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Estilos antagônicos até em como encarar o empate: o clássico entre Fla e Botafogo

Arnaldo Everton Flamengo Botafogo

Arnaldo Everton Flamengo Botafogo

Talvez o embate entre Flamengo e Botafogo seja, atualmente, o clássico com estilos mais antagônicos no futebol carioca. Uma equipe preza pela posse, domínio do adversário. A outra trabalha ao máximo com suas limitações, mostra organização acima do normal e busca o contra-ataque. Ambas as equipes, no entanto, esbarraram na ineficiência de suas finalizações e determinaram o empate sem gols em Volta Redonda. Um lamentar maior ao Flamengo, com semana livre de treinos e mais chances desperdiçadas. Um ponto valioso a um Botafogo que encara bravamente a temporada extenuante.

Fla do início: Arão na direita

Zé Ricardo escalou o Flamengo com a ideia de tomar a iniciativa de jogo diante de um adversário que tem o contra-ataque como gosto para definir jogos. Os rubro-negros sabiam que teriam campo. Um time no 4-2-3-1, Ederson centralizado e Arão como ponta direita, Everton na esquerda, Cuellar e Márcio Araújo como volantes. E Juan na vaga de Vaz, um ganho técnico. Houve posse, mas também a tradicional dificuldade diante de um adversário bem fechado, bloqueando os lados e reduzindo espaços próximos à área. Era um problema. Arão, em má fase técnica, não tinha drible e tampouco grande velocidade para tentar explorar o canto. Ederson, centralizado, passou a naturalmente buscar os lados e o meio ficou acéfalo.

Já o Botafogo, sem Camilo, manteve o 4-4-2, com João Paulo fazendo a função de jogador mais aproximado de Roger. Bruno Silva pela direita e Pimpão pela esquerda tentavam escapar às costas dos laterais e tentar buscar o meio, abastecendo Roger. O time de Jair Ventura estava bem organizado, como sempre. A busca era pelo bote mortal com a aproximação rubro-negra. Carli vigiava Guerrero e quebrava os lançamentos de Trauco para aproveitá-lo como pivô. Jogo aguerrido.

Botafogo no início: 4-4-2 fechado

A temperatura do extracampo, com a rivalidade acirrada das diretorias, elevou o clima da partida. Foi pegada, truncada, com entradas mais fortes. E o gramado pouco colaborava. Victor Luis e Airton se lesionaram ainda no primeiro tempo, encurtando ainda mais o fôlego de Jair Ventura. No fundo, a posse do Flamengo, que começava o jogo com Cuellar, acionando Arão ou Everton, era ineficaz. Com isso, o time passou a arriscar cruzamentos para a área na tentativa de criar oportunidades de gol. Foram 19 no primeiro tempo. O maior perigo do primeiro tempo, mesmo, saiu com Roger, em chute de longe bem defendido por Muralha. O jogo era tecnicamente fraco, também prejudicado pelo sol escaldante e abafado da manhã sul-fluminense.

No segundo tempo, o Botafogo saiu um pouco mais do campo de defesa e tentou pressionar no início da primeira etapa. Tinha ciência de que fatalmente perderia o duelo na parte física ao fim da partida, ainda mais diante de duas substituições já realizadas. Tentar construir uma vantagem e administrá-la parecia a melhor estratégia. Mantinha o 4-4-2, mas passou a ceder espaços. Em um lançamento de Trauco, Guerrero recebeu na corrida, ganhou de Igor Rabello, mas finalizou em cima de Gatito. O velho dilema de ser ineficaz para matar o jogo começava a assustar o Flamengo.

Fla ao fim: tentativa com Damião

Em seguida, de novo Guerrero teve boa chance na área, mas, indeciso, acabou desarmado por Bruno Silva. A parte física do Botafogo dava sinais claros de desgaste. Zé Ricardo atendeu, então, os pedidos da arquibancada. Com Diego em campo após dois meses, o time manteve o 4-2-3-1, mas Ederson caiu para o lado direito e Arão recuou ao lado de Márcio Araújo com a saída de Cuellar. O time rubro-negro avançou, mas quase sofreu o gol. Em um contra-ataque apos cobrança de escanteio, Arnaldo disparou pela direita e cruzou para Roger, dentro da grande área. Ele bateu rasteiro, para fora, desperdiçando a bola do jogo para o Alvinegro, que não tinha mais pernas e aceitou o jogo rubro-negro.

Aí estava claro. O Botafogo valorizava o empate. O Flamengo sabia que precisava evitar o terceiro em quatro rodadas do Brasileiro. Passou a ser um confronto de ataque contra defesa ainda mais bem definido. Nunca no jogo os estilos antagônicos eram tão claros. Questão de sobrevivência alvinegra. Carli catimbava o jogo e tentava intimidar Vinicius Junior, que já entrara em campo para incendiar companheiros e arquibancada. Everton caiu para a direita, o garoto se manteve na esquerda. O Flamengo girava a bola, pressionava, tentava arriscar o gol. Mas era curioso: coube a um menino de 16 anos dar o que o time precisava, um jogo mais agressivo, incisivo, com finalizações e dribles.

Botafogo ao fim do clássico

Trauco achou Everton na área, que de frente para Gatito bateu para fora. O Flamengo se aproximava, Jair sentia. Sacou Pimpão, esgotado, para colocar Joel em campo. O camaronês, no entanto, tem dificuldades para compor o meio e sair com velocidade para o ataque. O Botafogo se encolheu ainda mais, revezando João Paulo, Joel ou Bruno Silva para, vez em outra, tentar encostar em Roger. Vinicius Junior, de novo ele, mandou bela bola no travessão no fim da partida. Era um Flamengo dominante, muito em função das condições da partida, mas que de novo ficava ansioso para marcar. Zé Ricardo tentou a última cartada com Leandro Damião em campo. Dava o sinal de priorizar o jogo aéreo em detrimento do toque mais refinado, mesmo com Diego e Vinicius Junior em campo. O placar não saiu do zero.

Preocupante para o Flamengo, com apenas seis pontos em quatro rodadas. Até o momento, o time venceu apenas o fraco Atlético-GO na competição. Pouco para quem se coloca como postulante ao título. O time teve 57% de posse de bola, finalizou 17 vezes, cruzou 42 bolas, de acordo com mo site Footstats. Mas não achou um gol. Perdeu chances claríssimas. De positivo, apenas o retorno de Diego, naturalmente sem ritmo após a lesão, e a entrada de Vinicius Junior. Com o melhorar, o garoto tem chances de assumir a titularidade da equipe. Sozinho, dá vitalidade ao ataque e é opção de diálogo inteligente com Guerrero.

Diante de tantas dificuldades, o Botafogo somou seu sétimo ponto no Brasileiro. Manteve a estrutura eficaz da temporada e teve a oportunidade de fazer o gol com Roger. Ao queimar duas substituições, viu seu fôlego diminuir ainda mais para combater um rival descansado. Bem organizado, segurou o Flamengo o quanto pôde. Jair Ventura contou com a má pontaria do adversário, mas continua com um trabalho invejável. Um clássico que merecia o Maracanã e muitos gols, com arquibancada cheia. De estilos antagônicos, Flamengo e Botafogo deixaram Volta Redonda diferentes até na maneira de como encarar o empate.

FICHA TÉCNICA:
FLAMENGO 0X0 BOTAFOGO

Local: Raulino de Oliveira
Data: 4 de junho de 2017
Horário: 16h
Árbitro: Dewson Freitas (PA – Fifa)
Cartões amarelos: Cuellar e Juan (FLA) e Bruno Silva e Carli (BOT)
Público e renda: 8.877 pagantes / 10.577 presentes/ R$ 425.635,00

FLAMENGO: Alex Muralha; Pará, Rever, Juan e Trauco; Márcio Araújo e Cuellar (Diego, 14’/2T); Willian Arão (Leandro Damião, 40’/2T), Ederson (Vinicius Jr, 21’/2T) e Everton; Guerrero
Técnico: Zé Ricardo

BOTAFOGO: Gatito; Arnaldo, Carli, Igor Rabello e Victor Luis (Gilson, 36’/1T); Bruno Silva, Airton (Dudu Cearense, 48’/1T), Matheus Fernandes e Rodrigo Pimpão (Joel, 32’/2T); João Paulo e Roger
Técnico: Jair Ventura

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