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Golaço de Sornoza faz Fluminense dar um tapa na covardia uruguaia no Maracanã

Sornoza Fluminense gol olímpico 2018 Defensor

(Flickr / Fluminense)

Digão Fluminense gol Defensor 2018 Maracanã

(Flickr / Fluminense)

Há diversas maneiras de disputar futebol. Quase todas legítimas. O contra-ataque, envelopado com o termo moderno de “reativo”, é uma delas. É estratégia que dá gosto quando bem executada, trabalhando com limitações técnicas ao primar simultaneamente com organização tática quase obsessiva. O Botafogo de Jair Ventura entre 2016 e 2017 era um ótimo exemplo. Sabia que deveria ser competitivo. E para ser competitivo no futebol é necessário, ainda que de forma mais moderada, atacar. Libertar-se. O uruguaio Defensor chegou ao Maracanã para encarar o Fluminense de forma absolutamente contrária, com um jeito covarde, até repugnante de disputar futebol. Honrou o nome. Defender-se, apenas. Claro que foi justamente castigado. Um 2 a 0 com direito a um gol olímpico de Sornoza para emoldurar paneis no túnel do novo Maracanã. Não há mal que perdure diante de tamanha pintura.

Flu no início: ofensivo, avançado, mas sem perfurar o ferrolho

No início de trabalho no Fluminense, Marcelo Oliveira empilhou alguns bons resultados que lhe deram fôlego para tentar promover maiores mudanças. Ser mais ousado, até. Pois ciente de que o primeiro jogo em casa seria determinante para o confronto internacional, ele lançou o Fluminense a campo com três atacantes. Um 4-3-3 com Marcos Júnior, Matheus Alessandro e Pedro, Airton, Jadson e Sornoza por trás. Uma estratégia bem clara: a promessa de chegada do rival era com três zagueiros. Esgarçar a defesa com os dois pontas permitindo infiltrações por dentro ou arremates de fora da área do meia criativo, Sornoza. Era uma ideia. Mas o Defensor tentou complicar o rival fechando ainda mais sua linha de defesa: em vez de um 3-5-2, um 5-4-1 muito fechado. Um ferrolho uruguaio. Em minutos confirou como seria a partida: um ataque contra defesa. Não é exagero.

Defensor no início: ferrolho covarde

O time uruguaio abdicou completamente da posse de bola. O Tricolor teve picos de mais de 80% com a bola nos pés. E trocou passes. Laterais, é verdade. De um extremo ao outro, passava a bola, com facilidade, mas sem tanto perigo. Na frente de uma linha de cinco havia outra de quatro. Waterman, solitário, tentava pressionar Gum e Digão, avançados, para talvez buscar um ataque de uma nota só. Não conseguiu. E o Fluminense esbarrava em limitações. Matheus Alessandro, à esquerda, e Marcos Junior, à direita, são jogadores que precisa de espaço para usar a velocidade. Não são tão habilidosos, com dribles curtos. Com Suárez e Goñi bem colados aos zagueiros, houve pouco campo para o trabalho dos atacantes tricolores. Talvez o que tenha forçado a insistência em cruzamentos. De acordo com o Footstats, o Fluminense teve 53 durante a partida – 26 apenas no primeiro tempo.

Com boa presença de área, Pedro conseguiu vez e outra raspar a cabeça na bola. Mas, a rigor, a equipe teve dificuldades para lidar com um ferrolho tão bem armado e tão covarde quando o do Defensor. Sornoza avançava por dentro, mas Jadson, inexplicavelmente, se mantinha mais grudado à linha do meio de campo mesmo com o rival totalmente recuado. Leo, mal tecnicamente, pouco ajudava pela direita. Ayrton era arma ofensiva pela esquerda, tentando o diálogo com Matheus Alessandro. O ferrolho impedia. Tornava o jogo chato, quase irritante.

Flu ao fim: Sornoza ainda essencial, mesmo mais atrás

Não foi muito diferente dos dez minutos iniciais do segundo tempo. Marcelo Oliveira percebeu os resmungos da arquibancada em cada avanço de Leo e tentou ser mais ofensivo empilhando atacantes. Jadson assumiu a lateral e Everaldo entrou em campo, esticado na direita. Sornoza recuou alguns passos e Marcos Junior centralizou, indicando um 4-2-3-1. Ao mesmo tempo que continuava a tentar esgarçar a defesa uruguaia, Marcelo Oliveira buscava uma apróximação com Pedro, tentando aproveitar o espaço entre zagueiros e meio-campistas com Marcos Junior. Deu certo em alguns momentos quando Sornoza aproximou e Marcos Junior deixou o meio para correr à direita, entre zagueiro e ala. O cruzamento rasteiro saiu naa medida, mas Pedro perdeu boa chance.

Defensor ao fim; a covardia mantida

Matheus Alessandro deu lugar a Pablo Dyego. O Fluminense tentava pressionar a presa a sair de sua toca para dar o bote. Mas não há um time que resista a uma postura tão covarde como a do Defensor. Excessivamente recuados, os uruguaios abriram o leque tricolor para finalizações e escanteios. Bastaram dois deles. No primeiro, Sornoza cobrou na cabeça de Digão, que tocou na trave antes de ver a pelota morrer no fundo da rede. Aos 41 minutos. Um suspiro que invadiu o Maracanã. Impactado com o gol, o Defensor traiu sua lógica covarde por alguns minutos. Lançou-se ao ataque em busca do gol fora de casa que, mais do que o empate, daria a vantagem no jogo de volta. Foi fatal.

No contra-ataque, mais um escanteio ao Fluminense. E Sornoza fez o jogo se justificar. O lindo voo da bola direto à rede, na segunda trave. Gol olímpico. Espetacular. 2 a 0. Com 80% de posse de bola, 20 finalizações contra apenas uma, errada, e 592 passes trocados contra 77, o Fluminense deixou claro que há várias maneiras de se disputar uma partida de futebol. Mas a covardia, certamente, não é uma delas.

FICHA TÉCNICA
FLUMINENSE 2X0 DEFENSOR

Local: Maracanã
Data: 02 de agosto de 2018
Horário: 21h45
Árbitro: Germán Delfino (ARG)
Público e renda: 14.242 pagantes / 14.895 presentes / / R$ 325.205,00
Cartões Amarelos: Digão e Sornoza (FLU) e Mathías Suárez, Carrera, Rivero e Cardacio (DEF)
Gols: Digão (FLU), aos 41 minutos e Sornoza (FLU), aos 47 minutos do segundo tempo

FLUMINENSE: Júlio César; Leo (Everaldo, 11’/2T), Gum, Digão e Ayrton Lucas; Airton (Richard, 26’/2T), Jadson e Sornoza; Marcos Junior, Pedro e Matheus Alessandro (Pablo Dyego, 33’/2T)
Técnico: Marcelo Oliveira

DEFENSOR: Reyes; Mathías Suárez, Maulella, Nicolás Correa, Carrera e Goñi; Pablo López (Martín Correa, 36’/2T), Rabuñal, Cardacio, Cougo (Rivero, 29’/1T); Waterman (Navarro, 23’/2T)
Técnico: Eduardo Acevedo

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