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Flamengo Vasco Mané Garrincha Taça Rio 2017 Willian Arão

Willian Arão comemora o gol contra o Vasco em Brasília

Flamengo Vasco Mané Garrincha Taça Rio 2017 Willian Arão

Willian Arão comemora o gol contra o Vasco em Brasília: jogo marcado por erro crasso de arbitragem

Seria possível analisar o empate em 2 a 2 entre Flamengo e Vasco em Brasília de diversas maneiras. Com um olhar vascaíno, exaltando a melhora da equipe sob o comando de Milton Mendes. Com um olhar rubro-negro, apontando a desorganização que quase custou caro ao Flamengo, principalmente no primeiro tempo. Com o olhar em um polêmico Luís Fabiano e sua merecida expulsão. Mas é impossível analisar o clássico sem citar o erro crasso do árbitro Luís Antônio Silva Santos, conhecido como Índio, que resultou no pênalti vascaíno e determinou o resultado.

Fla do primeiro tempo: 4-2-3-1 de sempre

O jogo começou a mil no Mané Garrincha. Apenas para o Vasco. Inteligente, Milton Mendes recuou Andrezinho e Pikachu, nas pontas ao lado de Luís Fabiano contra o Madureira, para o meio. Nenê mais à frente e o camisa 9 isolado. Um 4-4-1-1. Frenético, com marcação à frente, pressionando o Flamengo. Funcionou. O time de Zé Ricardo, geralmente com tranquilidade para tocar a bola, se viu em meio a problemas. Márcio Araújo não era opção no 4-2-3-1 de sempre. Arão, mais à frente, menos ainda. E Mancuello, sumido, nada colaborava. Os pontas, avançados, também sumiram.

Panorama completamente diferente da superioridade rubro-negra na semifinal da Taça Guanabara, quando contou com Guerrero, Diego e Trauco. Sem saída de bola, os zagueiros do Flamengo tentavam construir as jogadas. Réver, Rafael Vaz estavam sempre à frente. Em uma dessas tentativas, Luís Fabiano dividiu bola com Réver. Ambos caíram, a bola sobrou para Nenê que disparou pela ponta esquerda, cruzou na área e Pikachu, fazendo o movimento para o meio, entrou na área e tocou para o gol. 1 a 0 com 16 minutos de jogo. Um placar justo, dada à superioridade vascaína. Maior volume, mais organizado, espaços ocupados. Espaços que sobravam no Flamengo. Berrío corria para frente para trás sem sentido algum. Invariavelmente levava a pior com Henrique. Um Flamengo preso, sufocado.

Vasco do primeiro tempo: 4-4-1-1

O Vasco, então, mudou de estratégia minutos após sair na frente. Até para poupar o ritmo frenético, deu campo ao rival. Os zagueiros rubro-negros tentavam lançar a bola. Na quebrada na frente, Damião não fazia como Guerrero. A bola batia no peito e voltava, em vez de ter a posse rubro-negra. Era contra-ataque fulminante do Vasco. Andrezinho recuperava, lançava Pikachu na direita ou Nenê na esquerda. Vasco veloz, agudo. Era melhor. Não fosse um lance de Pará no fim da primeira etapa, em que tocou para Damião furar no meio da área, o Rubro-Negro pouco teria assustado, diante de tamanha bagunça.

Na volta do intervalo, Zé Ricardo não mexeu em peças, mas deixou o time mais organizado no papo. Flamengo tentava retomar as suas características, mantendo a posse de bola, trocando passes. Então, a arbitragem decidiu entrar em cena. Primeiro, junto de Luís Fabiano. Após cometer falta, o camisa 9 do Vasco recebeu amarelo e, insano, decidiu literalmente peitar Luís Antonio Silva Santos.

Fla no segundo tempo do clássico

Em um leve toque com a barriga, o árbitro catou cavaco para trás e protagonizou uma cena de pastelão. Luís Fabiano merecidamente expulso, Vasco psicologicamente abalado. No minuto seguinte, de novo a arbitragem. Mancuello cobrou falta na área, a bola passou por todos e Rever, na direita, tocou de cabeça para o gol. A arbitragem anulou, erradamente, ao ver uma participação inexistente de Leandro Damião no meio da área. Mas o Flamengo já tinha convertido a superioridade numérica em um jogo dominante. Tinha mais espaços para tocar a bola, girar o jogo. Os rubro-negros estavam mais calmos. Os gols, então, não tardaram.

Primeiro em cobrança de escanteio de Mancuello, na qual Willian Arão tocou de cabeça. 11 gols do time no ano desta forma. O Vasco, então, se perdeu. Deu ainda mais espaços. Sentiu o golpe dado por Luís Fabiano. Arão, minutos depois, achou Berrío na entrada da área. Ele dominou, deu um tapa para tirar a marcação e bateu forte, mas Jordi aceitou. 2 a 1. Virada, um homem a mais. Prenúncio de goleada? Não. Milton Mendes, rapidamente, mudara o Vasco para ajustar o time e, em vez de evitar vexame, buscar o empate. Andrezinho e Pikachu deixaram o campo para as entradas de Manga Escobar e Escudero. Depois, Jean, um volante, saiu para a entrada de Thalles, um atacante.

Vasco se organizou com um a menos

Era, de novo, um time consciente. Na primeira tentativa, com Nenê pelo meio e Escobar pela esquerda, pouco adiantou. Com a troca de posições entre ambos, o Vasco melhorou e Nenê passou a aproveitar, como no primeiro tempo, os avanços de Pará. E tome bola na área para tentar o empate. Zé Ricardo tentou diminuir o ritmo vascaíno com Cirino na vaga de Berrío. Mas não contava com a participação decisiva do árbitro. No apagar das luzes, Nenê foi lançado pela direita, bateu de primeira para a área e a bola tocou na barriga de Renê. Erro crasso, mas o pênalti foi marcado e o camisa 10 vascaíno converteu para empatar.

Gosto amargo para os rubro-negros e lição para o futuro: como no Fla-Flu, uma desorganização tão grande e opção por abandonar o jogo de posse de bola podem custar caro. Alívio para o Vasco, ainda em busca da classificação para as semifinais do Carioca. Um time que, hoje, conseguiu fazer frente e envolver o rival, no desempenho, mesmo quando teve que lidar com outro destempero na carreira de Luís Fabiano. Mas não há como negar. A marca do clássico foi, mesmo, mais uma lambança decisiva da arbitragem.

FICHA TÉCNICA:
FLAMENGO 2X2 VASCO

Local: Mané Garrincha, em Brasília (DF)
Data: 26 de março de 2017
Horário: 18h30
Árbitro: Luís Antonio Silva Santos (RJ)
Público e renda: 28.071 presentes / R$ 1.279.720,00
Cartões amarelos: Everton e Willian Arão (FLA) e Jean, Jordi, Jomar  e Douglas (VAS)
Cartão vermelho: Luís Fabiano (VAS)
Gols: Yago Pikachu (VAS), aos 16 minutos do primeiro tempo, Willian Arão (FLA), aos 14 minutos, Berrío (FLA), aos 19 minutos e Nenê (VAS), aos 49 minutos do segundo tempo.

FLAMENGO: Alex Muralha; Pará, Réver (Léo Duarte, 24’/2T), Rafael Vaz e Renê; Márcio Araújo e Willian Arão; Everton, Mancuello (Lucas Paquetá, 32’/2T) e Berrío (Marcelo Cirino, 40’/2T); Leandro Damião
Técnico: Zé Ricardo

VASCO: Jordi; Gilberto, Jomar, Rafael Marques e Henrique; Jean (Thalles, 30’/2T), Douglas, Yago Pikachu (Manga Escobar, 17’/2T), Nenê e Andrezinho (Escudero, 25’/2T); Luis Fabiano
Técnico: Milton Mendes

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