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Jair raspa o tacho e mantém Botafogo competitivo diante do Galo no Horto

Robinho Atlético-MG 2017

Robinho Atlético-MG 2017

Jair Ventura obteve uma temporada de êxito em 2017 ao organizar com obsessão quase militar um Botafogo limitado, mas extremamente competitivo. Ao longo do ano, o técnico trabalhou para manter a fôrma da equipe, embora trocasse peças. Na reta final do Brasileiro e, consequentemente, da temporada, ele procura abrir as asas. E raspa o tacho do elenco. Utiliza o que tem, tenta encontrar novas fórmulas para manter o time firme no combate contra qualquer outro no futebol nacional. Por isso, correu riscos em Belo Horizonte, diante do Atlético-MG, mas o empate sem gols brindou a equipe com um ponto na tabela, a três do G-4.

É um grande feito ter alcançado as quartas de final da Libertadores e ter ameaçado de forma bem incômoda o virtual finalista Grêmio. Jair luta com as armas que pode. Mas ao ter percalços como a saída forçada de Roger, em tratamento de um tumor no rim, acabou obrigado a trabalhar por alterações maiores. Contra o Corinthians já fora assim. Diante do Atlético-MG, mais uma vez o Botafogo não foi o 4-4-2 de sempre, com Pimpão pela esquerda, Bruno Silva pela direita e um meia – no caso de João Paulo, mais volante – aproximado do atacante. No Horto, o time foi a campo com uma formação mais clássica. Pimpão efetivamente no ataque, ao lado de Brenner. Pela esquerda, Gilson. Na direita, bem avançado, Bruno Silva.

Galo no início: avançado, com Fred fixo

Foi um jogo franco, com equipes voltadas ao ataque nos minutos iniciais. Aflitas até demais em empurrar o rival para o seu campo. Em um 4-2-3-1, o Galo tinha Robinho pela esquerda, revezando com o centralizado Valdivia, e Otero pelo lado direito. Elias se convertia quase em um meia com tamanha capacidade de infiltração, possibilitando um ataque em bloco do Atlético. Nessa empolgação, dois sustos com minutos. Primeiro em bola cruzada de Gilson afastada pela zaga atleticana. Depois da desenvoltura de Otero pela direita, ao driblar Victor Luis e arriscar o chute, mandando o rebote nas alturas.

Mas Jair, como dito, raspou o tacho. Exigiu uma adaptação do elenco à ideia do jogo. Trabalhou com o que tinha. João Paulo auxiliava Matheus Fernandes na marcação, liberando Bruno Silva para avanços ao lado de Pimpão e Brenner, este sem a característica de prender a bola e trabalhar bem como pivô como Roger. Um Botafogo até mais ousado, solto. E com jogadores de meio com maior qualidade no passe e na saída de jogo. A intenção clara era abafar o Atlético-MG no início, surpreendendo o rival. O Botafogo tentou, marcou a saída de bola, beliscou.

Botafogo ao início: 4-4-2 com dois atacantes de ofício

Foram 20 minutos de pressão. Brenner atrapalhou a cabeçada de Bruno Silva em belo cruzamento de Victor Luis para a área. Mas aos poucos o Atlético-MG entrou no jogo. Para equilibrar ações, divididas no meio de campo. Não para arriscar. Embora com jogadores muito técnicos, o Galo de Oswaldo de Oliveira parece ainda estar na batida de outros técnicos. Um time com coletivo muito tímido, baseado nos talentos individuais. E tentado a jogar com velocidade pelas pontas, trabalhando muito com Robinho e Otero. Setores bem fechados pelo Botafogo, com Gilson e o incansável Bruno Silva pela direita, que impressiona pela vitalidade para ir e voltar ao ataque. Com isso, Valdivia tinha muita dificuldade para trabalhar pelo centro, vigiado por Matheus Fernandes e João Paulo. Adilson, mais solitário na proteção à defesa atleticana, tinha mais dificuldades. O empate sem gols foi o mais óbvio para o intervalo.

Oswaldo enxergou a dificuldade de Valdivia. Não fosse o problema disciplinar de Cazares durante a semana, ao se atrasar quase duas horas para um treino, o cabeludo ex-colorado provavelmente nem seria titular. Punição dada a Cazares, Oswaldo tentou interromper a punição ao time. O Galo precisava de alguém mais criativo e veloz pelo meio, mantendo a qualidade de drible pelo lado. Centralizou Robinho para se aproximar com Fred e pôs Cazares na esquerda, sacando Valdivia.

Galo ao fim: dois centroavantes e muitos cruzamentos

Uma troca que pareceu intimidar o Botafogo de Jair. Naturalmente, com Cazares, Robinho, Fred e Otero no setor ofensivo do rival, os cariocas se encolheram. Marcaram mais atrás, com Bruno Silva bem menos ofensivo do que na primeira etapa. Em uma troca de passes do quarteto do Galo, Otero quase marcou, mas bateu por cima do gol, dentro da área. O Botafogo encontrava dificuldades para sair para o jogo. Estava acuado, pressionado em seu campo. Jair precisava desafogar a equipe. E raspou de novo o tacho. Sacou Victor Luis, recuou Gilson à lateral e pôs Guilherme em campo. Pimpão ocupou a sua faixa tradicional em 2017, na esquerda atrás dos homens mais ofensivos. Guilherme foi o segundo atacante ao lado de Brenner. E o time voltou ao jogo.

Ao fim, time mais fechado e Bruno Silva avançado

Em rápida esticada pela direita, Arnaldo passou como quis por Gabriel, cruzou na outra ponta, onde Pimpão ajeitou para Guilherme. Com um drible seco no zagueiro, ele bateu forte, mas Victor defendeu. O Atlético-MG agora apresentava dificuldade para defender. Muito ofensivo, vários espaços do meio para trás. Uma tônica de 2017. E Oswaldo tentou apelar para o lugar comum: bola na área para centroavantes. Rafael Moura substituiu Otero e foi ajudar Fred na área. Robinho, pela esquerda, e Cazares, pela direita, formavam o 4-4-2 do Atlético que passou a buscar os cruzamentos. Foram 29 em todo jogo, de acordo com o site Footstats. Apenas quatro certos.

Rafael Moura ainda acertou a trave de Gatito em chute rasteiro e despretensioso de fora da área. Mas o Botafogo, com Dudu Cearense na vaga de Pimpão, fechou-se a minutos do fim para abraçar o ponto conquistado. Jogou pela tabela, pelo campeonato. Há chance de ser ultrapassado nesta segunda pelo Cruzeiro, mas o Botafogo encerrou o domingo como o quinto colocado no Campeonato Brasileiro, dentro da Libertadores pela segunda vez consecutiva. Sem Montillo, Camilo, Roger e com orçamento bem limitado. Jair raspa o tacho, adapta como é possível. E mantém a competitividade. É, de longe, o melhor trabalho sob o aspecto de custo-benefício do futebol brasileiro em 2017.

FICHA TÉCNICA:
ATLÉTICO-MG 0X0 BOTAFOGO

Local: Estádio Independência, em Belo Horizonte (MG)
Data: 22 de outubro de 2017
Horário: 17h
Árbitro: Sandro Meira Ricci (SC – Fifa)
Público e renda: 17.086 pagantes / R$ 274.880,00
Cartões amarelos: Elias (ATL) e Carli e João Paulo (BOT)
Gol: –

ATLÉTICO-MG: Victor; Marcos Rocha, Leonardo Silva, Gabriel e Fábio Santos; Adilson e Elias; Valdivia (Cazares / Intervalo), Otero (Rafael Moura, 35’/2T) e Robinho (Clayton, 44’/2T); Fred
Técnico: Oswaldo de Oliveira

BOTAFOGO: Gatito Fernández; Arnaldo, Carli, Igor Rabello e Victor Luis (Guilherme, 18’/2T); Matheus Fernandes, Bruno Silva, João Paulo e Gilson; Rodrigo Pimpão (Dudu Cearense, 39’/2T) e Brenner (Vinicius Tanque, 28’/2T)
Técnico: Jair Ventura

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