Hernanes São Paulo 2017
Diante de sucessivas sucessões do Profeta, um Botafogo que esqueceu de si
29 julho 20:36
Zé Ricardo Flamengo
A coletânea rubro-negra
01 agosto 17:40

Fla foge da arapuca do líder, tem ajuda do apito, mas peca no poder de decisão

Réver Flamengo Corinthians 2017

Réver Flamengo Corinthians 2017

Postulante ao título desde o início do ano, o Flamengo apresentou um futebol competitivo e capaz de desafiar o Corinthians em seus domínios. Por 24 minutos foi bem superior. Encurralou o rival e o forçou a cometer erros. Flertou com a vitória. Mas faltou poder de decisão para arrancar a invencibilidade do rival no Brasileiro. Em um jogo no qual não há como não destacar o erro grotesco da arbitragem que anulou um gol legal do Corinthians, o empate em 1 a 1 acabou amargo para os rubro-negros, ainda a 12 distantes pontos do topo da tabela.

Corinthians no início: fechado e contra-ataque

O início da partida em Itaquera foi praticamente dentro do esperado. Flamengo com a bola, Corinthians retraído. Surpreendeu, mesmo, a postura mais agressiva dos visitantes. No 4-2-3-1 tradicional, o time de Zé Ricardo avançou casas e pressionou o saída de bola corintiana, tentando induzir o líder ao erro. Trocava passes mais rápidos, com Everton Ribeiro, Diego e Guerrero bem fora da área para fazer o pivô. O cerco lançou bolas na esperança de uma finalização e o gol precoce para deixar o Corinthians sem sua arapuca. Não conseguiu.

Bem encaixado nu 4-4-2 na maior parte do tempo, o líder do campeonato marca com muita eficiência, fecha espaços pelos lados e sai com inteligência formando um 4-2-3-1 para o contra-ataque. Dificilmente rifa a bola. Quando sai para o jogo, sobe em bloco, com tabelas pelos lados bem executadas. Fagner e Arana são escapes de muita qualidade. Todos parecem saber a posição correta e os pontos fracos do adversário. O Flamengo, claro, os tem. O principal tem sido a bola rasteira, enfiada entre zagueiros e laterais. Costuma ser fatal. Com 12 minutos, a tabela de Rodriguinho para Maycon entre Juan e Trauco resultou num cruzamento certeiro para Jô, debaixo da trave, solitário. Gol legalíssimo e anulado de maneira inexplicável pelo bandeira. Um erro grotesco que impactaria diretamente no resultado do jogo.

Fla no início: 4-2-3-1 com dificuldade para entrar

Se não sofreu o gol de fato, moralmente o Flamengo parecia ter sido vazado. Abateu-se e entrou no transe que o leva ao relaxamento. Deixou de tentar pressionar o Corinthians em sua saída de bola, recuou algumas casas e a bola ficou mais nos pés do Corinthians. Se não tinha Jadson pela direita, Marquinhos Gabriel cumpria bom jogo, com habilidade e um bom passe. Sem Romero pela esquerda, Clayson era mais eficiente ao auxiliar Arana no ataque. Mas é um líder maroto. Percebe o instante do jogo. Sente o cheiro da presa assustada. Assim, chamou mais um pouco o Flamengo ao baile e se fechou com seis homens atrás, sem dar espaço. O time rubro-negro, claro, se impacientou ao ser travado.

Trauco arriscou bola no meio para Guerrero, bem marcado. Balbuena deu o golpe certo, arrancou a com a pelota e enxergou o quê? Sim, o espaço entre um zagueiro, Réver, e um lateral, Pará. Jô estava ali e disparou. O lateral rubro-negro tentou evitar a falta. Mas esqueceu do primordial: parar Jô. Com passadas largas, o atacante chegou na área e bateu cruzado. Diego Alves, estreante da tarde, aceitou. 1 a 0 que fazia justiça no placar. Um jogo à moda Corinthians: vantagem no placar, bem fechado na defesa e à espera do previsível Flamengo para golpear. Everton Ribeiro tentava resolver tudo sozinho, com dribles e dribles e embolava com Diego pelo meio. Guerrero voltava à intermediária para buscar bola. Everton estava bem travado por Marquinhos Gabriel e Fagner. Tudo como esperado para os líderes no primeiro tempo.

Ao fim, Corinthians mais espaçado

Na segunda etapa, caberia a Zé Ricardo tirar alguma carta da manga. Tentar mudar o panorama e forçar o Corinthians a cometer um erro que pudesse custar o gol. Tirou Cuellar, discreto, para a entrada de Arão. Márcio Araújo recuou, deixando um bloco de quatro à frente, com Guerrero no ataque. Um 4-1-4-1 que recheou mais o meio e bateu de frente com o bloco defensivo instalado pelo Corinthians. O Flamengo tinha mais posse, volume. O Corinthians mais dificuldade para ter a bola. Mas o jogo rubro-negro era pouco criativo. Lançamentos e cruzamentos empilhados na área. Afoito pelo gol que quase chegou em escanteio de Everton que Juan cabeceou para bela defesa de Cássio.

Faltava, no entanto, tentar entrar mais na quase impenetrável defesa corintiana. Zé ousou. Sacou Trauco, recuou Everton para a lateral esquerda e pôs Berrío na extrema direita do meio. Everton Ribeiro caiu para a esquerda, com Diego e Arão por dentro. A qualidade no passe aumentou. Mas o empate veio pelo alto. Escanteio de Pará, de Juan de cabeça para Réver emendar um belo voleio que Cássio quase espalmou. 1 a 1 aos 25 minutos do primeiro tempo. Finalmente, o Flamengo conseguiu fazer o Corinthians fugir de sua arapuca. O líder estava assustado como poucas vezes no campeonato. Ainda mais diante dos seus. Cedia campo não mais por estratégia, mas por ser incapaz de roubar a bola do Flamengo, que posicionava os zagueiros quase na linha central. Avançava casas como um exército pronto para ocupar o território. Mas que cometeu um pecado mortal.

Ao fim, 4-1-4-1 com pressão por 24 minutos

O time, inteligentemente, forçou o jogo pelo lado direito, com Berrío e Pará em cima de Arana. Clayson já havia saído e o garoto Pedrinho não conseguia ajudar a fechar o lado. Por ali, Guerrero saiu da área e tocou para Berrío avançar. Rapidamente, o atacante tocou para Arão, bem no jogo com infiltrações, que rolou para Diego cometer o pecado. De frente para Cássio, sem obstáculos, foi displicente. Ou muito confiante. Tocou por cima do gol e perdeu a chance mais clara da partida. Carille sentiu e colocou Camacho, de mais qualidade no passe, na vaga de Gabriel. Tentativa de reter a bola e, quem sabe achar um contra-ataque. Mas o jogo continuou a ser todo do Flamengo.

Vasta posse, avanços, mas ainda buscava muito os lados. Até estranhamente, o Corinthians passou a dar espaços nestes setores. Havia por onde Berrío correr, aproveitando avanços de Arana. Zé sacou Diego, machucado com um pisão na mão, para colocar Vinicius Junior. O garoto teve espaço para brincar com Fagner, deixando o lateral no chão uma vez e caminhando livre até a área. Havia campo para jogar, característica rara em um jogo contra o Corinthians. Era um Flamengo mais imponente, jogando enfim um jogo grande como necessário. Forçando o rival ao erro. Pedro Henrique quase completou a festa corintiana ao jogar contra o próprio patrimônio e carimbar a trave após tentar cortar um cruzamento. Diego Alves evitou a festa do líder ao fazer bela defesa em chute de Jô praticamente idêntico ao gol sofrido no primeiro tempo. Empate sacramentado.

Resultado bom para o Corinthians, líder invicto absoluto com 41 pontos em 17 jogos e que sofreu na metade final do segundo tempo como poucas vezes no Brasileiro. A lamentar, mesmo, o erro grosseiro da arbitragem que foi determinante no placar final. E um empate ruim para o Flamengo, agora quinto colocado, fora do G-4 com vaga direta para a Libertadores e ainda a 12 pontos de distância para o líder a dois jogos do fim do turno. O título parece ser cada vez mais uma miragem. Mas por 24 minutos, após deixar os cruzamentos mais de lado – foram 41 no jogo inteiro – o Flamengo soube fugir da arapuca do líder. Melhorou quando deu mais qualidade no centro para auxiliar os lados e saiu do padrão previsível. Faltou poder de decisão, principalmente de Diego, que falhou mais uma vez como no pênalti perdido contra o Palmeiras. Reflexão válida para ainda tentar corrigir a rota da temporada.

FICHA TÉCNICA:
CORINTHIANS 1X1 FLAMENGO

Local: Arena Corinthians
Data: 30 de julho de 2017
Horário: 16h
Árbitro: Ricardo Marques Ribeiro (MG – Fifa)
Cartão amarelo: Diego (FLA)
Público e renda: 44.682 pagantes / 45.110 presentes / R$ 2.823.378,80
Gols: Jô (COR), aos 21 minutos do primeiro tempo e Réver (FLA), aos 24 minutos do segundo tempo

CORINTHIANS: Cássio; Fagner, Balbuena, Pedro Henrique e Arana; Gabriel (Camacho, 38’/2T) e Maycon; Marquinhos Gabriel (Giovanni Augusto, 37’/2T), Rodriguinho e Clayson (Pedrinho, 20’/2T); Jô
Técnico: Fábio Carille

FLAMENGO: Diego Alves; Pará, Rever, Juan e Trauco (Berrío, 24’/2T); Márcio Araújo e Cuellar (Willian Arão / Intervalo); Everton Ribeiro, Diego (Vinicius Junior, 41’/2T) e Everton; Guerrero
Técnico: Zé Ricardo

  • Fabio Cunha De Santana

    Gostei muito do time no 2º tempo. Há saídas. Muitas!