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No Sul, Fluminense vê suas fichas de 2017 no fim diante do Grêmio

Henrique Dourado Fluminense Grêmio Porto Alegre 2017

Henrique Dourado Fluminense Grêmio Porto Alegre 2017

Abel Braga recebeu uma missão ingrata no início de temporada. Sem a mínima capacidade de investimento, ele teria de comandar um Fluminense de garotos em meio a adversários com jogadores formados. Na conta do chá. Por muito tempo se equilibrou. Mas nem toda capacidade e carisma do técnico para lapidar talentos são capazes de manter equiparar a diferença. Diante de um Grêmio recheado de desfalques, a derrota de 1 a 0 foi mais uma prova de que a missão de Abel está cada vez mais arriscada.

Realizar a transição entre base e profissionais é tarefa salutar e que deve ser constante em todos os clubes. Mas promovê-los em baciada devido a dificuldades financeiras é arriscado demais. Ao praticamente tentar transformar o elenco de juniores na base dos profissionais o Fluminense deveria estar preparado para insucessos. Não tanto devido à parte técnica. São jovens com ótimo potencial. Mas encontrariam problemas físicos com a diferente exigência da categoria profissional, assim como enjoos de marinheiros de primeira viagem. Resultaria, claro, numa campanha irregular e sob risco grandes como a aproximação da zona de rebaixamento. O preço chega agora.

No início: Arthur mais à esquerda

Pois Abel Braga está consciente de que o time vive momento de baixa. Alguns garotos que tiveram um ótimo início de ano encontraram seu momento ruim na montanha russa. Na Arena de Porto Alegre, o Fluminense foi escalado no 4-1-4-1, com Sornoza e Scarpa pelos lados, Wendel e Douglas por dentro. Orejuela à frente da dupla de zaga formada pelos garotos Frazan e Reginaldo. uma tentativa de esperar o Grêmio e atacar em bloco. Mas faltava velocidade. Sem Wellington, Robinho ou Marcos Junior poderiam ser válvulas de escape pelos lados. Mas estavam no banco.

Em casa, Renato manteve o Grêmio no 4-2-3-1, apenas adaptando peças aos desfalques. Tentou dar maior liberdade para Arthur ajudar Patrick na criatividade. O volante, grande destaque da temporada ao lado de Luan, posicionou-se mais à esquerda, com Cristian como o primeiro homem à frente da zaga. Pelos lados, Everton e Ramiro, com Jael muito fixo na área. Mesmo sem Luan e Barrios, o Grêmio chamou o jogo para si e passou a empurrar o Fluminense em seu campo. E utilizava estratégia interessante. As costas do lateral tricolor Léo.

Geralmente, Arthur caía pela intermediária esquerda, buscava o espaço deixado por Douglas, e lançava para Ramiro, que deixava a direita e passava sem incômodo algum de Léo para se transformar no parceiro de Jael na grande área. Com pouco minutos o atacante só não marcou porque isolou a bola na cara de Diego Cavalieri, a boa nova de Abel para a partida. Pois foi ele, em ótima tarde, o responsável pela resistência tricolor. O Grêmio tinha posse e chegava com fartura. Após escanteio de Patrick, Everton finalizou duas vezes, mas Cavalieri mostrou que estava em forma.

Flu no início: troca entre Wendel e Scarpa, Sornoza aberto

A formação tricolor encontrava dificuldades. Primeiro, como dito, pela falta de velocidade. Segundo pela falta de criatividade pelo meio. Wendel e Douglas mais combatiam do que mostravam inspiração. Sornoza, a possibilidade para esta função, continuava encostado pela esquerda, muitas vezes voltando para acompanhar as investidas de Léo Moura com Ramiro. De volta de lesão, o equatoriano não tinha pernas para voltar e auxiliar Wendel pelo meio. Houve, então, momentos de troca. Wendel caiu para a ponta direita e Scarpa chegou pelo meio, como tentativa de criação e finalização de fora da área. O time continuava ineficaz, lento. E aberto.

A utilização gremista dos lados era óbvia. E ficou clara ao Everton receber bola de Cortês nas costas de Lucas e cruzar para a direita, onde Ramiro, de novo, superou Léo, apareceu na área e finalizou na cara de Cavalieri, que abafou. A facilidade era tanta que, por vezes, o Grêmio deixava apenas Cristian à frente da zaga e avançava Arthur, ensaiando um 4-1-4-1 como o rival, mas de fato atacando em bloco. O Fluminense só desceu para o vestiário sem sofrer por mais uma defesa de Cavalieri em cabeçada de Patrick. De novo, uma jogada pelos lados. O Fluminense não respondia às esbravejadas de Abel.

Grêmio ao fim: trocas de Ramiro e Arthur mais frequentes

Na etapa final, Renato trocou Cristian por Jailson. Parecia uma mudança simplória, mas ela permitiu o posicionamento de Arthur ao seu natural, mais à direita, próximo de Ramiro. O entendimento foi natural, com a constante troca de posições entre ambos. A presença do Grêmio no campo tricolor aumentou. Mas ironicamente foi quando o Fluminense aproveitou a melhor chance. Nas costas dos volantes, Douglas avançou e achou Henrique Dourado nas costas de Geromel pela esquerda. A conclusão foi ótima, um chute cruzado rasteiro, mas Marcelo Grohe fez defesa ainda melhor.

Um cruzamento de Scarpa e uma cabeçada de Reginaldo por cima do gol pareciam indicar que o Tricolor, enfim, tinha entrado no jogo. Não foi o que aconteceu. O Grêmio continuava melhor, mantendo a posse, buscando as costas de Lucas e Léo e o Fluminense carecia de velocidade. Abel parece ter entendido quando sacou Wendel, mal no jogo ao conduzir demais a bola, por Marcos Junior. Tentava explorar a correria do atacante. pelos lados. Depois, sacou Sornoza para colocar Richard, tentando manter o pique do meio. Mas a fase é de baixa. É fácil para um garoto entrar em campo em um time ajustado. Difícil quando a equipe precisa que ele seja responsável imediato pela mudança.

Ao fim: Scarpa lançador, zagueiro e centroavantes na área

Há um problema de confiança no Fluminense. Por mais que lutasse, ainda deixava espaços claros para o Grêmio avançar em campo. E jamais parecia acreditar na vitória. A parte psicológica de um time recheado de jovens também deve ser considerada. Por isso o gol do Grêmio, de Beto da Silva, aos 40 minutos, não foi estranho. Não só pelo desenrolar da partida, com os gaúchos superiores. Mas por ser um time com mais jogadores experientes, melhor formado e em momento superior. O Fluminense, pelo contrário. Chegou a seu quinto jogo sem vitória e está apenas um ponto acima da zona de rebaixamento.

É o maior problema. Não apenas por lutar contra a degola. Mas por dar a um time de garotos a função de lutar contra um rebaixamento. Partes física, técnica e mental podem falar em situação tão inusitada. Ter Henrique Dourado, Henrique, Lucas e Scarpa, este também jovem, como os responsáveis para segurar um planejamento que apostou alto durante a temporada. Deixou tudo nas costas de Abel, que ainda tem de administrar o drama pessoal da perda do filho. Na conta do chá, o Fluminense luta contra um fantasma que não poderia ter se aproximado. Aos poucos, começam a faltar fichas nas Laranjeiras.

FICHA TÉCNICA
GRÊMIO 1X0 FLUMINENSE

Local: Arena do Grêmio
Data: 1 de outubro de 2017
Horário: 16h
Árbitro: Rafael Traci (PR)
Público e renda: 15.727 pagantes / 17.587 presentes / R$ 502.985,00
Cartões Amarelos: Geromel (GRE) e Frazan e Lucas (FLU)
Gol: Beto da Silva (GRE), aos 40 minutos do segundo tempo

GRÊMIO: Marcelo Grohe; Léo Moura, Geromel, Bruno Rodrigo e Cortês; Cristian (Jailson / Intervalo) e Arthur; Ramiro, Patrick (Jean Pierre, 7’/2T) e Everton; Jael (Beto da Silva, 32’/2T)
Técnico: Renato Gaúcho

FLUMINENSE: Diego Cavalieri; Lucas, Reginaldo, Frazan e Léo; Orejuela, Wendel (Marcos Junior, 20’/2T), Sornoza (Richard, 31’/2T) e Douglas (Peu, 41’/2T); Gustavo Scarpa, Sornoza e Henrique Dourado
Técnico: Abel Braga

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