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Leitura, viagens e idolatria: Diego e Scarpa, os craques low profile do Fla-Flu

Diego Gustavo Scarpa Flamengo Fluminense

Diego com a leitura e Scarpa em Hollywood durante as férias: craques dentro e fora de campo

Os números invertidos na idade de cada parecem separá-los. Um tem 32 anos. Outro conta apenas 23. Gerações diferentes, mas representações iguais em seus clubes. São as referências nos times de Flamengo e Fluminense que decidem a Taça Guanabara neste domingo. Um abdicou da camisa 10 para vestir a 35. Outro deixou de lado o número 40 e acolheu a 10. Fora de campo fogem ao estilo padrão do boleiro. Diego e Gustavo Scarpa mostram no dia a dia um enxergar o mundo além do campo. Sem badalação, entendem os passos necessários para ser ídolo de uma grande torcida.

Ambos vivem estado de graça. Diego, nesta semana, foi convocado para a disputa das Eliminatórias pela Seleção Brasileira. Emocionado, chorou como o garoto de 16 anos que conquistou o Brasileiro de 2002 pelo Santos e arrebatou o futebol nacional ao lado de Robinho. Menino da Vila, homem do Ninho do Urubu. Desde que chegou ao clube, ele matou no peito a necessidade de ser a imagem do Flamengo em campo e fora dele. Mais maduro, mede as palavras. A estrada da bola parece ter ensinado o peso de cada uma delas. Calcula os passos fora das quatro linhas tanto quanto observa o restante do gramado antes de receber uma bola. E tece elogios a Scarpa.

“O que posso é reconhecer a qualidade dele. Realmente um jogador rápido, tem uma perna esquerda precisa. Jogador que gosta de jogar mais aberto para a direita, para trazer para dentro e tem uma visão muito boa. Finaliza muito bem de fora da área. É um jogador importantíssimo. Temos de ter atenção”, disse Diego.

Diego e a família durante as férias

Desde que chegou ao Flamengo, o meia tem 79% de aproveitamento em 24 partidas. 17 vitórias, seis empates e apenas uma derrota. Neste ano, Diego arrebata a torcida ao comandar o meio de campo com maestria. O gol diante do rival Vasco foi o décimo com a camisa rubro-negra. Em 2017 são 419 minutos em campo nos cinco jogos que disputou no Carioca. Quatro gols marcados, um cartão amarelo recebido. Muito em campo. Mas, fora dele, Diego mostra também ser diferente. Durante as férias, programas em família registrados em redes sociais. Praias, farra com os filhos, leitura. Distinto da boleiragem padrão. Raciocínio em campo e fora dele. Maturidade de um homem aos 32 anos? Talvez. Mas que também atinge o garoto Scarpa.

Coube ao talentoso meia a função de liderar, em campo, o Fluminense a partir de 2016, com a saída de um ídolo do quilate de Fred. Não pesou para o franzinho garoto nascido em Campinas, no interior de São Paulo, que deixou o Desportivo Brasil rumo à base tricolor em 2012. A canhota caprichada, a velocidade e a inteligência no jogo chamaram a atenção. Logo se tornou peça fundamental do Fluminense. Ganhou a camisa 10, virou ídolo da garotada. É requisitado.

Scarpa ferias

Scarpa em Las Vegas durante as férias

Mas mantém os ares de garoto tímido e concentrado em público. A voz é sempre baixa. O estilo também foge ao padrão. Nas férias, embarcou para uma viagem pelos Estados Unidos. California, Las Vegas, em Nevada, e depois Nova York. Fala inglês com desenvoltura. Ciente da importância que tem, alimentou as redes sociais com algumas fotos para os fãs. É um ídolo, mas poderia ser mais um deles, torcedores. Braços abertos, óculos e felicidade nas legendas. Religioso, sempre cita Deus. Em 2017 também está voando baixo. No Carioca, cinco jogos, 405 minutos em campo, três gols. Na Copa do Brasil, um golaço de antes do meio de campo, contra o Globo-RN, lhe rendeu uma placa.

“Quem me acompanha nos treinos sabe que eu treino muito esse lance. Esse dia vai ficar marcado pelo resto da minha vida. Estou muito feliz em receber a placa”, disse Scarpa.

A presença em campo no clássico, no entanto, ainda é um mistério. Após levar um carrinho desleal na semifinal contra o Madureira, ele luta para recuperar o tornozelo direito. Caso jogue, o camisa 10 vai encontrar Diego pela segunda vez em 2017. Em janeiro, ambos estavam entre os convocados de Tite para o jogo entre Brasil e Colômbia, no Engenhão, palco da final deste domingo.

“Talvez ele seja um jogador que goste de cair mais pelas beiradas, tem mais velocidade, eu um pouco mais de criação, mais centralizado. Mas é difícil ter uma análise de mim mesmo como jogador”, afirmou Diego, instigado a fazer uma comparação entre ambos.

No Fla-Flu, as diferenças de camisa novamente os separam. Mas Diego e Gustavo Scarpa são afinados. Ídolos, pensadores e referências. Craques low profile.

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