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Ideia comprada: Fluminense mantém estilo Diniz e passeia sobre o Americano

Yony González 2019 estreia Fluminense

(Fluminense / Divulgação)

Fluminense Bruno Silva estreia

(Fluminense / Divulgação)

É impossível cobrar logo no segundo jogo da temporada um alto nível de atuação de uma equipe diante do desabrochar de um novo trabalho. Alternar entre jogos ruins e bons é até um padrão diante de um calendário que oferece pré-temporada tão curta. Os ajustes, portanto, são feitos com o carro andando. Já na estrada pela segunda vez em 2019, o Fluminense sobrou na goleada de 4 a 0 diante do Americano, em Bacaxá, pela segunda rodada da Taça Guanabara. É um dado importante. Após um início claudicante, algo pode ser dito sobre a equipe tricolor: o elenco comprou a ideia de Fernando Diniz e se dispõe a aperfeiçoá-la.

A estreia contra o Volta Redonda causou espanto a um Maracanã lotado por torcedores no velho espírito do futebol brasileiro: vencer sem correr riscos. Para Fernando Diniz, isso parece impossível. Sua ideia de futebol passa, claro, por correr riscos. Afinal, mesmo com um time de limitações técnicas preza pelo trabalho da posse, trocando bolas desde a defesa até o ataque. Em Bacaxá, com público reduzido, os chiados não se acumularam a cada recuo de bola ao goleiro Rodolfo, como quatro dias antes no Maracanã. Mas a mesma ideia permaneceu: 4-2-3-1, com Airton auxiliando na saída de jogo ao recuar entre os zagueiros, que abriam, permitindo aos laterais avançarem, tentando sufocar o rival.

A diferença era observada pelas estreias de Yony González, centralizado no ataque, e Bruno Silva no meio. Luciano, o homem mais próximo à área diante do Volta Redonda, caiu à direita. Ganhou o Fluminense em mobilidade. Mas, também, por parecer mais à vontade, principalmente na figura do meia Daniel. Acostumado ao estilo de jogo do técnico, com quem trabalhou em temporadas recentes, o garoto mostrou ser peça essencial para o desenvolvimento da equipe. Geralmente mais à esquerda, foi ele o responsável por impedir que a farta troca de passes permanecesse sem sentido. Sua primeira tentativa era arriscar um passe em profundidade. Assim, por exemplo, achou a entrada de Luciano pelo meio, resultando em um passe para Yony González, rápido, finalizar no pé da trave direita. Era interessante.

Flu no início: movimentação no ataque e ótima presença de Yony González

Mais recuado na primeira etapa, o Americano parecia conformado com o papel de coadjuvante. Rebatia, apenas, com um jogo mais bruto e chegadas fortes que ameaçaram tornar o confronto mais hostil. Bruno Silva e Airton devolveram as gentilezas também com entradas fortes. É, afinal, futebol profissional, sem a simples pureza de buscar um jogo meramente estético. O Fluminense e, principalmente, Fernando Diniz precisam de resultados para dar mais fôlego a um trabalho que requer tempo. E movimentação. Muita movimentação. A inquietude do ataque é fundamental para que a troca de passes possa fluir com naturalidade. Tudo bem exemplificado no primeiro gol. Everaldo recuou ao meio, Luciano ocupou sua faixa pela esquerda. Ao receber a bola, Daniel tentou, uma vez mais um passe em profundidade. Achou Luciano, que rolou para Everaldo na pequena área para finalizar na rede. Um belo gol, ao estilo de Fernando Diniz.

Ao fim, estrutura parecida, com Daniel ainda mais à vontade no meio

Aos poucos, o time parece assimilar o estilo requisitado pelo técnico. Há, neste início de temporada, uma clara predisposição para que as ideias sejam assimiladas com maior facilidade. No segundo tempo, por exemplo. O rival tentou mudar o estilo. Atrás no placar, o Americano optou por igualar a ideia de pressionar a saída de bola do adversário. Adiantou a marcação e tentou forçar o Fluminense a sair de um jogo que lhe parecia confortável, construindo as jogadas com toques de bola. Talvez, sem um técnico com ideia tão clara, o time saísse do estipulado já como necessidade e apelasse, vez em outra, para chutões. Ao contrário. Airton continuava a recuar entre os zagueiros, Matheus Ferraz e Ibañez abriam pelos lados e a tentativa era por trocar passes até o ataque. Com tamanha confiança, o placar aumentou naturalmente.

Yony González marcou o seu primeiro, com um curto desvio, ao receber bola de Everaldo pelo lado esquerdo. Daniel, ainda`mais à vontade em campo, cobrou falta na cabeça de Matheus Ferraz no terceiro gol. Com a fatura liquidada, Fernando Diniz promoveu trocas e novas estreias, como a de Caio Henrique na vaga de Bruno Silva. A estrutura, no entanto, permaneceu a mesma. Troca de passes desde a defesa e, a qualquer possibilidade, uma enfiada de bola. Nasceu assim o quarto gol, de Daniel a Yony González, que completou na saída do goleiro com categoria. O colombiano, aliás, foi grata surpresa na estreia: explosão, velocidade para a movimentação contínua e técnica com uma bola na trave e dois gols. 448 passes trocados – mesmo em um gramado ruim – 57% de posse e goleada com folga. Testes de maior qualidade virão pela frente. É o início de um trabalho. Mas, ao que tudo indica, o elenco comprou mesmo a ideia de Fernando Diniz.

FICHA TÉCNICA
AMERICANO 0X4 FLUMINENSE

Local: Eucy Resende, em Bacaxá (RJ)
Data: 24 de janeiro de 2019
Horário: 21h30
Árbitro: Alexandre Vargas Tavares de Jesus (RJ)
Público e renda: 1505 pagantes / 1.719 presentes / 38.020,00
Cartões Amarelos: Luis Henrique, Admilton, Gabriel, Abuda e Vandinho (AME) e Airton, Bruno Silva, Yony González e Luciano (FLU)
Gols: Everaldo (FLU), aos 37 minutos do primeiro tempo e Yony González (FLU), aos 16 minutos e Matheus Ferraz (FLU), aos 19 minutos e Yony González (FLU), aos 37 minutos do segundo tempo

AMERICANO: Luis Henrique; Léo Rosa, Admilton, Gabriel e Rafinha; Abuda; Vandinho, Neto, Marquinhos (Paulo Vitor, 30’/2T) e Gustavo Tonoli (Espinho, 20’/2T); Romário
Técnico: Josué Teixeira

FLUMINENSE: Rodolfo; Ezequiel, Ibañez (Nathan Ribeiro, 20’/2T), Matheus Ferraz e Mascarenhas; Airton (Caio Henrique, 33’/2T) e Bruno Silva; Luciano, Daniel e Everaldo; Yony González (Mateus Gonçalves, 39’/2T)
Técnico: Fernando Diniz

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