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Mais do que uma vitória, Botafogo mostrou outra face contra o Fluminense

Que o Botafogo é uma equipe extremamente organizada, até obsessiva na tarefa de cumprir seu plano de jogo, longe de ser novidade. Mas a cobrança em torno de Jair Ventura, depois bases tão sólidas, já se encaminhava na direção de vislumbrar novas possibilidades. Tornar-se até mais plástico, com gosto pela ofensividade, sem perder tanto a organização defensiva característica. Pois na vitória de 1 a 0 sobre o Fluminense, no Maracanã, o Botafogo, enfim, apresentou a outra face. Teve prazer em ter a bola e colocou o rival na roda em quase metade da primeira etapa. É possível variar.

Flu no primeiro tempo: poucas ações

Talvez pela entrada de um jogador. Marcos Vinícius, aposta de Jair diante da perda repentina de Bruno Silva, lesionado. Postado sempre no 4-4-2 rígido, o Botafogo já teve Camilo como fiel companheiro de Roger. Com a queda de produção, João Paulo, dublê de volante e meia, fez a função com competência. Mas Marcos Vinícius fez mais. Tem mais mobilidade e vocação ofensiva do que João Paulo, finaliza bem mais do que Camilo. Com ele, o Botafogo sorriu. Uma ótima válvula de escape que carimbou a trave de Julio Cesar e, em seguida, o obrigou o goleiro a fazer uma senhora defesa após um chute de canhota.

Não foi, porém, um início tão fácil. O Fluminense tentou acelerar o jogo no início, utilizando as saídas pelos lados com Wellington e Richarlison, sob a batuta de Gustavo Scarpa mais atrás. O problema é que o Botafogo, ciente disso, se fechou bem e bloqueou até os avanços de Wendel, em noite ruim após volta de lesão. A saída de bola tricolor acabou restrita a Orejuela, que raramente arrisca o drible ou um passe mais ousado. O meio do Botafogo estava lá: João Paulo fez as vezes de Bruno Silva na direita, Rodrigo Lindoso e Matheus Fernandes, jogador moderno com a marcação e saída de bola, mais ao centro e Pimpão, incansável, pela esquerda.

Botafogo no início: Marcos Vinícius

Foi um avançar de casas do Botafogo. Se nos primeiros minutos de clássico ambos os times tentavam esperar o adversário para buscar o contra-ataque, aos poucos o Botafogo foi se acostumando à ideia de que, sim, era melhor em campo, mais bem distribuído e podia fazer a bola girar. Afinal, ter a posse não é mesmo ruim assim. Não há botinudos no Botafogo. Então a bola viajou da esquerda para a direita, da direita para a esquerda, com as interferências providênciais de Marcos Vinícius, caindo do centro para o lado esquerdo, apoiado por Pimpão em algumas oportunidades. O gol não tardaria, mas foi quase uma ironia do destino: em bola parada, quando o time prezava pela bola como em muito tempo. Escanteio de João Paulo, Roger solitário entre os zagueiros, toque para a rede. 1 a 0.

Flu ao fim: garotada em campo

Um resultado justo para o primeiro tempo e que fez Abel Braga tentar tornar o 4-2-3-1 tricolor mais flexível. Pedro, isolado e de pouca mobilidade, saiu para a entrada de Calazans, que assumiu o lado direito. Wellington caiu para a esquerda e Richarlison centralizou. Scarpa ainda repetia movimentos da primeira etapa no ataque. Mas voltava com frequência antes da linha do meio de campo para receber a bola dos zagueiros e iniciar o jogo tricolor.

Botafogo ao fim: o velho 4-4-2 fechado

O Botafogo, então, voltou ao seu jogo normal e organizado de sempre. Muito em função do cansaço de Marcos Vinícius, o passar da bola por pés botafoguenses diminuiu. Jair entendeu e foi pragmático: colocou Camilo em campo e passou a buscar apenas o contra-ataque, chamou o Fluminense para o jogo. Mas era um domínio ineficiente. Um girar de bola, sem conseguir furar o bloco de defesa rival. Abel insistiu, sacou Mascarenhas, amarelado, pôs Calazans como lateral e Matheus Alessandro na esquerda. Talvez uma tentativa de aproveitar os avanços de Arnaldo. Em um lance, Lucas cruzou e Matheus, sozinho, cabeceou na trave.

O panorama continuou igual, com trocas de ambos os lados para revigorar o pulmão da equipe. O Botafogo ainda carimbou mais uma bola na trave no fim da partida, em arrancada espetacular de Guilherme pela esquerda e Jefferson, de novo em boa noite, buscou uma cobrança de falta perigosa de Scarpa. O meia, aliás, recuou num ato de desespero do tricolor e os zagueiros plantaram na área alvinegra. Por meio de lançamentos do camisa 10, o time tentou o empate para os grandalhões Henrique e Reginaldo. Sem sucesso. Na arquibancada, era possível observar botafoguenses sorridentes. Não era apenas a vitória. Por metade de um tempo, o Botafogo provou ser possível não depender apenas do contragolpe para agredir. Teve a bola e gostou. Girou o jogo. Dominou o rival. Subiu um degrau. Mostrou outra face.

FICHA TÉCNICA:
FLUMINENSE 0X1 BOTAFOGO

Local: Maracanã
Data: 12 de julho de 2017
Horário: 21h
Árbitro: Wagner Reway (MT – Fifa)
Público e renda: 12.882 pagantes / 14.851 resentes / R$ 414.045,00
Cartões amarelos: Mascarenhas, Henrique e Calazans (FLU) e Matheus Fernandes, Carli e Victor Luís (BOT)
Gol: Roger (BOT), aos 38 minutos do primeiro tempo

FLUMINENSE: Julio Cesar; Lucas, Reginaldo, Henrique e Mascarenhas (Matheus Alessandro, 21’/2T); Orejuela e Wendel; Wellington (Lucas Fernandes, 31’/2T), Gustavo Scarpa e Richarlison; Pedro (Calazans / Intervalo)
Técnico: Abel Braga

BOTAFOGO: Jefferson; Arnaldo, Carli, Igor Rabello e Victor Luís; João Paulo, Rodrigo Lindoso, Matheus Fernandes (Fernandes, 39’/2T) e Rodrigo Pimpão; Marcos Vinícius (Camilo, 16’/2T) e Roger (Guilherme, 25’/2T)
Técnico: Jair Ventura

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