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Dominar não é vencer: a amarga lição do Flamengo na Libertadores

Guerrero Flamengo 2017 Libertadores Universidad Católica

Guerrero arrisca cobrança de falta no primeiro tempo em Santiago

Guerrero Flamengo 2017 Libertadores Universidad Católica

Guerrero arrisca cobrança de falta no primeiro tempo em Santiago: time perdeu boas chances de abrir o placar

Assim que a escalação com Márcio Araújo foi anunciada, as reações nas redes sociais indicavam, em maioria, uma visão da torcida rubro-negra. Zé Ricardo falhara de antemão. O Flamengo chamaria a Universidad Católica. Daria campo. Três volantes. Não foi o que aconteceu, mas o gosto acabou mesmo amargo. A derrota de 1 a 0 em Santiago valeu como uma grande lição para o Flamengo depois da fantasia da estreia, quando goleou o San Lorenzo no Maracanã. Na Libertadores, não vale ser melhor. É preciso definir a partida quando a chance se apresenta.

Fla iniciou a partida com meio cheio

O início comprovou a tese de Zé Ricardo. Um Flamengo bem postado, com o meio de campo recheado, sem espaços. Márcio Araújo fazia o papel de primeiro volante, Rômulo e Arão mais à frente e Everton, à esquerda, voltando para fechar o meio. À frente, Diego e Guerrero soltos. às vezes, cara de um 4-4-1-1. Em outras, um 4-1-4-1. Mas funcionava. O time valorizava o passe, tocava a bola, utilizava sua característica, esfriava qualquer ímpeto da Católica diante de sua torcida. Era melhor, dominava.

Mas não conseguia converter o volume em gol. Ficou, então, suscetível a erros como o recuo bisonho de Rafael Vaz nos pés de Santiago Silva, em lance salvo por Muralha. O jogo era esse. Flamengo com volume. Católica, mesmo mandante, à espera de uma bola em deslize do rival ou tentando cruzamentos na área. Mas quem tem chances, deve finalizar a partida.

O Flamengo não conseguiu. Guerrero triscou a trave em chute de fora da área e quase fez um belo gol de falta, salvo por Toselli. Arão, dentro da área, chutou a bola nas alturas a 13 metros do gol. Everton, também infiltrado na área, tocou bola por cima em outra boa chance. O Flamengo era maduro, seguro na partida. Talvez até demais.

O toque de bola rubro-negro, a falta de pressa para acelerar o jogo com um 0 a 0 no placar indicava uma autossuficência de quem acreditava piamente de que, no fim, venceria. Seria esse o destino. Mas era Libertadores. Zé Ricardo percebeu que o Flamengo apenas cercava e não dava a espetada final. O time era seguro, mas menos agudo. Berrío, então, entrou com 12 minutos do segundo tempo, na vaga de Romulo.

Time com a entrada de Berrío

Parecia uma volta ao 4-2-3-1 de sempre, embora o atacante fechasse bem o lado direito. Bola na direita para a explosão do colombiano. Os rubro-negros tentaram uma, duas, três vezes. Não conseguiram. Com Buonanotte, Fuenzalida pela direita e El Tanque, o Católica dava sinais de que procuraria o jogo diante da pressão de sua gente na arquibancada. Diego acertou a trave em cobrança de falta. Mal sabia ele que seria decisivo do outro lado. No ímpeto de ajudar na marcação, ele cometeu falta desastrada pelo lado esquerdo da defesa. Na bola alçada à área, Santiago Silva se livrou de Berrío, recuou, superou Pará e tocou de cabeça no fundo da rede de Muralha. Certeiro. Que lição. 1 a 0. Foi o sétimo gol sofrido pelo time na temporada, o quarto de cabeça.

A partir daí era um Flamengo que parecia não se lembrar mais como era o sentimento de perder um jogo. A última vez fora em outubro de 2016, diante do Internacional, pelo Brasileiro. A segurança do primeiro tempo, então, se transformou em nervosismo. Zé Ricardo sacou Arão e colocou Leandro Damião para ajudar Guerrero na área. Mas Berrío perdeu as estribeiras. Enroscou-se com Parot na área e empurrou o rosto do rival. O árbitro, de primeira, sacou o vermelho. O Flamengo aprendia com amargor a lição da Libertadores.

O jogo, antes dominado, não fora definido. Uma bola de El Tanque definiu a peleja. No fim do jogo, o time se desorganizou, ofereceu espaços e esteve próximo de levar o segundo gol. Uma bagunça resultado de nervos à flor da pele. De líder, o time rubro-negro saiu da segunda rodada em terceiro lugar. Por um mês, até o próximo jogo, o Flamengo vai se questionar. É um aprendizado. Não há jogo ganho em Libertadores. Nem mesmo quando se é superior.

FICHA TÉCNICA:
UNIVERSIDAD CATÓLICA 1X0 FLAMENGO

Local: San Carlos de Apoquindo, em Santiago, no Chile
Data: 15 de março de 2017
Horário: 21h45
Árbitro: Diego Aro (PER)
Cartões amarelos: Pará e Márcio Araújo (FLA) e Fuentes, Lanaro e Parot (UCA)
Cartão vermelho: Berrío (FLA)
Gol: Santiago Silva (UCA), aos 29 minutos do segundo tempo

UNIVERSIDAD CATÓLICA: Toselli; Espinoza (Álvarez, 34’/2T), Kuscevic, Lanaro e Parot; Fuentes, Kalinski e Buonanotte; Fuenzalida, Santiago Silva e Noir (Lobos, 42’/2T)
Técnico: Mario Salas

FLAMENGO: Alex Muralha; Pará, Réver, Rafael Vaz e Trauco; Márcio Araújo, Romulo (Berrío, 12’/2T), , Willian Arão (Leandro Damião, 33’/2T) e Everton (Gabriel, 28’/2T); Diego e Guerrero
Técnico: Zé Ricardo

  • Daniel Banho

    Mais do que isso, Pedro. Dominar não é necessariamente ter mais chances, controlar a posse de bola etc. Dominar é fazer o jogo se desenrolar dentro do que se espera, dentro das suas possibilidades e, no final, sair com o resultado esperado. A Católica, nesse sentido, dominou o jogo. Sabia que sofreria, que passaria algum sufoco, mas que poderia fazer um gol de bola parada ou num contra ataque e amarrar o jogo até o final, desestabilizando o adversário. Não deu outra. O Flamengo foi dominado, sim, e por covardia.

    Abs