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O Mais Querido e o espelho

Flamengo homenagem Garotos do Ninho Maracanã

(Flamengo / Divulgação)

Flamengo homenagem Garotos do Ninho Maracanã

(Flamengo / Divulgação)

Há poucas torcidas que carregam o orgulho – às vezes debochado, às vezes até arrogante – de simplesmente ser o que é. Olhar-se no espelho e ter a completa dimensão do que representa. Da arquibancada do Maracanã, quando em pleno êxtase com a própria festa, a massa rubro-negra explode em plenos pulmões, no ato final de celebração de si: “Que torcida é essa!”. Um sentimento que, de tão abrangente, permitiu ao Flamengo o apelido de Mais Querido. A tragédia do Ninho do Urubu fez rolar os dados e colocar o seu maior patrimônio em xeque: até onde vai a alegria de ser rubro-negro?

Pouco importam o desempenho da equipe de futebol, a postura do time de Abel Braga, a chegada de mais uma Libertadores. O rubro-negro está cabisbaixo, absolutamente sufocado com a postura da gestão de Rodolfo Landim. Do silêncio compreensível diante do impacto inicial com a tragédia, a diretoria ultrapassou os limites do bom senso com postura fria, notas protocolares, explicações rasas. Encolheu-se na caverna. E deu protagonismo aos números em uma tragédia que vitimou dez garotos do seu Ninho. Não se trata apenas de dinheiro – ainda que a proposta inicial de um clube reestruturado e com as finanças em dia tenha sido ultrajante. A postura é o que mais doi. Em famílias, em torcedores. Hoje, não há alegria de ser rubro-negro.

Carregar o apelido de Mais Querido traz inúmeros bônus ao Flamengo, mas clama por responsabilidade. É dever do clube, diante da tragédia em seu quintal, abrir-se à sociedade, aos seus, amparar familiares e priorizar a transformação em modelo de estrutura para categorias de base no futebol brasileiro. É dever do Flamengo romper barreiras em um país no qual a Justiça é desacreditada principalmente em tragédias e amenizar o drama familiar com reparações financeiras inéditas e dignas de sua História. É hora de o Flamengo sair da caverna.

Até mesmo para questionar se há outros vilões no episódio. Por enquanto, calado e sem argumentos, assume o papel de único protagonista. O Flamengo não é de Landim e sua gestão. Pertence à sua gente, abrangente por natureza, solidária com as famílias que confiaram seus garotos à grandeza do clube. Exige-se respeitá-la. Sem compromissos à frente. Sem ausências em reuniões. É hora de definir como o Flamengo deseja encarar o espelho no futuro.

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