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No apagar das luzes, o igualar de um Fla-Flu que se contentou em ser aguerrido

Vinicius Junior Richarlison Mascarenhas Fla-Flu

Vinicius Junior Richarlison Mascarenhas Fla-Flu

Se começou 40 minutos antes do nada, o Fla-Flu não tem momento certo para acabar. De novo, o clássico pregou uma peça no torcedor que deixou a arquibancada do Maracanã antes do apito final. Mas o empate em 2 a 2 arrancado nos acréscimos pelo Flamengo deu apenas um alívio momentâneo aos rubro-negros. No fundo, Fla e Flu deixaram o gramado com um gosto amargo. Um jogo bem disputado, mas não bem jogado. Um clássico que se contentou em ser apenas aguerrido.

O início do Tricolor foi melhor. Abel novamente montou o time em um 4-2-3-1, com Scarpa centralizado, Calazans pela direita e Richarlison à esquerda. Com a boa proteção de Orejuela à zaga, cabia a Wendel levar a bola da defesa ao ataque com qualidade. A novidade foi a entrada de Mascarenhas na vaga de Léo. Aposta para tentar frear as investidas de Vinicius Junior pelo setor, um duelo dos tempos de base, há pouco mais de dois meses.

Flu no início: Scarpa alterna com Calazans

Com um posicionamento mais adiantado, marcando a saída de bola do Flamengo, o jogo tricolor fluiu melhor. Muita determinação para roubar a bola e iniciar o jogo, passando por Scarpa para os pontas. O Flamengo se postou em um 4-4-2, com Vinicius Junior e Everton dos lados, Cuellar, mais na proteção à zaga, e Márcio Araújo por dentro. Aí um detalhe interessante: diante da Ponte Preta, já saltara aos olhos, mas desta vez a liberdade para o camisa 8 do Flamengo arrancar com a bola ao ataque foi ainda maior. Um Márcio Araújo quase com trejeitos de meia, tentando arremates e aproximação com Diego e Guerrero na frente. Obviamente, não deu certo.

É louvável a ideia de montar uma equipe com liberdade para o jogo dos volantes. Mas falta técnica a Márcio Araújo para cumprir outra função que não a defensiva, como rápidas recuperadas de bola. De frente para o gol tricolor, ele recebeu passe de Diego e, livre de qualquer marcação, bateu por cima do gol. Depois, tentou iniciar o jogo na defesa rubro-negra, deu passe errado e, no contragolpe, Wendel tabelou com Scarpa, apareceu na área e só não marcou graças a uma boa intervenção de Thiago.

A arma de Abel com Mascarenhas pelo lado esquerdo deu certo. Vinicius Junior revezava com Diego para aproximar a Guerrero. Quando buscava o lado direito, invariavelmente acabava bem marcado. O Flamengo tinha dificuldades no perde e ganha. Não conseguia impor o jogo sobre o Tricolor como nas finais do Carioca, por exemplo. Diego, mais uma vez, retornava quase à defesa para buscar a bola e iniciar o jogo, deixando o time manco na frente. No Flu, muita movimentação. Scarpa alternava com Calazans. Da direita para o meio, do meio para a direita. Em uma escapada pela ponta, ele recebeu a bola e, com calma, enxergou Wendel entrando na área. A defesa do Flamengo, inocentemente, parou e o goleiro Thiago também. Wendel bateu na trave e, no rebote, tocou para o gol. 1 a 0.

Fla: 4-4-2 e Márcio Araújo criador

A partir daí, ficara ainda mais claro que a ideia de jogo do Flamengo não funcionava. Os lados estavam bem bloqueados, Diego deveria acompanhar sempre Guerrero, mas insistia em voltar. A saída de bom passe restava a Cuellar, que procurava não avançar tanto para não deixar o buraco no meio, uma vez que a dupla de zaga pouco avançava. Calazans, agudo, deixava Trauco mais tímido nas investidas. O fim do primeiro tempo foi de claro domínio do Fluminense. Zé percebeu.

E desfez a ideia de Márcio Araújo como homem de infiltração. Arão entrou em campo na vaga do camisa 8. Vinicius Junior, apagado, saiu para a entrada de Berrío, arma bem utilizada no primeiro Fla-Flu da final. Cuellar recuou alguns passos e Diego fez o mesmo, para assumir a função de criatividade no meio. Um 4-1-4-1. Melhorou. Berrío, mais veloz, causou problemas a Mascarenhas. Arão no lugar de Márcio Araújo tem, ao menos, mais qualidade técnica. Foi dele o passe por cobertura para Everton, impedido, receber e chutar em cima de Reginaldo. No rebote, Guerrero tentou e parou em Julio Cesar. Na terceira tentativa, Diego mandou para o gol. 1 a 1. No abafa.

Flu ao fim: fechado e Henrique de volante

O volume de jogo do Flamengo acuou os garotos do Fluminense. Era um momento já claramente rubro-negro, que descia em bloco, buscava os lados, principalmente pela direita com tabelas de Berrío e Rodinei. Mas também abusava do jogo aéreo, entre lançamentos e cruzamentos. O colombiano dava trabalho a Mascarenhas e só não marcou ao entrar na área porque Reginaldo se atirou na bola. Abel colocou Léo e Mateus Norton em campo para devolver o fôlego ao time. A aposta era no contra-ataque em um Flamengo tão adiantado, em busca da virada. Ao estilo do Flu, ele veio. Mortal. Enfiada de Scarpa para Richarlison entre Rodinei e Juan, que caiu pela direita para suprir um avanço de Rever. Veterano, o zagueiro rubro-negro ficou vendido como no gol sofrido diante do Avaí e derrubou Richarlison na área. Pênalti muito bem cobrado por Ceifador. 2 a 1.

Fla ao fim: aposta no abafa

Com o desespero do Flamengo, desarrumado e com Conca na vaga de Cuellar, o Fluminense tentava quebrar o ritmo do jogo com quedas em campo. Retardar a partida e impedir bolas alçadas, uma obsessão rubro-negra principalmente após a Libertadores. Era um picotar de jogo. Erro fatal. As quedas resultaram em acréscimos de tempo. Em um Fla-Flu, minutos além do tempo regulamentar muitas vezes dão contornos decisivos ao clássico. Foi o que ocorreu neste domingo. Quando rubro-negros já deixavam a arquibancada do Maracanã, Trauco caiu para o meio, recebeu passe e arriscou o chute forte. A bola quicou em um montinho, enganou Julio Cesar e morreu no fundo da rede. 2 a 2 aos 49 minutos. Na bacia das almas, o Fla-Flu foi definido.

Uma partida sem bons desempenhos. Mas aguerrida. O Fluminense, recheado de garotos, cedeu mais campo no segundo tempo e caiu antes de sacramentar o resultado. Fez boa frente ao Flamengo, acabou prejudicado com um erro de arbitragem. Um time valente, com a cara de Abel. Não se espera uma campanha de topo de tabela do Tricolor, em dificuldades financeiras, no Brasileiro. O contrário do Flamengo. Recheado de investimentos, de novo, o time esteve abaixo do que pode apresentar. Se o jogo não foi tão pobre como diante de Sport e Avaí,  a aposta em Márcio Araújo como solução para engrossar o ataque é, no mínimo, preocupante. Foram 33 cruzamentos e 37 lançamentos. Jogou mais no abafa. Assim, no Maracanã, o Fla-Flu se contentou em ser aguerrido. É muito pouco.

FICHA TÉCNICA
FLUMINENSE 2X2 FLAMENGO

Local: Maracanã
Data: 18 de junho de 2017
Horário: 16h
Árbitros: Vinicius Dias Araújo (SP) e depois Flavio Rodrigues de Souza (SP)
Público e renda: 33.112 pagantes / 37.962 presentes / R$ 1.496.460,00
Cartões amarelos: Rodinei, Berrío, Conca, Trauco e Guerrero (FLA) e Mateus Norton (FLU)
Gols: Wendel (FLU), aos 36 minutos do primeiro tempo, Diego (FLA), aos nove minutos, Henrique Dourado (FLU), aos 35 minutos, Trauco (FLA), aos 49 minutos do segundo tempo

FLUMINENSE: Julio Cesar; Lucas, Reginaldo, Henrique e Mascarenhas (Léo, 28’/2T); Orejuela (Nogueira)e Wendel (Mateus Norton, 28’/2T); Calazans, Gustavo Scarpa e Richarlison; Henrique Dourado
Técnico: Abel Braga

FLAMENGO: Thiago; Rodinei, Rever, Juan e Trauco; Cuellar (Conca, 36’/2T) e Márcio Araújo (Willian Arão / Intervalo); Vinicius Junior (Berrío / intervalo), Diego e Everton; Guerrero
Técnico: Zé Ricardo

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