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A grandiosidade de Montillo

Montillo adeus

De todas as frases que se tornaram célebres no futebol, talvez a de Paulo Roberto Falcão sobre a aposentadoria de um jogador seja a mais marcante. Quase todo mundo já a ouviu. De tão brilhante ficou até surrada com o uso contínuo. “Todo jogador morre duas vezes. A primeira quando se aposenta. A segunda, de verdade”. Marcante. E simboliza com precisão esse difícil ato de dar adeus. Não só em campos, como em quadras, pistas. Um ritual atravessado na maioria das vezes com dor. Um rompimento com a própria identidade. Daí o motivo da grandiosidade de Montillo.

Foi o agora ex-meia argentino quem utilizou a palavra morte sobre sua aposentadoria. Ao vê-lo com lágrimas no rosto na despedida de uma carreira, fez lembrar a frase de Guga em 2008. “Não é que eu não queira mais jogar. Eu não consigo mais”. Montillo também deixou claro que não consegue. Mas seria fácil tentar mais uma recuperação física e aumentar a conta bancária. Não o fez. Preferiu romper com toda uma ideia de vida sem nem mesmo ter planejado o futuro. Ser leal à própria família e a quem tanto depositou confiança em um futebol que já não pode entregar mais, no caso o Botafogo. Não conseguiu conviver com uma pálida imagem de si. Entendeu o recado e não lutou contra. Preferiu a dignidade.

Despedir-se é um ato de coragem. Algo que nem os grandes durante toda a carreira conseguem frequência. Basta lembrar de Rivaldo e Bebeto, por exemplo. Mesmo quando o futebol já os abandonara, quando as pernas não respondiam, lutaram em vão, de clube em clube, até se convencerem de que não havia mais sentido esticar a corda do sofrimento. Porque doi. Montillo, de novo, nos ensinou o quão difícil é morrer no futebol. Mas como é ainda mais duro se despedir com dignidade. Acusado de “roubar” o Botafogo por infelizes de redes sociais, Montillo chorou e deixou o clube e a carreira abraçado aos filhos e com camisas alvinegras como lembrança. Montillo foi grande.

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