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Vinicius Junior Flamengo Maracanã 2017
Em 12 minutos, uma história: e o Maracanã gritou “Vinicius! Vinicius!”
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Ofensivo, Galo usa qualidade e faz Flamengo sofrer pela primeira vez em 2017

Guererro Flamengo Atlético-Mg 2017 Maracanã

Vinicius Junior estreou nos profissionais em um Maracanã lotado diante do Atlético-MG: atacante jogou oito minutos

Logo na estreia no Campeonato Brasileiro, o Flamengo foi desafiado. E sofreu pela primeira vez em 2017. Um choque de realidade válido para indicar o que virá pela frente na maior competição nacional. Verdade que nem todos os adversários terão o porte ou a agressividade do Atlético-MG, ainda mais em pleno Maracanã. Mas o Flamengo que se acostumou a dominar, empurrar os adversários para o campo defesa, viu outro lado do jogo neste sábado. Um empate em 1 a 1 que acabou de bom tamanho. Se foi encurralado por dolorosos minutos no segundo tempo, também perdeu boas chances que poderiam ter resultado na vitória.

Em um Maracanã cheio, Zé Ricardo não poupou titular algum. Todos que tinham condições estavam em campo para duelar com um rival direto na corrida pelo título. Postado no 4-2-3-1, o Flamengo tinha o garoto Matheus Sávio centralizado, na função de Diego. Algo nada fácil de espelhar. Mas tentou jogar ao seu jeito, com troca de passes. Matheus trocava com Everton. Enquanto um ocupava o meio, o outro assumia o lado esquerdo. Arão aproximava. O Atlético-MG, no entanto, não esperou. Agrediu o Flamengo pra incomodá-lo e impedi-lo de ficar confortável na partida. Em um 4-4-2 mais do que feroz. Bola no pé, o time de Roger mantinha três jogadores no campo de defesa – Carlos Cesar, Felipe Santana e Gabriel. E tentava empurrar o adversário para o seu campo com um bloco de quase sete homens além da linha do campo.

Fla no primeiro tempo: Matheus no meio

Primeiro forçou o jogo pelo lado esquerdo, com muita troca de passes, em tabela, de Robinho com Otero. Pará pouco contou com a ajuda de Berrío e sofria. Do outro lado, Elias buscava Fred. O Flamengo tentava se ajustar. E recuou. Deu campo ao Atlético-MG para explorar o contra-ataque. Entendeu que seria necessário sofrer para entrar na partida. Foi um começo elétrico. O Atlético-MG avançava, o Flamengo retomava a posse e tentava bolas compridas nas pontas, com Everton ou Berrío na velocidade. Era mais fácil. A jogada para buscar as matadas mortais de Guerrero não funcionava. O Galo tinha duas alternativas. A primeira era deixar o atacante impedido. Deu resultado algumas vezes. A segunda acionar Felipe Santana, que vigiava o peruano de perto e antecipava as bolas. Até com falta, se fosse necessário para quebrar o jogo do Flamengo. O Atlético tinha mais posse, mas o Flamengo chegava com mais perigo.

A primeira deu em gol. Matheus Sávio recebeu de Everton e foi para esquerda. Puxou para dentro e buscou cruzamento para Guerrero dentro da área. A bola ultrapassou todos, até Victor. E morreu na rede. Um gol sem querer, mas um gol. 1 a 0 que fez o Maracanã explodir. O Atlético avançou ainda mais, tentou pressionar o Flamengo. Mas o time rubro-negro tinha se ajustado. Sabia até onde poderia deixar o rival chegar para roubar a bola e partir no contra-ataque. A equipe mineira tentou cavando faltas laterais para alçar bola na área ou em chutes de meia distância. Cercava, mas não levava, de fato, real perigo. Márcio Araújo acompanhava Robinho, que flutuava atrás de Fred.

Com o quadro favorável, o Flamengo teve três chances para matar a partida. Esbarrou, de novo, no baixo aproveitamento nas finalizações. Sim, o time chuta a gol. Mas diante do que produz, acerta pouco as redes. Berrío, em tarde ruim, invadiu a área pela esquerda e se enrolou. Na sobra, Guerrero pegou a bola, girou e bateu para fora com o o gol escancarado. Depois, o colombiano teve bola esticada pelo lado direito e uma avenida para avançar. Chegou até a área e, indeciso, demorou a chutar, tentando o passe para o centro. A zaga atleticana aliviou e o primeiro tempo chegou ao fim. Posse do Atlético, chances do Flamengo. Vitória parcial do time da casa.

Roger percebeu. Dominava, mas necessitava ser mais incisivo. No segundo tempo, sacou Otero, de boa batida na bola e mais lento, por Cazares, com drible e velocidade. E adiantou ainda mais o time. Formou uma linha com quatro na frente da defesa rubro-negra. Elias era um ponta direita, Fred mais ao centro, em busca do pivô, Cazares e Robinho na esquerda. Muita troca de passes, buscando o jogo de um lado para o outro. Primeiro Cazares avançou pelo meio após receber bola de Elias, tocou entre as pernas de Pará e também sobre Muralha. A bola só não deu em gol porque Rafael Vaz a afastou. Parecia que o Flamengo repetiria a estratégia do segundo tempo, dando campo ao Galo para contra-atacar quando Everton recebeu de Guerrero e bateu em cima do Victor. Só parecia.

Pois o Galo avançava com uma tropa rumo à guerra. Organizado, de pé em pé, sufocando o Flamengo sem dar tempo para que Arão recuperasse a bola e mandasse à frente. Diego, desta vez, fazia muita falta. O homem que segura a posse, espera a reorganização da equipe e faz o jogo girar, acalmar. Enquanto isso, Adilson e, principalmente, Rafael Carioca, dominavam a intermediário à frente do bloco ofensivo de quatro. Era muita qualidade. O Flamengo não fora testado de tal maneira em 2017. Sabia disso. E sentia.

Vaz, de novo, salvou finalização de Cazares que tinha certo o caminho da rede. O gol era questão de minutos. Pressionado, Réver tentou estourar a bola, que sobrou nos pés de Robinho. Ele avançou e rolou para Fred. Experiente, o centroavante ameaçou o chute e girou. Consigo, levou Rafael Vaz, Réver e Trauco de uma vez. E achou Elias, livre, que mandou no ângulo esquerdo. 1 a 1.

Fla no segundo tempo: Ederson no meio

O Atlético engolia o Flamengo. Sufocado, Zé Ricardo tentou tirar um velho coelho da cartola. Matheus Sávio saiu, Trauco tomou o rumo do meio e Renê assumiu a lateral. Mas não era o 4-1-4-1 ao qual o peruano se acostumara. O time continuava em um 4-2-3-1. Trauco, cansado, não acompanhava as subidas de Rafael Carioca e tampouco criava. Na arquibancada, o nome de Vinicius Junior já ecoava. Sem um minuto sequer no profissional, o jogador já era visto como solução enquanto Atlético tabelava em campo. Robinho, Fred, Cazares. A arquibancada, aflita, sentia o jogo em risco.

Quando Cazares chutou cruzado e Fred quase escorou para o gol, Zé Ricardo mudou de novo. Sacou Trauco do meio e pôs Ederson. Mas quem ajudou, mesmo, foi Roger, ao tirar a dupla Robinho e Fred para as entradas de Maicosuel e Rafael Moura. O Atlético-MG perdeu qualidade no ataque e diminuiu o ritmo intenso. Zé Ricardo sentiu o momento e promoveu a estreia de Vinicius Junior, no lugar de Berrío. Levou a torcida junto no frisson que passava pelo Maracanã. Na primeira bola lançada ao garoto, no lado esquerdo, todos se levantaram na expectativa para a jogada. A bola foi para fora.

Por duas vezes, o Flamengo chegou perto. Com bolas alçadas na área, Guerrero e Ederson finalizaram para fora.Em uma delas, a bola, serelepe, pererecou pela linha até ser afastada. Vinicius Junior ousou. Saiu da esquerda para a direita. Cruzou, tentou passe de calcanhar e drible. Mas acabou desarmado. Normal para um garoto de 16 anos que estreava no profissional em um Maracanã lotado com 50 mil pessoas gritando seu nome. Com o frenesí, o Atlético entendeu que o campeonato teria mais 37 rodadas pela frente e valorizou o ponto no Rio. O Galo pode sair orgulhoso. Em pleno Maracanã, teve mais posse (56%), mais finalizações (13 x 10) e mais passes trocados (447 x 291) do que o rival. Dominou o jogo e correu o risco de perdê-lo com as chances que deu aos rubro-negros. E fez, pela primeira vez em 2017, o Flamengo entender de verdade o que é sofrer em um jogo.

FICHA TÉCNICA
FLAMENGO 1 X 1 ATLÉTICO-MG

Local: Maracanã
Data: 13 de maio de 2017
Horário: 16h
Público e renda: 42.575 pagantes / 50.220 presentes / R$ 1.874.265,00
Árbitro: Jailson Macedo Freitas (BA)
Cartões amarelos: Trauco e Everton (FLA) e Fábio Santos, Ralph, Rafael Carioca (ATL);
Gols: Matheus Sávio (FLA), aos 23 minutos do primeiro tempo e Elias (ATL), aos 13 minutos do segundo tempo

FLAMENGO: Alex Muralha, Pará, Rever, Rafael Vaz e Trauco (Ederson, 29’/2T); Márcio Araújo e Willian Arão; Berrío (Viniciur Junior, 37’/2T), Matheus Sávio (Renê, 14’/2T) e Everton; Guerrero
Técnico: Zé Ricardo

ATLÉTICO-MG: Victor, Carlos César, Felipe Santana, Gabriel e Fábio Santos; Adilson, Rafael Carioca, Elias e Otero (Cazares / Intervalo); Robinho (Maicosuel, 34’/2T) e Fred (Rafael Moura, 34’/2T)
Técnico: Roger Machado

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