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O Flamengo e sua gangorra: Ceni vai mal e time cai diante do Athletico

Diego Flamengo Athletico

(Alexandre Vidal / Flamengo)

Rogério Ceni Flamengo 2021 Athletico-PR Arena da Baixada

(Alexandre Vidal / Flamengo)

Bastam menos de três dias. No futebol é um longo tempo. Na temporada irregular do Flamengo, uma eternidade. O time competitivo, feroz, com marcação intensa ficou para trás na Arena da Baixada. A derrota de 2 a 1 para o Athletico-PR tem, como a vitória da rodada anterior, digitais do técnico Rogério Ceni. Desta vez de forma nada positiva para o time. De longe, o elenco rubro-negro acompanhou a virada do líder Internacional contra o Grêmio e agora vê o sonho do octacampeonato brasileiro cada vez mais distante. É o preço da gangorra de 2020/2021 vivida pelo Flamengo.

Afinal, o time ajustado por Jorge Jesus já encontrou dificuldades com o próprio português no pós paralisação da pandemia. Imaginar o que seria a sequência sob sua batuta é mera adivinhação. Domènec Torrent tentou implementar um novo estilo. Rogério Ceni caminha pelo meio dos dois técnicos, em área cinzenta que aumenta a irregularidade. Depois de um ótimo jogo contra o Palmeiras, uma atuação fraca diante do Athletico-PR. Por mais que historicamente a Arena da Baixada seja hostil ao Flamengo, as mudanças de Rogério, algumas empapadas de contradições, contribuíram para a derrota.

Athletico no início: fechado pelo meio, saída rápida à direita

Sem Bruno Henrique, Rogério pôs Vitinho em campo na tentativa de manter o que deu certo dias antes. Um 4-2-3-1 teórico, mas que rapidamente se desmembrava ao rolar da bola. Sem Rodrigo Caio, Gustavo Henrique fez o homem por dentro da saída de três na defesa. Willian Arão de novo pela direita, Filipe Luís à esquerda. Isla à frente, colado na lateral, já além da linha central. De novo a tentativa de ser impositivo, ocupar o campo adversário. Mas havia algo diferente desde o início: a rotação estava abaixo. Alguma pressão no adversário, mas sem a intensidade do jogo com o Palmeiras. O Athletico-PR, inteligente, soube que era uma partida que pedia o aguardar do adversário e buscar o contra-ataque, principalmente pelo lado direito, onde Isla se aproximava muito de Everton Ribeiro e deixava um corredor para Arão recuperar na velocidade contra, geralmente, Canesin.

Fla no início: Vitinho em Bruno Henrique, mas lado direito exposto

O Furacão se postava num 4-4-2 bem organizado, tentando dificultar o meio do Flamengo, obrigando-o a utilizar os lados. Vitinho tem como característica o drible, mas pouco produz além disso. Disperso, tem dificuldades de contribuir na marcação pelo setor em um jogo com essa característica. Sem Rodrigo Caio, o jogo geralmente tinha de ir aos lados para ter início. Arão ou Filipe Luís em busca de passes verticais. Ocorre que a estratégia do time paranaense foi inteligente. Ao recuperar a bola, explorar a velocidade de Carlos Eduardo e inverter o jogo na segunda trave, à esquerda, onde Isla pouco comparecia e Everton Ribeiro também tinha dificuldades para fechar o setor. Havia espaço, generoso espaço. Atrair o Flamengo para a direita, liberar o lado esquerdo e cruzar. Por ali o time assustou. Avisou por vezes qual seria a sua estratégia. Dali Carlos Eduardo cruzou e chutou para boa defesa de Hugo, que no rebote parou também Renato Kayzer. Sequência importante para o goleiro, mas longe de ser milagrosa.

Ao fim, Athletico mais confortável no jogo sem medalhões rivais

O garoto, aliás, ainda precisa amadurecer para abraçar a vaga de titular. Encheu-se de confiança com as defesas e, em seguida, arriscou saída com os pés perigosa e entregou a posse ao adversário, gerando perigo. Pois de tanto avisar, o Athletico abriu o placar. Nikão puxou para o centro e cruzou do outro lado. Aí há problema de posicionamento de Isla e a adaptação em curso de Arão à função. A bola viajou às costas de Isla e volante/zagueiro procurou a bola diante de Renato Kayzer. Sem Everton Ribeiro para dar suporte ao chileno, Abner apareceu para bela finalização. 1 a 0. Ainda atordoado, o time de Rogério permitiu jogada idêntica, desta vez com cruzamento de Carlos Eduardo, e conclusão novamente de Abner, mas defendida por Hugo. Era um Flamengo pálido.

Flamengo ao fim: time mais espaçado e com dois centroavantes

Curioso até, diante das circunstâncias. Tropeços dos rivais diretos na briga pelo título, o Gre-Nal em disputa e um time com dificuldades de encontrar o seu jogo. Como as opções eram os lados do campo, Vitinho e Everton Ribeiro deveriam aparecer. O primeiro tentava se encontrar em campo, puxando geralmente para o meio, mas o segundo manteve a regularidade de más atuações recentes, em grande dificuldade técnica. O apoio para fechar o setor também tem sido problema. Com o meio bem bloqueado, as chances do Flamengo poderiam vir pelo alto, em bola parada. Assim, Arrascaeta alçou falta para Gustavo Henrique subir sozinho no meio da defesa e tocar de cabeça para o fundo da rede. 1 a 1. Um gol que deu ao Flamengo a chance de respirar e voltar diferente no segundo tempo.

Em vão. O time seguiu mais lento, Gerson em ritmo muito baixo, com erros técnicos claros. Um time devagar, sem tamanha confiança para se impor diante do Athletico como fizera com o Palmeiras. Arrascaeta, sem tanto espaço para girar e acelerar o jogo de maneira vertical, criava pouco, era acompanhado de perto e com faltas por Richard. Com o funcionamento emperrado, Rogério tentou mexer na equipe. Mas mais atrapalhou do que ajudou. O que já era ruim ficou pior. Se tinha dificuldade para criar chances efetivas, o time esfarelou. Lutava até para manter a posse. Pepê ocupou a vaga de Everton Ribeiro. Pedro no lugar de Gabigol. Até aí uma opção do treinador em sua ideia de que não há como jogar com ambos ao mesmo tempo. Em seguida tirou Arrascaeta para pôr Rodrigo Muniz. Jovem, com a mesma estatura de Gabigol e também centroavante. Difícil não enxergar incoerência na opção de não jogar com. Sem o quarteto rubro-negro decisivo em campo – Bruno Henrique, Gabigol, Arrascaeta e Everton Ribeiro – o Athletico pôde ficar mais à vontade.

Autuori aplicou velocidade no Athletico. Khellven na vaga de Jonathan pela direita, em dupla com Vitinho. Alvarado e Zé Ivaldo para maior solidez pelo centro. Obrigar o Flamengo a tentar as investidas pelo lado e aproveitar o espaço nos avanços. Deu certo. Em um Flamengo mais espaçado e confuso, Khellven foi ao fundo e cruzou sem barreiras. Renato Kayzer se antecipou a Arão e bateu forte, sem chances para Hugo. 2 a 1. Aí o erro de Rogério ficou mais claro. Sem jogadores decisivos em campo, Michael era opção pelos lados, Muniz fechava na área com Pedro para tentar o gol salvador. Pepê girava com a bola sem ter como criar. O Flamengo, abatido, aceitou. Estava derrotado em momento crucial do campeonato. Teve 60% de posse de bola, mas finalizou apenas duas vezes no gol de Santos. Foi inofensivo.

FICHA TÉCNICA
ATHLETICO-PR 2X1 FLAMENGO

Local: Arena da Baixada, em Curitiba
Data: 24 de janeiro de 2020
Árbitro: Leandro Pedro Vuaden
VAR: Daniel Nobre Bins (RS)
Público e renda: Portões fechados
Cartões amarelos: Nikão (ATL)
Gols: Abner (ATL), aos 24 minutos, Gustavo Henrique (FLA), aos 33 minutos do primeiro tempo e Renato Kayzer (ATL), aos 37 minutos do segundo tempo

ATHLETICO-PR: Santos; Jonathan (Khellven, 35’/2T), Pedro Henrique, Thiago Heleno e Abner; Richard (Zé Ivaldo, 35’/2T), Christian (Alvarado, 31’/2T), Fernando Canesin (Jadson, 31’/2T), Carlos Eduardo (Vitinho, 18’/2T); Nikão e Kayzer

FLAMENGO: Hugo, Isla (Matheuzinho, 40’/2T), Willian Arão, Gustavo Henrique e Filipe Luís; Diego e Gerson; Everton Ribeiro (Pepê, 26’/2T), Arrascaeta (Rodrigo Muniz, 34’/2T) e Vitinho (Michael, 40’/2T); Gabigol (Pedro, 26’/2T)
Técnico: Rogério Ceni

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