Um Flamengo preso em um feitiço do tempo coleciona mais um empate no Brasileiro
20 julho 01:34
O Bairrista
21 julho 00:00

No 46º jogo do ano, um empate que indica um Fluminense no seu limite

Lucas Fluminense 2017

Lucas Fluminense 2017

Lucas, a única contratação do Fluminense na temporada até a chegada de Marlon, do Criciúma, nesta semana, deixou o campo aos 34 minutos do segundo tempo. Abel Braga colocou o volante Mateus Norton na sua posição. Um improviso que indica que o Fluminense trabalha no limite no Campeonato Brasileiro. O empate em 1 a 1, com um time esgotado fisicamente ao fim da peleja, foi um sinal evidente de que a conta poderá chegar no segundo turno. Falta fôlego ao Tricolor.

Flu no início: meio recheado e espaços

Abel até tem se virado bem. Perdeu inúmeros jogadores por lesões, Wellington Silva está próximo de ser negociado, há suspensões. Pinça garotos, alguns ainda verdes para entrar de frente na batalha. A temporada é longa, exaustiva. O jogo desta quinta-feira em Edson Passos foi o 46º na temporada. Estamos ainda em julho. Diante do bom time do Cruzeiro, o Fluminense entrou em campo com um meio mais recheado, Marlon Freitas e Orejuela cumprindo o papel defensivo na esperança de que Wendel acelerasse a bola até o ataque, com Scarpa e Richarlison. Ocorre que o time pareceu um tanto quanto desentrosado. O Cruzeiro teve espaços para trabalhar, teve mais a bola com a trinca de meio-campistas – Henrique, Lucas Silva e Ariel Cabral. Era perigoso. Principalmente com Thiago Neves.

O meia-atacante vive uma fase como nos bons tempos de Fluminense ou Flamengo. Cai nas costas dos volantes, entre na área, arrisca os chutes de meia distância. É difícil desarmá-lo. Controla bem o jogo, cai pelos dois lados. Espinhoso para os marcadores. Era ele, portanto, quem fazia o Cruzeiro girar e acionava a velocidade de Elber, na esquerda, ou Sassá, na direita. Saída rápida da defesa para o ataque, com participação efetiva de Ariel Cabral e Lucas Silva, mais avançados do que Henrique. O Cruzeiro aguardava, dava o bote eficaz no meio e disparava. E testava o goleiro Julio Cesar. Thiago Neves, por três vezes, finalizou forte de longe. Parecia desconfiar do goleiro. Nenhuma das três entrou.

Cruzeiro no início: velocidade no ataque

Diante de tanto espaço, o Fluminense não tardaria a sofrer o gol. Tentava afastar a bola da área como podia, mas ela batia e voltava na parte final da primeira etapa. O Cruzeiro era mais envolvente, avançou em bloco pronto para marcar, ciente do melhor momento. Não demorou. Em bola alçada no meio, Lucas Silva ganhou de cabeça e Thiago Neves teve a pelota nos pés pela direita. De frente para Julio Cesar, ele quebrou o corpo e rolou para Sassá, com espaço quase na pequena área, tocar para o gol. 1 a 0. Um placar até justo. Mas justiça no futebol, convenhamos, é traduzida na eficiência da bola na rede. E aí vale lembrar: se o Fluminense é um time que deixa jogar, também joga quando acha espaço.

Flu ao fim: cansaço provocou lentidão

Bastou um cochilo cruzeirense. Wendel avançou pelo meio, Lucas Silva não acompanhou e o lançamento parou nas costas de Lucas Romero, na frente de Richarlison. A falta na área resultou no pênalti bem cobrado pelo camisa 70. 1 a 1. 85 gols a favor do Fluminense na temporada. Mas, por outro lado, 58 contra. O empate, ao menos, fez o Cruzeiro ter maior respeito pelo Tricolor na segunda etapa. Ainda avançava, mas se cuidava mais para não deixar um espaço para enfiada de bola fatal.

Cruzeiro ao fim: o eixo Thiago Neves continua

O jogo passou a ser mais igual. Um perde e ganha entre as intermediárias sem resultar em nenhum grande perigo. Com o calendário apertado, as equipes pareciam indicar um desgaste e diminuíram naturalmente o ritmo. Mano, com Bryan no lugar de Sassá, e Abel, com Calazans na vaga de Pedro, tentaram recuperar a velocidade pelos lados esquerdos dos ataques. O Fluminense, mais cansado, tinha poucas forças para puxar um contragolpe. Conseguiu apenas um – e quase foi suficiente. Richarlison girou em cima da zaga e achou Scarpa dentro da área, pela direita. Fábio fechou bem o lado, o camisa 10 tentou o contrapé, mas bateu para fora, perdendo chance clara. O empate ficou sacramentado.

Seria injusto condenar o trabalho de Abel Braga e clamar por melhor desempenho. O elenco, estourado, está claramente no limite. Cumpre bom papel, com 21 pontos – a dois do G-6, por exemplo. Mas é difícil pensar em maior sustentação no segundo turno com o maior desgaste físico da temporada. Ainda que conte com o retorno de Sornoza, imensa falta no meio, o técnico tricolor pode ser surpreendido a qualquer momento com uma negociação. Scarpa ainda resiste a render tão bem quanto antes da lesão que o fez parar por longo tempo no início do ano. Com garotos e malabarismo de Abel, o Fluminense resiste no Brasileiro. Nos últimos cinco jogos, no entanto, conseguiu apenas uma vitória. Consequência de um elenco que trabalha no limite.

FICHA TÉCNICA
FLUMINENSE 1X1 CRUZEIRO

Local: Edson Passos
Data: 20 de julho de 2017
Horário: 19h30
Árbitro: Leandro Pedro Vuaden (RS)
Público e renda: 4.757 pagantes / 5.753 presentes / R$ 115.000,00
Cartões Amarelos: Marlon Freitas, Richarlison e Calazans (FLU)  e Ezequiel, Lucas Romero e Léo (CRU)
Gols: Sassá (CRU), aos 31 minutos e Richarlison (FLU), aos 41 minutos do primeiro tempo

FLUMINENSE: Julio Cesar; Lucas (Matheus Norton, 34’/2T), Frazan, Henrique e Léo; Marlon Freitas, Orejuela e Wendel; Gustavo Scarpa, Pedro (Calazans, 25’/2T) e Richarlison
Técnico: Abel Braga

CRUZEIRO: Fábio; Lucas Romero, Léo, Murilo e Diogo Barbosa; Henrique, Ariel Cabral (Rafael Marques, 15’/2T), Lucas Silva e Thiago Neves; Elber (Raniel, 31’/2T) e Sassá (Bryan, 28’/2T)
Técnico: Mano Menezes

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