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Gatito e a noite em que os fatos explicam o clichê: o Botafogo de volta à América

Gatito Botafogo 2017 Olimpia Libertadores

Gatito foi o herói de uma épica noite do Botafogo na Libertadores

Gatito Botafogo 2017 Olimpia Libertadores

Gatito foi o herói de uma épica noite do Botafogo na Libertadores: três pênaltis defendidos no Paraguai

Há noites em que os fatos superam qualquer desdém e explicam clichês. Não há como fugir deles. Há, sim, coisas que só acontecem ao Botafogo. Um tiro de meta do goleiro titular no segundo tempo redefiniu a história alvinegra na temporada. E abriu as páginas da história para Gatito, o paraguaio que jogava em casa. O goleiro visto com desconfiança. Barrado. Diante do rival de infância. Três pênaltis que vão reverberar na cabeça dos botafoguenses por dias. Há coisas que só acontecem ao Botafogo.

Botafogo escalação Olimpia

Botafogo em um 4-4-2 defensivo inicial

Se Gatito não tivesse defendido as três cobranças e a história não fosse boa de contar, talvez grande parte da torcida do Botafogo estaria irritada com o técnico Jair Ventura. A aposta foi alta. Mas era noite feliz. Derrota de 1 a 0 no tempo normal e vitória por 3 a 1 nos pênaltis. O Botafogo passou pelo Olimpia e, três anos depois, volta a abraçar a América do Sul.

Mas não há, mesmo, vitória do Botafogo sem contornos dramáticos. Aquela que exige lembrar da oração da avó. A superstição guardada de pendurar a camisa de certa maneira. A perna cruzada daquele jeito, como no jogo de 89. O uniforme do gol do Túlio em 95. Valeu tudo isso. Pois lá foi o Botafogo a campo, sem Montillo, sem lateral-direito. E escalado num 4-4-2 que entrou para segurar o resultado. Como tinha a vitória da ida no bolso e precisava do empate, funcionou por um bom tempo. Praticamente um tempo inteiro.

Botafogo Olimpia Libertadores

O Botafogo do segundo tempo

Pois a torcida do Olimpia esfriou após o apito inicial. O time da casa girava a bola, de um lado para o outro e não conseguia penetrar em um Botafogo muito bem postado, que tinha Airton e Matheus Fernandes, a surpresa, bem fechados no meio, João Paulo e Bruno Silva mais aos lados. Camilo e Pimpão na frente. Marcelo, o zagueiro improvisado na lateral direita. Auxílio luxuoso ao xerifão Carli nas bolas aéreas. O botafoguense, mesmo sem razão e com um jogo controlado, prenunciava o sofrimento. Respondia à sua essência. Não seria assim, de nervos calmos, que avançariam pela América. Não foi. No fim do primeiro tempo, um chute rasteiro venenoso parou nas mãos de Helton Leite. Mal sabia o alvinegro mais fanático que aquelas não seriam aquelas as mãos que os salvariam. Há coisas que só acontecem ao Botafogo.

Na volta do intervalo, Jair tirou Matheus Fernandes e colocou Gilson em campo, pelo lado esquerdo, em busca de mais velocidade. Bruno Silva passou para a direita, João Paulo foi para o meio para auxiliar Airton. Era um Botafogo ainda bem postado no 4-4-2, mas que não funcionava mais tão bem. Camilo e Pimpão, mais à frente, apenas davam combate, trocando de lados. A bola era toda o Olimpia, que foi se avolumando, ganhando campo. Quando aos 15 minutos Helton Leite foi ao chão após cobrar um tiro de meta, o verdadeiro botafoguense viu ali um sopro de esperança. Ali estava o momento sofrido no qual deveria se agarrar. Fora de casa, placar apertado. Gatito, criado pelo Cerro, rival do Olimpia, foi a campo. Assim se faz história.

Pois pouco importou que Roque Santa Cruz entrou em campo e participou do lance do gol de Montenegro, que sacramentou a magra derrota e indicou a disputa de pênaltis. A presença de Gatito fazia, certamente, parte do universo que explica por que há coisas que só acontecem ao Botafogo. Aconteceu, de novo. Disputa de pênaltis. Gatito uma. Gatito duas. Gatito três vezes. Três penalidades defendidas por um goleiro que nem deveria estar jogando. Ali, nas três batidas, de Mendoza, Rodi Ferreira e Benítez, os fatos explicaram o clichê. Não era noite de entender. Apenas de sentir. Há, amigos, coisas que só acontecem mesmo ao Botafogo. Agora, de volta à América.

FICHA TÉCNICA:
BOTAFOGO (3)0X1(1) OLIMPIA

Local: Defensores Del Chaco, Assunção, Paraguai
Data: 22 de fevereiro de 2017
Horário: 21h45
Árbitro: Julio Bascuñan (CHI)
Cartões amarelos: Marcelo, Carli e Bruno Silva (BOT) Alexis Ferández (OLI)
Gol: Montenegro, aos 34 minutos do segundo tempo.

BOTAFOGO: Helton Leite (Gatito Fernández, 17’/2T); Marcelo, Carli, Emerson Silva e Victor Luis; Airton (Guilherme 40’/2T), Matheus Fernandes (Gilson / Intervalo), João Paulo e Bruno Silva; Camilo e Rodrigo Pimpão
Técnico: Jair Ventura

OLIMPIA: Azcona; Rodi Ferreira, Pellerano, Cañete (Cañete 24’/2T) e Fernando Giménez; Alexis Fernández, Richard Ortiz e Riveros; Julián Benítez (Roque Santa Cruz 7’/2T), Mouche e Brian Montenegro
Técnico: Pablo Repetto

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