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Explosivo e afoito, Flamengo vence Madureira com facilidade e um porém

Gabigol Flamengo gol Madureira Taça Rio

(Alexandre Vidal / Flamengo)

Gabigol Flamengo gol Madureira Taça Rio 2019

(Alexandre Vidal / Flamengo)

Alma. Era o que se esperava quando Abel Braga foi anunciado como técnico do Flamengo. Transformar um time que tinha jogo, mas era apático. Esse quesito, ao menos, parece não faltar mais. Há desejo latente pela vitória. Explosivo. Aos poucos, o Flamengo se molda em 2019. Indicou isso uma vez mais na noite desta terça-feira, na vitória de 2 a 0 contra o Madureira, no Maracanã. A receita, agora, é dosar a energia. Explodir, mas não a ponto de torná-lo afoito. Esse foi o porém. Elétrico até demais, o time perdeu a calma na hora das finalizações. Foram 32 em todo o confronto. 11 no alvo, algumas desperdiçadas de forma inacreditável. Abel mesmo reconheceu após o jogo que o time saiu devendo diante do mar de oportunidades. Sabe que, com rivais de maior porte, provavelmente não vão aparecer tantas assim.

Envolto com a ideia de formar dois times, o técnico parece ter desperdiçado tempo para afinar a equipe principal. A eliminação após o Fla-Flu foi um divisor de águas. Primeiro o time titular. Depois, se possível, um reserva, por vezes mesclado. O time atual do Flamengo tem uma característica. Explode ao iniciar do jogo. Aperta o rival. Se perde a bola, pressiona. Ataca em bloco. E já se afina de um jeito melhor para atacar e a ajustar o sistema defensivo. Em suma, a equipe tem se entendido melhor, evolui. Depois da frustração com os reservas contra o Volta Redonda, Abel voltou com os titulares no 4-2-3-1.

Fla no início: ataque em bloco, muita movimentação e rotação alta

Willian Arão mais postado defensivamente, avançando de forma calculada, dá, enfim, o equilíbrio pedido por Abel. No início da temporada se largava ao ataque, um tanto quanto descompromissado, alinhando com Diego e os pontas, moldando a equipe em um verdadeiro 4-1-4-1. Agora, não. Fecha bem os espaços pelo lado direito, já que Pará tem o corredor aberto por Everton Ribeiro, que cai ao meio, empurrando Diego à esquerda. Bruno Henrique entra na área com Gabigol e Arão aparece, como surpresa, apenas na boa. Por vezes tabelando com Pará e Everton. São cinco, seis jogadores rubro-negros atacando de uma vez só. Assim o Flamengo agride. Cria chances. Tem a posse e acelera o jogo. Vertical, como desejava Abel.

Uma das equipes mais frágeis do Carioca, o Madureira tentou se defender em um 4-1-4-1, com o grandalhão Tássio à frente. A rigor foi pouco efetivo. Dava espaços em demasia, sentia a pressão rubro-negra. A velocidade de Bruno Henrique e Gabigol na recuperação da bola e disparada ao ataque tem um viés positivo: força Diego a acelerar o jogo, dar passes verticais, sem o drible a mais, o giro tão criticado. O camisa 10 teve espaço. Apareceu por vezes na área. E perdeu chances como Gabigol, Bruno Henrique e Everton Ribeiro. O camisa 7, aliás, continua como o destaque. Dribla, passa, domina o lado direito com perfeição. Cai para dentro e se torna o principal organizador. É a referência técnica do Flamengo.

Não à toa foi ele a cair por dentro e, em belo passe em profundidade, deixar Gabigol na cara de Douglas. Ansioso, sem a frieza necessária aos finalizadores, o camisa 9 bateu em cima do goleiro, desperdiçando chance óbvia. Arão, na pequena área, já batera em cima do zagueiro. Bruno Henrique, de frente para o gol, furou passe. O Flamengo avançava, colocava o time inteiro no campo de ataque, sufocava o Madureira e…desperdiçava chances. Foi daquelas ironias: de tanto insistir, o gol saiu após três finalizações seguidas. Diego, Arão e, enfim, Gabigol. Impedido. A arbitragem, uma vez mais, falhou no Campeonato Carioca. E fez o primeiro tempo fechar em 1 a 0.

Ao fim, time ainda com saídas rápidas e Léo Duarte fechando a lateral

Erro à parte, um bom lance que exemplificava o Flamengo. A bola saiu da direita, com Everton Ribeiro e Arão. Foi ao meio com Ronaldo, daí a Diego, que driblou e finalizou forte, de longe, possibilitando o rebote. Por mais que o adversário fosse frágil, por mais que houvesse espaços em demasia em campo, o Flamengo jogava bem. Criava. Pressionava, buscava a vitória. Gabigol, por exemplo. A empatia com a torcida já é natural. Mas não cansou de pedir bola, pegá-la, avançar e buscar o gol adversário. Um espírito que faltava em 2018. O inconformismo. Mas há um equilíbrio a buscar. De tanto acelerar o jogo, o Flamengo se torna por vezes atabalhoado. Deve esfriar ou aquecer a partida com inteligência. Arriscar bolas sempre agudas ou trocar passes, esperar a abertura de espaço. A opção hoje é pelo furor. Um time rompedor, explosivo.

Há boas observações a levar para a temporada deste duelo. Com a ausência de Cuellar e Piris, convocados, Ronaldo cumpriu bem a função de primeiro volante. Já tivera desempenho satisfatório ao lado de Cuellar, um pouco mais à frente. Mas após um início com alguns erros de passes, mostrou ter postura e segurança para atuar à frente da defesa. As quase duas temporadas de pouquíssimos jogos – foram apenas 341 minutos só em quatro partidas no Carioca em todo 2018 – ainda lhe fazem falta. Quanto mais jogar, tende a crescer. Com o ritmo um pouco mais baixo no segundo tempo, o Flamengo voltou a trabalhar pelos lados, com triangulações. Abel sacou Bruno Henrique para dar espaço a Uribe. Melhorar a finalização. O segundo gol saiu com Gabigol, já à esquerda. Uma bola recebida de Renê, uma finalização forte e o desvio no zagueiro antes de morrer nas redes.

Houve espaço para Abel permitir as palmas a Juan, de volta após grave lesão no tornozelo. Léo Duarte fixou na lateral direita após a saída de Pará. A dupla de zaga titular, inclusive, merece o destaque. Rodrigo Caio de novo bem, com ótimas antecipações e avanços para iniciar o jogo quando necessário. Teve bom chute de fora da área, com ótima chance perdida por Gabigol, de novo, no rebote. Tem se provado ótima contratação. Mas tudo, ainda, é um ensaio. O Flamengo melhora a olhos vistos, tem alma, pressiona e afoga o adversário como já fizera contra a LDU, na Libertadores. Interessante notar que não baixa o nível de comprometimento nem mesmo em uma rodada de Campeonato Carioca numa noite chuvosa. Um mérito de Abel. A temporada, no entanto, ainda vai esquentar. E o time deve acertar os poréns. Não desperdiçar tantas chances. Continuar explosivo, ter a bola – hoje a teve em 67% do tempo*. E ser menos afoito.

*Números do app Footstats Premium

FICHA TÉCNICA
MADUREIRA 0X2 FLAMENGO

Local: Maracanã
Data: 19 de março de 2019
Árbitro: Maurício Machado Coelho Júnior (RJ)
Público e renda: 16.548 pagantes / 17.392 presentes / R$ 410.989,00
Cartões amarelos: Everton e Guilherme Bala (MAD) e Gabigol e Pará (FLA)
Gols: Gabigol (FLA), aos 44 minutos do primeiro tempo e aos 33 minutos do segundo tempo

MADUREIRA: Douglas, Arlen, Marcelo Alves, Júnior Lopes e Rezende; Rodrigo Dantas, Bruno, Everton (Alanzinho, 21’/2T) e Luciano Naninho; Derek (Guilherme Bala, 16’/2T) e Tássio
Técnico: Gaúcho

FLAMENGO: Diego Alves; Pará (Juan, 43’/2T), Léo Duarte, Rodrigo Caio e Renê; Ronaldo e Willian Arão (Hugo Moura, 39’/2T); Everton Ribeiro, Diego e Bruno Henrique (Uribe, 19’/2T); Gabigol
Técnico: Abel Braga

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