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Na Ressacada, a procissão de agonia de um Flamengo que se esfarela a cada partida

Romulo Avaí Flamengo Ressacada

São seis rodadas disputadas pelo Flamengo no Campeonato Brasileiro até o momento. Apenas uma vitória, diante do vice-lanterna Atlético-GO. Foram, também, seis jogos após a vexaminosa eliminação na primeira fase da Libertadores. Nenhuma boa atuação. Um desempenho decrescente. O empate em 1 a 1 com o Avaí, na Ressacada, apenas confirmou a constatação: o Flamengo de Zé Ricardo, em queda livre, se esfarela a cada partida em uma verdadeira procissão de agonia. Parece ter atingido o momento de apatia praticamente irreversível que indica o desgaste de uma fórmula. O fim de um ciclo.

Após a derrota para o Sport, Zé sabia que deveria mudar. Era uma exigência natural, até mesmo pela exposição causada pelo vazamento da reunião de cobrança com a diretoria. O técnico mexeu, mas com pouco impacto. A troca no gol era evidente, de Muralha por Thiago. Na frente, Ederson pelo garoto Vinicius Junior. Apenas individualidades. O time, na verdade, não foi alterado. 4-2-3-1 com os mesmos volantes. O mesmo problema da partida contra o Sport. Márcio Araújo e Wililan Arão, em má fase, não contribuem para o fluir do jogo. E, sim, o time até tentou.

Fla do início: mudanças pontuais

Nos minutos iniciais, trocou bola, manteve a posse, esperou a ultrapassagem dos laterais e tentou acionar os pontas com o meio congestionado pelo Avaí. A partir daí, a equipe pareceu se desencorajar de buscar o ataque. A posse de bola era rubro-negra, mas totalmente enganosa. Passes simplesmente laterais no campo de defesa. Arão recuava para dar início ao jogo e rolava para Márcio Araújo, que devolvia. Lá e cá. Cá e lá. Um jogo chato, modorrento e sem interesse. Diego, instintivamente, mais uma vez passou a retornar antes da linha de meio do campo para buscar a bola e tentar começar as jogadas. Mas, ainda em processo de recuperação técnica após os dois meses de inatividade, errava passes. E deixava o Flamengo espaçado.

O Avaí percebeu e saiu mais de seu campo, apostando na condução de Marquinhos atrás dos volantes, com o auxílio de Juan. Tentavam enfiadas de bola ou lançamentos para os atacantes. O experiente zagueiro rubro-negro, Juan, era destaque pelas boas antecipações. O Avaí já era melhor em campo diante de um Flamengo que se encolhia. Limitava-se a brigar pela bola, não tentava jogar. De valentia, sabe-se, o campeonato está cheio. Destaca-se quem preza mais pelo jogo. Há não muito tempo, o Flamengo de Zé Ricardo era assim. Não é mais.O primeiro tempo terminou com 51% de posse de bola rubro-negra e sete finalizações do Avaí contra quatro do Flamengo. Nenhuma de perigo. Um jogo digno de equipes da parte de baixo da tabela.

Zé Ricardo percebeu, ainda que tardiamente, que os volantes do Flamengo passam por dificuldades. Sacou Willian Arão e colocou Mancuello mais adiantado em campo, formatando um 4-1-4-1. Um time com um bloco mais adiantado atrás de Leandro Damião. Vinicius Junior desde o fim do primeiro tempo ocupou o lado direito, com Everton voltando à esquerda. No primeiro lance da etapa final, o garoto completou pelo lançamento de Diego e, não fosse a prensada do zagueiro, a bola certamente mergulharia dentro do gol. A ideia de Zé provavelmente era essa. Ocupar o meio, dar a Diego um companheiro de diálogo no passe e atacar em bloco, com um time mais agrupado, sem dar espaços ao Avaí. Criar jogadas de ataque. Não funcionou.

Fla ao fim: desorganizado

Ao contrário de outros dias, o Flamengo pós-Libertadores se desagrupa e desorganiza com facilidade. É uma equipe comum, entre altos e baixos na mesma partida, recheada de erros e acertos. A prova disso foi o gol do Avaí. Um Flamengo em massa no ataque sem se preocupar em resguardar seus zagueiros. Na bola perdida por Damião, Willians achou Romulo nas costas de Juan, de 38 anos. Na corrida, claro, ele perdeu e o atacante tocou na saída de Thiago para abrir o placar. Foi o segundo gol do Avaí no Brasileiro. A vantagem durou pouco tempo. Diego levantou na área, Juan disputou de cabeça e na sobra Damião emendou a bela bicicleta. 1 a 1. Parecia a senha para o Flamengo, com Mancuello mais avançado, pressionar o Avaí. Mas então…

Então Zé Ricardo decidiu sacar Vinicius Junior e colocar Vizeu em campo. Um erro parecido com o cometido contra o Sport por que o jovem atacante simplesmente não dividiu com Damião as funções de centroavante. Jogou de novo mais fora da área, dando combate no meio e trazendo por vezes a bola em jogadas individuais pela ponta. A desorganização era grande. A troca de posições, quando bem executada, causa transtornos à defesa adversária. Quando mal executada, no entanto, leva apenas o time à desorganização.

Buracos aparecem. Em um deles, Diego Tavares recebeu outra esticada pelo lado direito do ataque, Everton tentou acompanhá-lo e, no embolar da marcação, o árbitro marcou pênalti inexistente. Após cinco minutos depois, o vexame da arbitragem só aumentou ao anular a penalidade e indicar a forte possibilidade de influência externa na decisão. Um acerto por linhas tortas que aliviou o Flamengo do revés, mas não de desempenho e resultado ruins.

No apagar das luzes, Zé Ricardo colocou Ederson em campo no lugar de um cansado Damião. Não havia mais tempo para nada. O Flamengo se preocupava, muito, com o abafa do Avaí, que girava os passes no entorno da área de ataque. Badalado, com muito investimento e elenco acima do padrão, o Flamengo jogava como um time amedrontado que lutava contra o rebaixamento. São agora nove pontos de distância, no mínimo mais três rodadas, de distância para o líder Corinthians. Uma vitória em seis jogos. Desempenho ruim. Agora sem confiança no próprio jogo. Zé Ricardo deveria refundar o trabalho diante do risco da continuidade do mesmo. Optou por trocas pontuais. É uma equipe que se esfarela e, a cada rodada, perde suas virtudes. Zé, por enquanto, parece seguir. Mas, diante da procissão de agonia do time, já não é possível dizer até quando. O próximo jogo poderá, sempre, ser o último.

FICHA TÉCNICA:
AVAÍ 1×1 FLAMENGO

Local: Ressacada
Data: 11 de junho de 2017
Horário: 16h
Árbitro: Paulo H Schleich Vollkopf (MS)
Público e renda: 6.783 pagantes / 13.446 presentes / R$ 508.908,00
Cartões amarelos: Pedro Castro (AVA) e Everton (FLA)
Cartão vermelho: Marquinhos (AVA), aos 37 minutos do segundo tempo
Gols: Romulo (AVA), aos dez minutos e Leandro Damião (FLA), aos 15 minutos do segundo tempo

AVAÍ: Kozlinski; Leandro Silva, Fagner Alemão, Betão e Capa; Luan, Judson, Marquinhos (Pedro Castro, 24’/2T) e Juan; Willians (Diego Tavares, 14’/2T) e Romulo
Técnico: Claudinei Oliveira

FLAMENGO: Thiago; Pará, Rever, Juan e Renê; Márcio Araújo e Willian Arão (Mancuello / Intervalo); Everton, Diego e Vinicius Junior (Felipe Vizeu, 22’/2T); Leandro Damião (Ederson, 46’/2T)
Técnico: Zé Ricardo

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