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Exposto e inseguro, Fluminense reafirma passos que assustam no início de 2018

Marcos Junior Fluminense Portuguesa Carioca 2018

Marcos Junior Fluminense Portuguesa Carioca 2018

Nenhuma vitória em três jogos oficiais na temporada, apenas dois pontos e a lanterna do Grupo C do Campeonato Carioca. Esse reflexo que o torcedor tricolor encontra ao se olhar no espelho contribui para uma explosão de emoções que permite o protesto na arquibancada de Edson Passos ao fim do empate sem gols com a Portuguesa. Empate este arrancado com uma dose de sorte. Entre tantas chances permitidas, o Fluminense viu a bola beijar a própria trave duas vezes e deixou questões a serem debatidas além da Taça Guanabara, onde a classificação parece improvável.

O discurso natural de qualquer torcedor indicaria que Campeonato Carioca tem pouco impacto no restante da temporada. Ocorre que o Fluminense de Abel Braga abriu sua maleta em pôs-se a fazer experiências como num laboratório. Em 2017, o clube ao menos chegou à final diante do rival Flamengo e ainda assim cumpriu temporada sofrível a seguir, entre desfalques por lesão ou transferências como a de Richarlison.

Flu no início: três zagueiros e dificuldades de construção no ataque

Sem reforços de grande impacto, a primeira medida de Abel na temporada foi impedir que o time continuasse a ser vazado com tanta facilidade. Afinal, deixar o adversário passar à frente para só então tentar se recuperar era uma estratégia suicida, embora não deliberada. A solução foi a utilização de três zagueiros. Renato Chaves, Gum e o jovem Ibañez. Nenhum, no entanto, é plenamente confiável. Em vez de protegido, o time ficou instável. Mesmo contra a frágil Portuguesa. Ainda que tenha quase vencido o Botafogo, o time da Ilha tem clara deficiência técnica.

Mas foi o suficiente para assustar o Fluminense. Bastou abrir dois jogadores pelos lados, casos de Romarinho e Everton Sena, para esgarçar a defesa tricolor. A ideia de defender com cinco jogadores, com o recuo de Gilberto e, no caso, Ayrton, não foi eficaz. Talvez por falta de entrosamento, os zagueiros tricolores insitem em sair para o combate em um a um com os rivais. O resultado é um time desequilibrado. Alas que pouco apoiam, volantes – Jadson e Douglas – que tentam alternar entre defesa e ataque e Marcos Junior doando-se ao máximo, mas sem o menor raciocínio. Nesse Fluminense recheado de espaços, o convite foi grande.

Flu ao fim: mais ofensivo e com mais espaços

A sorte tricolor foi a já decantada deficiência da Portuguesa. Não fosse ela, Jhonnatan teria feito 1 a 0 até com tranquilidade ao receber, livre na pequena área, cruzamento de Sassá pela esquerda. A finalização foi torta para fora e abriu a discussão: como com três zagueiros o volante conseguiu aparecer livre na área tricolor? Falta de entrosamento para acertar a posição. Ficou evidente quando, no fim do primeiro tempo, Sasssá aproveitou o deixa que eu deixo entre Gum e Renato Chaves, recuperou a bola e invadiu a área. O lance só não terminou em maior perigo porque o árbitro ignorou o puxão de Gum que resultaria em um pênalti. E o Fluminense desceu para o intervalo aliviado.

Abel entendeu que o testes colocavam o jogo em risco. E talvez tenha lembrado da necessidade da vitória. Sacou Renato Chaves, pôs Robinho na ponta esquerda e abriu o time em um 4-3-3. Mas ficou ainda pior. Desajutado, o Fluminense entregou ainda mais campo à Portuguesa, que apareceu sempre na grande área e parou…em si mesma. Maicon Assis disparou em contra-ataque perseguido por, pasmem, Marcos Junior. Mas não conseguiu rolar certo para Sassá, livre na grande área. Fabinho acertou a trave em chute cruzado na área, enquanto Marcão, de cabeça, também parou na baliza. Em pânico, o Fluminense congelou.

Abel tentou a velha arma de 2017, empilhar jogadores ofensivos na equipe. Sacou Douglas, Gilberto e Marcos Junior. Pôs Matheus Alessandro, Caio e Pablo Dyego. Pouco adiantou. Ainda que com jogadores de características ofensivas, o time já parecia traumatizado em perder a bola no ataque. Avançava com insegurança, às vezes com os dois laterais ao mesmo tempo, e não tinha calma para a troca de passes. Apenas enfiadas de bola e tentativas de lançamentos para a explosão de Matheus Alessandro pelo lado direito, com Pablo Dyego no suporte. Não foi suficiente.

Da arquibancada, o pedido insistente por novos jogadores se justifica. Com Sornoza expulso no último minuto de jogo, Abel não tem grandes alternativas para o setor de criação. Se pretende avançar com a ideia de três zagueiros, ao menos um defensor deve ser confiável. Os primeiros passos em 2018 assustam.

FICHA TÉCNICA
FLUMINENSE 0X0 PORTUGUESA

Local: Edson Passos, em Mesquita (RJ)
Data: 24 de janeiro de 2017
Horário: 21h45
Árbitro: Grazziani Maciel Rocha (RJ)
Público e renda: 1.270 pagantes / 1.414 presentes / R$ 21.135,00
Cartões Amarelos: Sornoza, Matheus Alessandro e Pablo Dyego (FLU) e Luan, Sassá, Maicon Assis e Abuda (POR)
Cartão vermelho: Sornoza (FLU), aos 45 minutos do segundo tempo
Gols:

FLUMINENSE: Júlio César; Renato Chaves (Robinho / Intervalo), Gum e Ibañez; Gilberto (Pablo Dyego, 28’/2T) Jadson, Douglas (Matheus Alessandro, 13’/2T), Sornoza e Ayrton; Marcos Junior (Caio, 28’/2T) e Pedro
Técnico: Abel Braga

PORTUGUESA: Milton Raphael; Cássio, Luan, Marcão e Diego Maia; Muniz (Abuda, 25/’2T), Johnnatan, Maicon Assis (Raylan, 21’/2T), Sassá (Fabinho, 21’/2T) e Romarinho (Philip Luis, 21’/2T); Alexandro (Tiago Amaral, 36’/2T)
Técnico: João Carlos Ângelo

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