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Entre Fluminense e Botafogo, a (leve) diferença foi o tempo de trabalho

Robinho Fluminense Botafogo Carioca 2018

Robinho Fluminense Botafogo Carioca 2018

É necessário no início de temporada pisar no freio. Evitar conclusões definitivas com dois, três, cinco jogos. Mas o torcedor é naturalmente um ser ansioso. Deixa pelo caminho, em sua maioria, qualquer lógica. Exige um time competitivo em seus primeiros passos, ainda que faltem peças. Dificilmente em um calendário tão injusto quanto o do futebol brasileiro ele conseguirá ser atendido. Em pouco mais de dez dias de pré-temporada, Fluminense e Botafogo já estavam cruzando os bigodes de forma precoce no Maracanã. Sob sol forte e parte física ainda travada, o clássico zerado em gols foi pobre. E reforçou apenas a necessidade de tempo para o trabalho dos técnicos.

Flu no início: três zagueiros e apoio dos alas

Abel Braga está há um ano no Fluminense. Ainda que combalido pelas perdas de Scarpa, Wendel, Henrique e Henrique Dourado, o Tricolor encerrou a partida de superior em campo. Por quê? Talvez devido ao tempo de trabalho de Abelão à frente do elenco. Entre idas e vindas, ele já sabe onde pode mexer. Testar com maior segurança. Como modificar a equipe de um 3-5-2 para um 4-2-3-1. Qual o melhor lugar para o jovem Matheus Alessandro. Felipe Conceição, não. Ele herda um Botafogo que tinha a organização como força, mas moralmente combalido de Jair Ventura. Tenta desde o jogo de estreia dar a sua cara. Ainda está tateando o elenco. Quem encaixar onde. É necessário tempo. O ano atrás de Abel no desenvolver de um trabalho pesou.

Nada, porém, que tenha demonstrado uma enorme superioridade de um sobre o outro. O clássico, bom reforçar, foi bem ruim. Abel deixou claro que mantém a ideia que mostrou na Florida Cup: para tapar a peneira de 2017, o caminho parece ser a formação com três zagueiros. Ocorre que o 3-5-2 é recomendável quando o elenco conta com três ótimos defensores e deixar um fora seria um pecado. Não é o caso do trio formado por Renato Chaves, Gum e o jovem Ibañez. Por isso, o reforço de Gilberto e Marlon pelos lados para fechar um bloco de cinco defensores quando o time é atacado se faz necessário.

Botafogo no início: 4-1-4-1, Pimpão na direita e Valencia inoperante

O ajuste com o meio, no entanto, ainda é falho. Douglas ou o recém-contratado Jadson não são volantes que fixam pé à frente da defesa. Pelo contrário. Marcam, mas têm apreço pela saída para o jogo, encostando em Sornoza. Há um espaço entre o trio de defensores e os volantes que pode ser habitado pelo adversário. Para infelicidade dos alvinegros, o Botafogo não soube aproveitar. Verdade, o time esteve mais uma vez no 4-1-4-1 e menos espaçado do que na estreia, contra a Portuguesa. Mas Valencia, o homem da criação, continua uma nulidade. Ajuda pouco no ataque e muito menos quando o time é atacado. O que sobrecarrega João Paulo, um autêntico faz-tudo neste início de 2018. Vai e volta para comandar o Botafogo. É pouco.

Foi ele, aliás, o responsável pelo único bom momento do primeiro tempo, uma cabeçada que passou rente à trave de Júlio César após cruzamento de Luiz Fernando da esquerda. Aí um teste de Felipe Conceição que parece não infrutífero. Depois de tentar por alguns momentos contra a Portuguesa, a troca de pontas foi praticamene efetivada no clássico. Rodrigo Pimpão teve o melhor momento da carreira em 2017, pela esquerda. Jogado para o lado oposto, ele não se achou. Foi bem acompanhado por Marlon e Ibañez.

Flu ao fim: menos um zagueiros e mais velocidade com pontas

O segundo tempo chegou com um Flu mais posicionado à frente, tentando empurrar o Botafogo para o seu campo. E manter a posse, girando a bola. Fora do 4-4-2 de Jair na última temporada, que tinha como força o contra-ataque fulminante, o Botafogo não soube bem como reagir. Felipe Conceição parece buscar também pela posse, aproximação até o ataque. Mas o time ainda está dividindo, tentando trocar o chip. Não era difícil ver Jefferson cobrando tiros de meta ao léu, dada a dificuldade de sair trocando passes. Na pressão tricolor, o gol só não saiu porque Jefferson fez grande defesa em cabeçada de Gilberto e, depois, o assistente marcou falta duvidosa Renato Chaves em João Paulo, antes do gol – posteriormente anulado – de Ibañez.

O Botafogo mudou de forma precoce. Saiu Valencia, entrou Rodrigo Lindoso. Natural esperar que João Paulo fosse mais adiantado, com Lindoso fechando o meio ao lado de Matheus Fernandes. Mas não. Lindoso ocupou o lado esquerdo, mais avançado do que de costume. E Conceição tentou nova cartada trocando as pontas. Pimpão por Ezequiel. Luiz Fernando, lesionado, pelo estreante Leandro Carvalho. Drible e velocidade. Ajudou pouco.

Botafogo ao fim: empurrado pelo Flu, com Lindoso avançado

O Fluminense, mais adiantado, já tinha substituído Marlon por Ayrton. Mantinha mais a posse girava o jogo, mas não fazia a bola chegar em Pedro. Marcos Junior, esforçado, caí para dentro para escapar da vigília de Arnaldo. A dez minutos do fim, Abel tentou a cartada final. Sacou um zagueiro, Renato Chaves, e colocou Matheus Alessandro na ponta direita. Marcos Junior deu lugar a Robinho e o time se armou em um 4-2-3-1. O Botafogo e confundiu nos momentos finais e não soube acompanhar as pontas. Robinho teve duas boas oportunidade no drible em cima de Arnaldo, mas não soube servir os companheiros. O 0 a 0 estava sacramentado.

O Tricolor foi superior. Teve quase 57% de posse de bola e 13 finalizações, de acordo com o Footstats. Mas não fez, ainda assim, um bom jogo. O que deve ter preocupado Felipe Conceição. O Estadual é, mesmo, o melhor laboratório para a temporada. Lindoso mais adiantado, Pimpão na direita. Em um clássico tão precoce, Abel levou vantagem por simplesmente ter em mãos o artigo mais raro no futebol brasileiro: tempo de trabalho.

FICHA TÉCNICA
FLUMINENSE 0X0 BOTAFOGO

Local: Maracanã
Data: 20 de janeiro de 2018
Horário: 17h
Árbitro: Pathrice Wallace Correa (RJ)
Público e renda: 7.126 pagantes / 8.538 presentes / R$ 220.510,00
Cartões Amarelos: Ibañez, Marcos Junior e Douglas (FLU) e Rodrigo Lindoso, Matheus Fernandes e Igor Rabello (BOT)
Gols: 

FLUMINENSE: Júlio César; Renato Chaves (Matheus Alessandro, 38’/2T), Gum e Ibañez; Gilberto, Jadson, Douglas, Sornoza e Marlon (Ayrton, 27’/2T); Marcos Junior (Robinho, 38’/2T) e Pedro
Técnico: Abel Braga

BOTAFOGO: Jefferson; Arnaldo, Marcelo, Igor Rabello e Gilson; Matheus Fernandes; Luiz Fernando (Leandro Carvalho, 30’/2T), João Paulo, Leo Valencia (Rodrigo Lindoso, 9’/2T) e Rodrigo Pimpão (Ezequiel, 25’/2T); Brenner
Técnico: Felipe Conceição

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