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Fluminense compete com Flamengo sem letalidade: tudo igual na largada da decisão

Gerson Flamengo Fluminense Fred final Carioca 2021

(Alexandre Vidal / Flamengo)

Cazares Diego Flamengo Fluminense final Carioca 2021

(Alexandre Vidal / Flamengo)

Apenas por sua história o Fla-Flu já despertaria fascínio em uma final. A ligação umbilical entre os dois clubes, a rivalidade, os vários capítulos pitorescos, os 40 minutos antes do nada. Os dois maiores vencedores do Carioca em campo. Mas o equilíbrio atual nas disputas entre os dois times, mesmo com a enorme vantagem econômica de um dos lados, seduz ainda mais. Causa expectativa. É o Fluminense quem mais dificulta este Flamengo histórico de 2019 para cá. É ele, no Rio, quem pode desafiar os rubro-negros em mais uma taça. Provou isso no primeiro jogo da decisão, empate em 1 a 1 no Maracanã. Mérito tricolor. Mas muito em parte, também, por defeitos rubro-negros.

Tão combalido, o Estadual do Rio teve grande ajuda dos dois times. Não por desejo. Mas por circunstância. Ambos são líderes de seus grupos e estão com classificações bem encaminhadas na Libertadores. Panorama bem favorável para não tirar o pé e mandar a campo a força máxima possível. Foi feito assim de lado a lado. Roger Machado quase repetiu o Fluminense de sempre, competitivo na competição sul-americana. Fez uma troca: Gabriel Teixeira, o Biel, na vaga de Luiz Henrique. Velocidade e habilidade no lado esquerdo para aproveitar o sempre avançado Isla e, de quebra, inibir ofensivas rubro-negras constantes sobre Egídio, geralmente ponto muito explorado pelos rivais. Com Nenê e Fred, o time tem a ideia do 4-2-3-1, mas geralmente permanece mais recuado, no 4-4-2 com os dois medalhões à frente. Falta, assim, combate na saída do adversário.

Flu no início: medalhões à frente, pouca pressão na saída rival

O que era ótimo para Rogério Ceni. Com Rodrigo Caio e Gerson de volta e apenas Diego Alves como desfalque, o técnico mandou a campo o time no 4-4-2 usual. Na verdade aquele 4-1-3-2, com Gerson mais espetado pelo centro. Mas, como diria Guardiola, com o rolar da bola viram apenas números de telefone. O Flamengo se espalhou em campo de forma clara a se impor sobre o Fluminense. Intenso, marcação na saída de bola, pressão rápida e tão logo retomava a posse atacava com passes rápidos, objetivos, sempre verticais. Fazia o jogo girar bem entre o centro e o lado com boas triangulações. Um time mais inteiro em campo, concentrado. É difícil marcá-lo nessas noites. Houve desestabilização da defesa tricolor, geralmente segura. O Fluminense não achava o rival.

De volta ao time após quatro partidas afastado por lesão e protagonista de notícias sobre transferência, Gerson chamava o jogo. Dominava o meio como em seus melhores momentos, dava fluidez, fazia o jogo rubro-negro render. O futebol de Everton Ribeiro cresceu na frente com sua presença mais constante. Até porque Rogério foi inteligente ao segurar bem mais Isla: não fazia sentido o lateral ser tão avançado como em outros jogos com o perigo constante de ter de correr quase um campo inteiro para trás com Gabriel Teixeira às suas costas. Então o Flamengo recuperava pelo meio com Diego, passava a Gerson que acionava geralmente o lado direito com Everton Ribeiro. Martinelli tentava impedir o Coringa rubro-negro de avançar, mas acabava sobrecarregado diante de um Yago que mostrava quase nenhuma pegada. Assim como contra do Santa Fe, o Tricolor era engolido no meio.

Fla no início: impositivo, ataque em bloco, objetivo, toques rápidos

Com a insistência rubro-negra no jogo pela direita, o gol enfim saiu. Egídio errou passe fácil na saída e a bola sobrou para Gerson, que acionou Everton Ribeiro. No mano a mano, ele passou por Egídio e mesmo caído devolveu ao Camisa 8. Dentro da área, ele acabou calçado justamente por um atabalhoado Egídio. Mas o árbitro marcou fora. O VAR corrigiu o erro crasso. Gabigol, com categoria usual, abriu o placar. 1 a 0. O Flamengo era muito superior, ocupava o campo, pressionava o Fluminense e se concentrava sempre do lado direito do ataque. Arrascaeta, descalibrado, já tinha errado dois lançamentos com excesso de força. Bruno Henrique, mais afastado para o lado do campo, pouco entrava na partida. Mas o time rubro-negro tem suas vulnerabilidades claras. Como o jogo aéreo defensivo. Assim o Tricolor empataria mais tarde. Assim o time de Roger assustou pela primeira vez e quase igualou minutos depois do pênalti. Nenê alçou falta na área, Nino tocou de casquinha para a segunda trave e Kayky, livre, bateu cruzado para fora. Chance incrível desperdiçada com uma defesa rubro-negra, uma vez mais, desorganizada.

Mas era o melhor momento do Flamengo na partida. Time avançava em bloco, ocupava o campo tricolor, roubava bola na saída do rival e avançava. O Fluminense, acuado, torcia. Primeiro porque não conseguia se manter agrupado. Com a movimentação e troca rápida de passes acaba esgarçado. Dava espaços. Egídio era envolvido, Luccas Claro saía da área para dar o combate em Gabigol à direita e abria latifúndio para infiltração de Gerson, Bruno Henrique e Arrascaeta. E assim o Flamengo empilhou chances perdidas. Bruno Henrique em cruzamento de Gerson, quando chegou a driblar Marcos Felipe e se desequilibrou. Arrascaeta ao roubar bola na saída de Luccas Claro e bateu livre cruzado, rente à trave direita. De novo o uruguaio, livre pelo meio, quando bateu forte da entrada da área e exigiu ótima defesa de Marcos Felipe. E no fim da primeira etapa ótima enfiada de Filipe Luís para Bruno Henrique driblar Luccas Claro na área e rolar suave para Gabigol apenas bater para o gol. Ele tentou o toque com pé direito, torto, para fora. Chance incrível. O volume era imenso. A letalidade, característica principal de 2019, muito baixa. O Flamengo não mata mais jogos. Faz falta. Gera sofrimento. E como.

Moralmente o Fluminense não conseguia se organizar. Calegari ainda segurava a onda do lado direito, mas não podia acompanhar Bruno Henrique quando ele ia ao meio. Ali havia um espaço para o Flamengo. O 1 a 0 ficou bem barato. Roger percebeu. Por isso voltou com Cazares no lugar de Nenê, inoperante no primeiro tempo até mesmo para dar combate na saída de bola de Arão, Rodrigo Caio ou Filipe Luís. Com o equatoriano o Fluminense avançou mais a equipe e passou a pressionar a saída de bola do Flamengo para causar dificuldades. Tirar o conforto de trabalhar a bola sem muitas barreiras desde o campo defensivo. Entrou, enfim, no jogo. Alternou Kayky e Gabriel Teixeira pelos lados, dificultando as marcações de Isla e Filipe Luís. Com maior aproximação da área rubro-negra, o Fluminense passava a ameaçar. No primeiro susto contou com instabilidade de Gabriel Batista ao espalmar para cima um misto de cruzamento e chute de Calegari. A bola tocou o travessão. No segundo, Yago lançou Gabriel nas costas da defesa, na direita, ele puxou Arão para o outro lado e cruzou rasteiro na primeira trave. Isla fez ótima leitura e antecipou a finalização de Fred para o gol.

Flu ao fim: mais adiantado, pressão na saída, força e velocidade nos lados

O Flamengo conseguiu ameaçar e perder duas grandes chances com cruzamentos da direita. Primeiro de Isla para Arrascaeta, que cabeceou na pequena área, no chão, e Marcos Felipe fez excelente defesa. Depois de Arrascaeta para Bruno Henrique que foi displicente na finalização, bateu fraco de perna esquerda, mesmo livre, nas mãos do goleiro. Mas o ritmo rubro-negro já era mais baixo. A intensidade tinha evaporado. Rogério tentou repor as forças com Matheuzinho e João Gomes nos lugares dos amarelados Isla e Diego. Roger respondeu imediatamente com troca tripla. Saíram Kayky, Gabriel Teixeira e Fred. Entraram Caio Paulista, Luiz Henrique e Abel Hernández. Velocidade e força. Rogério trocou de novo. Tirou Everton Ribeiro e pôs Vitinho. O time ficou muito mais vulnerável.

Fla ao fim: lado direito com Matheuzinho e Vitinho mais frágil

Com Isla e Everton Ribeiro o Flamengo controlava bem o setor pelo lado direito da defesa. Gabriel Teixeira e Egídio pouco criaram pelo setor. Sem os dois, o Fluminense cresceu. Luiz Henrique, com bom porte físico e habilidade, levou a melhor com constância sobre Matheuzinho. Egídio não foi acompanhado por Vitinho várias vezes. O Camisa 11 pelo lado direito rende muito pouco. Com a possibilidade de jogo tricolor pelos lados e bolas alçadas à área, a manutenção de Willian Arão na defesa já configurava em uma escolha questionável de Rogério Ceni. Por mais que tenha um bom jogo aéreo, o volante não tem o posicionamento de um defensor de ofício. E nem os quase dois metros de altura, por exemplo, de Gustavo Henrique. Se o jogo antes pedia uma melhor saída de bola, tinha mudado de figura, com mais bolas alçadas para Luiz Henrique e Abel Hernández. Não à toa o empate chegou assim.

Um combo. Ataque tricolor pela esquerda, bola alçada na área, disputa aérea de Arão com Abel Hernández. A marcação distante, sem pressão como no primeiro tempo, também contribuiu. Egídio levantou na direita para Luiz Henrique, que tocou de cabeça para a pequena área. Abel Hernández superou Arão e de cabeça mandou para a rede. Gabriel Batista, indeciso na saída, não chegou. 1 a 1. Ainda desnorteado, o Flamengo passou a errar passes. Como Filipe Luís ao cobrar falta sem a atenção dos companheiros. Luiz Henrique roubou a bola, disparou e só não fez o gol por absoluta incompetência na finalização. A chance do jogo. A decisão ficou mais para frente.

Por méritos do Fluminense, que soube avançar no segundo tempo, dar força e velocidade ao time quando sentiu o baixar de intensidade do adversário. Aproveitou os pontos vulneráveis e quase conseguiu a virada. Mas foi inteiramente dominado pelo Flamengo no primeiro tempo. Perdeu o meio, não soube pressionar e tem dificuldades com Nenê e Fred diante de adversários de maior porte. Roger vai ser obrigado a repensar. Do outro lado, um Flamengo que repetiu a tônica de 2020. Domina os rivais, teve 64% de posse*, finalizou 11 vezes, se impõe em campo, mas perdeu a sua letalidade de 2019. Não consegue mais resolver jogos quando tem chances. Sofre com deficiências defensivas, não se adapta ao jogo quando pede, com Arão por exemplo durante todo o jogo na defesa. Por isso o Fla-Flu seduz. No Rio, o rubro-negro não consegue ser tão imponente diante do rival nos últimos tempos. Em 2020 também teve dificuldades. Ficou mesmo para depois.

FICHA TÉCNICA
FLUMINENSE 1X1 FLAMENGO

Local: Maracanã
Data: 15 de maio de 2021
Árbitro: Alexandre Vargas Tavares de Jesus (RJ)
VAR: Carlos Eduardo Nunes (RJ)
Público e renda: portões fechados
Cartões amarelos: Yago, Gabriel Teixeira, Fred, Luiz Henrique (FLU) e Gabigol, Isla, Diego, Rodrigo Caio (FLA)
Gols: Gabigol, aos 17 minutos do primeiro tempo e Abel Hernández (FLU), aos 31 minutos do segundo tempo

FLUMINENSE: Marcos Felipe; Calegari, Nino, Luccas Claro e Egídio; Martinelli e Yago; Kayky (Caio Paulista, 20’/2T), Nenê (Cazares / Intervalo) e Gabriel Teixeira (Luiz Henrique, 20’/2T); Fred (Abel Hernández, 20’/2T)
Técnico: Roger Machado

FLAMENGO: Gabriel Batista, Isla (Matheuzinho, 17’/2T), Willian Arão, Rodrigo Caio e Filipe Luís; Diego (João Gomes, 17’/2T), Gerson, Everton Ribeiro (Vitinho, 21’/2T) e Arrascaeta; Bruno Henrique (Pedro, 21’/2T) e Gabigol
Técnico: Rogério Ceni

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