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Na goleada do Flamengo, a celebração é pelo ressurgir do eixo chamado Diego

Berrío Guerrero Diego Flamengo Chapecoense 2017

Berrío Guerrero Diego Flamengo Chapecoense 2017

Claro que há inúmeros motivos para o torcedor do Flamengo comemorar uma vitória tão graúda como os 5 a 1 sobre a Chapecoense, na Ilha do Urubu. Guerrero marcou três vezes, a subida na tabela, o bom saldo de gols. Mas o principal, mesmo, é o ressurgir de Diego. Fator de desequilíbrio desde que chegou ao clube em 2016, o alto nível do camisa 35 só foi interrompido com a lesão no joelho direito. Na noite desta quinta-feira, seu sexto jogo após a recuperação, Diego, enfim, voltou.

Em dois momentos-chave do jogo, o meia foi decisivo. É o que se espera de um craque. Resolver situações. Desatar nós. Diego os desatou. Apesar do placar tão elástico, a partida não foi tão fácil assim para o Flamengo. A Chapecoense fazia pressão quando o jogo estava empatado sem gols. Em um lance de pura técnica, Diego fez 1 a 0. O rival ainda pressionava quando o jogo estava 3 a 1. Em outro lance de muita qualidade, Diego aumentou para 4 a 1 e sacramentou a vitória. Afastou fantasmas, voltou subir o patamar da equipe e retomou o seu lugar.

Fla no início: jogo gira em Diego

Zé Ricardo, de saída, mudou o time em relação ao Fla-Flu. Saiu do 4-4-2 e voltou ao 4-2-3-1, com a dupla de volantes preferida, Márcio Araújo e Arão, embora Berrío e Everton voltassem para fechar os lados quando a equipe era atacada. A opção pela manutenção do primeiro, sacado no intervalo no clássico, causou a ira dos rubro-negros. A explicação de Zé era ter um volante voluntarioso, rápido, para cobrir as subidas de Trauco, inibir Apodi e Rossi, além de evitar que Juan saísse para o bote. Por ali, o Flamengo acharia bons espaços para criar vantagem. Mas em que pese Márcio Araújo e seus passes errados, o jogo rubro-negro voltou a passar por Diego. Mais avançado, próximo do ataque, sem ter de voltar ao campo de defesa para retomar a bola e iniciar as jogadas, como em partidas recentes. Havia fluidez.

Diego é o eixo. Foi ele quem construiu a jogada do primeiro gol. Aproximou-se da área, rolou para Rodinei na direita e aproveitou a sobra para emendar um chutaço para o gol. Muita categoria. E uma técnica rara. Qualquer jogador mediano mandaria na lua. Diego estufou a rede com plástica. Em um momento em que a Chapecoense, com três homens na frente, marcava a saída de bola rubro-negra a incomodava. O gol sofrido repentinamente fez o time de Vagner Mancini se abrir para atacar. E usar Apodi como arma de ataque. Erro fatal.

Pois Diego geralmente cai pela esquerda quando o Flamengo se prepara para avançar. Com as subidas de Apodi, fez ali seu território. Recebeu lançamento de qualidade de Arão, avançou, cortou para o meio e lançou Guerrero com precisão na área. 2 a 0. O peruano ainda perdeu ótima chance no primeiro tempo após lançamento de Everton ao bater em cima do goleiro. Mas o Flamengo estava melhor do que em outros jogos. Mais confiante, obviamente em função do placar construído antes dos 20 minutos. Berrío, na direita, cumpria ótimo jogo, aproveitando as costas de Reinaldo e ajudando na marcação. Parecia um jogo resolvido. Parecia.

Pois no segundo tempo, ainda que espaços aparecessem e Guerrero já tivesse perdido outra boa chance ao bater em cima de Jandrei, o velho fantasma apareceu. “Latereio” de Reinaldo para a área, Thiago tentou encaixar a bola e soltou no pé de Victor Ramos. 2 a 1. Chapecoense de peito estufado, já com uma troca para um 4-4-2, tentando infernizar o Flamengo pelo alto, com bolas alçadas aos dois atacantes dentro da área, Perotti e Wellington Paulista. O rondar da área rubro-negra já preocupava Ilha do Urubu. Tenso, o Flamengo passou a responder na mesma moeda. Evitou o jogo no chão e passou também a buscar as pontas para cruzar pela área. Em um escanteio, respirou. Cobrado por Diego, claro.

Fla ao fim: Diego ainda caía pela esquerda

O gol de Guerrero em rebote após cabeçada de Arão em defesa de Jandrei deu alívio. Mas a Chapecoense mostrava ter um pouco de força. Ocorre que o Flamengo exibia a sua melhor atuação depois do desastre da Libertadores, um marco no desempenho do time na temporada. Mais confiante com dois gols de vantagem novamente, o time pôs-se a se atacar com espaços. E aí sobra qualidade técnica.

Diego e Guerrero se alternam. O peruano sabe recuar e servir. O camisa 35 sabe avançar e finalizar. Então combinaram desse jeito. Toque magistral de Guerrero para um domínio e um ajeitar ainda mais plásticos de Diego. Com a passada sobre Apodi, o meia finalizou no canto esquerdo de Jandrei e matou o jogo. 4 a 1. Depois, Diego de novo pela esquerda rolou para Everton na ultrapassagem. No cruzamento, Guerrero, artilheiro como nunca em um jogo com a camisa rubro-negra, finalizou os 5 a 1. A técnica, enfim, fez a diferença para o Flamengo no Campeonato Brasileiro. Talvez o primeiro passo para o retomar o bom desempenho.

Sim, houve ótimas notícias na Ilha do Urubu na noite de quinta-feira. Mas nada melhor do que o retorno do fator Diego. De novo em plena forma, o meia serviu, finalizou, limpou lances e novamente obrigou o jogo a passar por ele. Tudo se concentrou em Diego. O craque, enfim, ressurgiu.

FICHA TÉCNICA:
FLAMENGO 5X1 CHAPECOENSE

Local: Estádio Luso-Brasileiro, a Ilha do Urubu
Data: 22 de junho de 2017
Horário: 21h
Árbitro: Leandro Bizzio Marinho (SP)
Cartões amarelos: Everton, Juan e Romulo (FLA) e Andrei Girotto (CHA)
Público e renda: 14.632 presentes / 13.436 pagantes / R$ 834.628,00
Gols: Diego (FLA), aos 13 minutos e Guerrero (FLA), aos 18 minutos do primeiro tempo e Victor Ramos (CHA), aos dez minutos, Guerrero (FLA), aos 29 minutos, Diego (FLA), aos 33 minutos e Guerrero (FLA), aos 36 minutos do segundo tempo

FLAMENGO: Thiago; Rodinei, Rever (Rhodolfo, 17’/2T), Juan e Trauco; Márcio Araújo (Romulo, 32’/2T) e Willian Arão; Berrío, Diego e Everton (Vinicius Junior, 38’/2T); Guerrero
Técnico: Zé Ricardo

CHAPECOENSE: Jandrei; Apodi, Douglas Grolli, Victor Ramos e Reinaldo; Andrei Girotto, Luiz Antonio e Seijas (Perotti / Intervalo), Rossi (Lucas Mineiro, 35’/2T), Wellington Paulista (Tulio de Mello, 30’/2T) e Arthur

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