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Mesmo com derrota, liderança: no pacote, o Botafogo é assombroso na Libertadores

Jair Ventura Botafogo 2017 Taça Rio

Não há nem como lamentar a derrota para o Estudiantes na Argentina, por um magro 1 a 0. O que houve nesta quinta-feira foi a celebração de um trabalho muito bem elaborado por Jair Ventura e pelo departamento de futebol de um assombroso Botafogo. Sim, assombroso. Um grupo que saiu da luta contra o rebaixamento em 2016 para a disputa de uma ferrenha Libertadores, com direito a fase preliminar. Agora, o torcedor alvinegro pode bater no peito ainda com mais orgulho: em um dos dois grupos mais difíceis da maior competição sul-americana, o líder atende pelo nome de Botafogo.

O jogo na Argentina, em si, valia pouca coisa diante da classificação antecipada ao lado do Barcelona de Guayaquil na penúltima rodada. Até por isso, Jair Ventura se deu ao luxo de poupar um jogador-chave na competição, caso do meia Camilo, e não tinha Rodrigo Pimpão, suspenso. Mas o time estava lá novamente postado no conhecido 4-4-2 fechadíssimo, pronto para sair em contra-ataque. Mesma função, mas as características diferentes dos substitutos. O estilo de jogo acabou um pouco modificado.

Gilson pelo lado no início: não funcionou

Gilson na esquerda, na vaga de Pimpão, é lateral de origem. Busca mais o extremo do campo e não cai pelo meio no ataque, em busca de um auxílio dos homens de frente, principalmente Roger. Pimpão por vezes apareceu na área e decidiu jogos para a equipe. Gilson não manteve a característica. Na frente, Guilherme no lugar de Camilo. Drible e jogo mais agudo em vez de passe e maior posse. Por isso, o Botafogo recuperava a bola, buscava a saída rápida, mas não conseguia agredir no contra-ataque. O jogo ficava muito preso aos lados do campo.

O Estudiantes, na partida derradeira (será?) de Verón, postado em 4-2-3-1, com o jogo sempre passando pelo presidente do clube, acionado os lados. Otero, como na partida no Engenhão, criava dificuldades ao cair pelas pontas. Driblador, veloz. Mas seria injusto dizer que o jogo tinha um dono absoluto. Era um perde e ganha, com dois times mais soltos da falta de necessidade de um resultado por uma vaga. Ainda assim, em bola alçada na área, Igor Rabello testou e resvalou para trás ao tentar o corte. Solari aproveitou a sobra para tocar para o fundo do gol. 1 a 0.

À essa altura, a liderança do Botafogo parecia improvável. O Barcelona empatava com o Atlético Nacional na Colômbia. No segundo tempo, Jair tentou tornar o time mais agressivo sem substituições. Inverteu Gilson e Victor Luis de posição. Victor tem mais qualidade técnica e capacidade para buscar o jogo por dentro, tentando o diálogo com Guilherme e Roger. Não mudou tanto. Apenas Roger, em cruzamento de Gilson, cabeceou bem e assustou. E, de repente, o Barcelona não suportava mais o jogo do Atlético Nacional na Colômbia. 3 a 1. Mesmo com a derrota, o Botafogo era agraciado com a vaga pelo saldo de gols.

Ao fim do jogo: segurar o placar magro

O resultado de Medellín, no entanto, pareceu não ter chegado ao campo. Com Joel, Guilherme e Roger, o time se mandou ao ataque, cedendo espaços fartos para o contra-ataque do Estudiantes. Em determinado momento, o xerifão Carli tentava jogada individual na frente da área argentina. Se sofresse um gol, o Botafogo cederia a liderança. Estrategicamente seria mais interessante amarrar a partida. Toledo, cara a cara com Gatito, perdeu a chance de tirar o doce da boca do torcedor alvinegro. Jair decidiu fechar o time com a troca de Dudu Cearense por Lindoso. A equipe entendeu o recado e segurou a bola. Restava apenas aguardar os apitos finais na Argentina e na Colômbia. Eles vieram. Com um sopro de sorte, o Botafogo fechou mais um capítulo de sua incrível história na Libertadores de 2017.

Mas a sorte fica nesta combinação de resultados pela liderança. Houve, sim, enorme competência do Botafogo em todo o planejamento executado em uma temporada que começou a mil antes do esperado. Jair mostrou ter conhecimento soberbo do grupo, alternando jogadores de posição ao transformar um elenco limitado em um time extremamente organizado e competitivo. Junte isso à alma dos jogadores e pode ser o suficiente para conquistar a América. Sim, não há motivos para duvidar de até onde poderá chegar esse Botafogo.

A mistura de gerações fora de campo, com o diretor de futebol Antonio Lopes, 75 anos, com o técnico Jair Ventura, de 38 anos, é outro ponto alto. O novo amparado pelo antigo. Em uma linguagem só, o Botafogo caminha forte. Terá tempo para contar com o reforço de Montillo, a contratação da temporada, e talvez o retorno do goleiro Jefferson para as oitavas. Olhe no calendário: quem imaginaria que neste 25 de maio de 2017 o time seria líder de um dos dois grupos mais duros da Libertadores? Classificação por antecipação. Depois de dois mata-matas nas fases preliminares. Caíram Colo Colo, Olimpia, Estudiantes e o campeão Atlético Nacional. Assombroso, este Botafogo.

FICHA TÉCNICA:
ESTUDIANTES 1X0 BOTAFOGO

Local: Centenario Ciudad de Quilmes, em Quilmes (ARG)
Data: 25 de maio de 2017
Horário: 21h45
Árbitro: Eduardo Gamboa (CHI)
Cartões amarelos: Victor Luis, João Paulo, Igor Rabello e Joel (BOT)
Gols: Solari (EST), aos 24 minutos

ESTUDIANTES: Andújar; Facundo Sánchez (Aguirregaray, 44’/1T), Bazzana, Desábato e Lucas Diarte; Braña, e Cascini; Otero, Verón (Damonte, 47’/2T) e Toledo (Umeres, 40’/2T); Solari
Técnico: Nelson Vivas

BOTAFOGO: Gatito; Emerson Santos, Carli, Igor Rabello e Victor Luis (Fernandes, 25’/2T); Bruno Silva, Rodrigo Lindoso (Dudu Cearense, 40’/2T), João Paulo (Joel, 25’/2T) e Gilson; Guilherme e Roger
Técnico: Jair Ventura

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