique, livre na área, e Bruno Henrique, ao bater bem depois de passe errado de Gustavo Scarpa. Weverton defendeu.

Ceni percebeu o desgaste e trocou de baciada. Renovou o fôlego com Gomes, Pepê, Vitinho e Pedro. Gustavo Henrique já substituíra Rodrigo Caio, lesionado. O time perdeu uma boa função de saída de bola, ficou mais lento, mas com maior pegada. Competitividade, adequada ao momento. Abel respondeu do outro lado ao poupar basicamente todos os jogadores importantes já de olho na Libertadores. Raphael Veiga, Luiz Adriano, Willian, Viña. Todos deixaram o campo. Com um rival enfraquecido, o Flamengo ficou confortável. O belo gol de Pepê apenas confirmou uma vitória que foi construída no primeiro tempo e teve o dedo direto de Rogério Ceni. O técnico ousou e, até agora, conseguiu o seu melhor Flamengo em Brasília. Pôs na rota do título com o bom nível apresentado. O desafio é permanecer nela.

FICHA TÉCNICA
FLAMENGO 2X0 PALMEIRAS

Local: Mané Garrincha, Brasília (DF)
Data: 21 de janeiro de 2020
Árbitro: Savio Pereira Sampaio (DF)
VAR: Caio Max Augusto Vieira (RN)
Público e renda: Portões fechados
Cartões amarelos: Bruno Henrique (FLA) e Raphael Veiga, Luan (PAL)
Gols: Luan (PAL – contra), aos 45 minutos do primeiro tempo e Pepê (FLA), aos 37 minutos do segundo tempo

FLAMENGO: Hugo, Willian Arão, Rodrigo Caio (Gustavo Henrique, 32’/2T) e Filipe Luís; Isla, Diego (Pepê, 29’/2T), Gerson (Vitinho, 30’/2T), Arrascaeta (João Gomes, 17’/2T) e Bruno Henrique; Gabigol (Pedro, 30’/2T)
Técnico: Rogério Ceni

PALMEIRAS: Weverton. Marcos Rocha, Luan, Kuscevic e Viña (Gustavo Scarpa, 21’/2T); Danilo (Gabriel Silva, 40’/2T) e Zé Rafael; Gabriel Menino, Raphael Veiga (Pedro Acácio, 25’/2T) e Willian (Lucas Lima, 21’/2T); Luiz Adriano (Breno Lopes, 21’/2T)
Técnico: Abel Ferreira

Os comentários estão encerrados.