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Na estreia de Zé, um Vasco ainda mais consistente na defesa e derruba o Grêmio

Zé Ricardo teve quase duas semanas para ajustar o Vasco ao seu gosto. Pouco tempo para grandes saltos, mas suficiente ao menos para mandar a campo um time mais sólido defensivamente. Não é novidade. No início de seu primeiro trabalho nos profissionais, no Flamengo, Zé iniciou a montagem do time pela defesa. Foi o que se viu em um São Januário internamente frio com o vazio na arquibancada, mas aquecido pelos cânticos de torcedores nas ruas ao redor do estádio. Consciente, seguro e sem correr nenhum grande risco, o Vasco conseguiu vitória fundamental sobre o vice-líder Grêmio, em gol solo do garoto Matheus Vital.

Vasco no início: velocidade só nos laterais

Diante do Fluminense, sob os olhos de Zé Ricardo em uma cabine do Maracanã, Valdir montara o Vasco já de forma mais segura, com a trinca de meias Matheus Vital, Nenê e Wagner no 4-2-3-1. No clássico vencido por 1 a 0, o Vasco ainda ofereceu alguns espaços ao Tricolor e saía em grande velocidade para contragolpear o rival. Diante do Grêmio, time que tem a qualidade do passe como principal característica, tentar acelerar a saída de bola seria um erro. Qualquer passe errado poderia resultar em um adversário de pé em pé até a sua área. Seria melhor, então, tentar manter a bola sob o domínio vascaíno o máximo de tempo possível.

Talvez por isso Zé tenha optado por Escudero ao lado de Wellington na vaga do suspenso Jean. Foi a única modificação em relação ao clássico contra o Fluminense. Um meia, lento, mas com maior qualidade no passe. No 4-2-3-1, como o Grêmio. Sem Luan, poupado para a Libertadores, Renato Gaúcho arriscou Léo Moura como o homem centralizado atrás de Barrios, com Fernandinho e Ramiro pelos lados. Mas desde os tempos de Flamengo o lateral indica não ter cacoete para jogar por dentro do campo. A qualidade no passe permanece, mas sem apresentar movimentação necessária para se livrar da marcação mais ferrenha no campo. Léo, então, buscava cair pela esquerda e cruzar para a área. E lhe faltavam a habilidade e o drible de Luan.

Grêmio: toque de bola de pouca objetividade

Surtiu pouco efeito ao Grêmio. O time passava uma falsa impressão de domínio do jogo. Girava a bola sem nenhuma objetividade, uma tentativa sequer de enfiada ou infiltração. Não parecia um time disposto a caçar o líder do campeonato a qualquer custo. Fernandinho tinha pouco espaço para avançar pela esquerda e não se entendia com a subida de Cortês. Um jogo que favorecia o Vasco. Bem postado na defesa, o time saía com velocidade apenas com Madson e Ramon. Por dentro, tentava trabalhar o passe, com mais calma, com Nenê geralmente voltando antes da linha do meio de campo para servir um dos lados. Foram duas chances que surgiram nesta dinâmica.

Na primeira, Madson recebeu pela direita, cruzou para o centro e Nenê, livre de marcação, bateu para fora. Na seguinte, Wagner deixou o lado esquerdo, caiu pelo meio e serviu Nenê de peito. O meia avançou e, na frente da área, enxergou Ramon passando pelo espaço deixado por Wagner. O cruzamento foi preciso e encontrou Matheus Vital na pequena área, no vácuo de Cortês, na entrada da grande área mais uma vez despreocupado com a defesa. Eficiente, fatal. 1 a 0. Antes do intervalo, de novo o garoto quase marcou em belo chute de fora da área. O Grêmio pareceu ter se assustado. Talvez entendesse que mandava como queria no jogo.

Vasco no fim: três trocas em busca de velocidade

Os números do site Foostats, no entanto, dissecavam melhor o primeiro tempo: a maior posse de bola (51%) fora do Vasco, que ainda finalizou duas vezes mais (seis contra três) do que o Grêmio. Era esperada uma mudança de postura dos gaúchos no segundo tempo. Renato empurrou o time para frente, literalmente. A equipe avançou casas. E, de certa forma, conseguiu retrair o Vasco na defesa. Mas o maior problema continuava: girava a bola sem objetivo diante do adversário bem fechado. Em 15 minutos, Renato desisiu de acionar Léo Moura como meia. Colocou Everton em campo pela esquerda. Fernandinho passou à direita e Ramiro centralizou. Mas nada que resolvesse a falta de infiltração.

Zé Ricardo entendeu que a postura defensiva era competente, mas era necessário responder o Grêmio com avanços ao ataque. Intimidá-lo ao menos e responder aos gritos incessantes das ruas ao redor de São Januário. Não se entregar simplesmente ao rival. O Grêmio, de fato, não criava nenhum perigo efetivo, mas girava a bola de um lado para o outro próximo demais da área vascaína. Era um perigo. Zé tentou acelerar o Vasco para o contra-ataque. Sacou Wagner na esquerda e pôs Paulinho. No meio, tirou Escudero e pôs Bruno Paulista, com maior capacidade de pegada no meio e qualidade para avançar. Na lateral, trocou Madson por Pikachu. Tudo em cinco minutos. A oxigenada funcionou bem. O Grêmio entendeu que lutaria contra a velocidade caso cedesse o contra-ataque. E diminuiu o abafa.

Grêmio ao fim: terceira tentativa de criação

Com mais espaço, o Vasco passou a trabalhar a bola mais à frente, sem tanto risco na zona de sua área. Bruno Paulista, em bela jogada individual, quase ampliou, mas parou nos braços de Grohe. Mas o Vasco continuava certeiro no 4-2-3-1, alternando ao 4-4-2 quando defendia. Renato Gaúcho, irritado, partiu para sua terceira tentativa de ajudar a criação no jogo. Sacou Ramiro e pôs o jovem Patrick. Arroyo entrou do lado esquerdo e Everton foi para o comando de ataque. Um tudo ou nada. Mas o Vasco só permitiu finalizações de longe. Em uma delas, Martín Silva defendeu um chute forte, no centro da meta, de Fernandinho. Ao contrário de outros jogos, o gol do rival não parecia iminente. O Grêmio pouco finalizava no gol. Resultado da eficiência do sistema defensivo montado por Zé Ricardo.

Provável que o fim da rodada modifique o sexto lugar do Vasco, mas os 31 pontos somados com a vitória sobre o Grêmio são um alento em São Januário. Pelo segundo jogo seguinte, a equipe mostrou segurança na defesa e soube vencer pelo placar mínimo. Foram oito finalizações – apenas duas na meta. Mas a equipe encarou o vice-líder do Campeonato Brasileiro e soube segurá-lo, embora tenha se beneficiado com a ausência de Luan. Forçou o Grêmio a abusar de cruzamentos – 32 no jogo – ao impôr dificuldades de aproximação em sua área. Zé apresentou um Vasco ainda mais seguro e consciente do que pode fazer no campeonato. Uma boa notícia diante de suas perspectivas.

FICHA TÉCNICA:
VASCO 1X0 GRÊMIO

Local: São Januário
Data: 09 de setembro de 2017
Horário: 18h
Árbitro: Heber Roberto Lopes (SC)
Público e renda: portões fechados
Cartões amarelos: Escudero, Wellington e Bruno Paulista (VAS)
Gol: Mateus Vital (VAS), aos 42 minutos do primeiro tempo

VASCO: Martín Silva; Madson (Yago Pikachu, 26’/2T), Breno, Anderson Martins e Ramon; Wellington e Escudero (Bruno Paulista, 23’/2T); Mateus Vital, Nenê e Wagner (Paulinho, 21’/2T); Andrés Ríos
Técnico: Zé Ricardo

GRÊMIO: Marcelo Grohe; Edilson, Bressan, Kannemann e Cortês; Michel e Arthur; Ramiro (Patrick, 34’/2T), Léo Moura (Everton, 15’/2T) e Fernandinho; Barrios (Arroyo, 34’/2T)
Técnico: Renato Gaúcho

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