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Mais uma vez, Botafogo faz de sua obsessão o trunfo para outro passo na Libertadores

Botafogo escudo

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A cena já é clássica nos jogos do Botafogo em 2017. Esticada para Pimpão na esquerda, ele quebra para o meio e inverte na direita, onde Bruno Silva geralmente já se posiciona quase dentro da área. E a jogada resulta em gol. Um lance recorrente que, mais uma vez, apareceu diante do Nacional e rendeu a vitória simples por 1 a 0 no jogo de ida nas oitavas de final da Libertadores. Repetição digna de um time obcecado como o Botafogo de Jair Ventura. Nada pejorativo. Há uma cartilha que fez a equipe voar longe na América do Sul. De maneira quase militar, o Botafogo a segue.

Por isso, talvez, fique tão à vontade em jogos fora de casa. Gosta de ser atacado, dar campo ao rival para contragolpear de maneira fatal. Sabe que vai entrar em campo no 4-4-2, muito fechado, ocupando espaços. Um exército com seu plano. De tão organizado, o Botafogo sente pouco a mudança de peças. Daí a ousadia de Jair Ventura em abrir mão de um meia de ofício, caso de Camilo, para apostar em João Paulo, volante, mais avançado ao lado de Roger. Uma alternativa quando o camisa 10 estivera lesionado virou solução. O jogo encaixou na cartilha.

Botafogo no 4-4-2 de sempre

Ao atacar com três homens, o Nacional procurava explorar os lados, nas costas de Arnaldo e Victor Luís, com Viúdez e Sebástian Fernández. E partir para alçar bolas na área em busca do grandalhão Silveira. Caprichou algumas vezes. Ocorre que o Botafogo é muito bem posicionado defensivamente. A zaga mostra segurança. Carli é um ótimo rebatedor em bolas aéreas, fora a boa fase de Gatito. Em um bate-rebate, vá lá, a bola quase entrou. Mas foi só. Não adiantava forçar. O Botafogo, obcecado, não muda a estratégia. Mantém a postura na defesa e no ataque, onde as chances são raras.

Engana-se, porém, quem enxerga no Botafogo uma equipe apenas retrancada. Há bola no chão, os volantes sabem utilizar o jogo de troca de passes. Mas sem toques laterais, sempre em direção ao gol rival. Matheus Fernandes é o exemplo. Defende com consistência, ataca com consciência. Um plano para desafogar. Os avanços de Fucile caíram como uma luva ao gosto do Botafogo. Parecia feito em manual. Por ali, a jogada clássica. Lindoso lançou Pimpão, que cortou para dentro e enxergou Bruno Silva. A batida na zaga deu sobra para João Paulo, que tentou o domínio, mas, por sorte, tocou por cima do goleiro. O volante que virou meia e fez a função de atacante. De tudo um pouco.

A vantagem do primeiro tempo construiu um fim de jogo ao feitio alvinegro. Ainda mais campo ao rival, pressionado pela torcida e pela necessidade. Por mais que o Nacional girasse a bola da direita para a esquerda, da esquerda para a direita, o Botafogo não se movia um milímetro. É a mesma mecânica. Para tirar o time de Jair do seu conforto, apenas dando a ele a necessidade de atacar gratuitamente, como ocorreu contra o Avaí, por exemplo. Em Montevidéu, não havia a menor necessidade. Ainda mais com a vantagem. Avanços em conjunto de Bruno Silva pela direita e Pimpão pela esquerda. Quando atacado, dois blocos de quatro fechados, João Paulo e Roger à frente. Tática quase militar. Obcecada.

Botafogo ao fim: militarmente igual

Por isso, não houve praticamente trabalho para Gatito no segundo tempo. Há muita consistência. E até curioso. A obsessão pela organização tática é tamanha que ainda que os rivais conheçam sua maneira de jogar, caem na armadilha. Têm a bola, giram o jogo, mas esbarram num sistema sólido baseado na defesa competente. E cedem contra-ataque. O Nacional, com poucos recursos técnicos, teve a bola por 60% do tempo. Finalizou 17 vezes, mas apenas duas na meta. Cruzou 41 bolas, de acordo com o site Footstats. Mas não vazou Gatito.

Sim, o Botafogo é limitado. Sim, a Libertadores testa o elenco a todo momento. Sim, o time é constantemente colocado em dúvida por rivais. E, sim, a campanha na América do Sul é gigantesca mesmo diante de todas as barreiras. Méritos de Jair Ventura que forjou um time completamente obcecado pela organização. Um atalho e tanto para o sucesso em uma trilha já épica do Botafogo pela América.

FICHA TÉCNICA:
NACIONAL 0X1 BOTAFOGO

Local: Gran Parque Central, em Montevidéu, Uruguai
Data: 06 de julho de 2017
Horário: 21h45
Árbitro: Julio Bascuñán (CHI)
Cartões amarelos: Fucile e Romero (NAC) e João Paulo e Bruno Silva (BOT)
Gol: João Paulo (BOT), aos 37 minutos do primeiro tempo

NACIONAL: Conde; Fucile (Kevin Ramírez, 11’/2T), Rafael García, Polenta e Espino; Romero e Álvaro González; Viúdez (Liguera, 37’/2T), Carballo e Sebastián Fernández; Silveira (Diego Coelho, 27’/2T)
Técnico: Martín Lasarte

BOTAFOGO: Gatito; Arnaldo, Carli, Emerson Silva e Victor Luís; Bruno Silva, Rodrigo Lindoso, Matheus Fernandes e Rodrigo Pimpão (Rodrigo Pimpão, 38’/2T); João Paulo (Camilo, 33’/2T) e Roger (Marcos Vinicius, 47’/2T)
Técnico: Jair Ventura

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