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A ousadia de Zé Ricardo e a vitória no Maracanã: o Fla sai da zona de conforto

Guerrero Flamengo Maracanã Atlético-PR Libertadores 2017

Guerrero comemora o gol contra o Atlético-PR, no Maracanã

Guerrero Flamengo Maracanã Atlético-PR Libertadores 2017

Guerrero comemora o gol contra o Atlético-PR, no Maracanã: peruano teve ótima atuação pela equipe rubro-negra

Deixar a acomodação de uma zona de conforto é passo necessário para caminhar em direção a uma evolução. Sair de uma fórmula que deu certo requer ousadia. Em um jogo coletivo como o futebol se faz quase necessário ter alternativas na montagem do time para surpreender o rival. No pulsar do Maracanã, Zé Ricardo foi corajoso. Trauco da lateral para o meio de campo, subitamente. Sem aviso. Uma ousadia que trouxe a massa junto desde o apito inicial e surpreendeu o Atlético-PR, levando a uma vitória construída em 15 minutos. 2 a 1. Um Flamengo diferente. Mais leve. Mais focado. Talvez um primeiro passo para a correção de rota na temporada.

A equipe rubro-negra que teve bons momentos no Brasileiro de 2016, com troca de passes, ficara para trás. Depois de indícios de evolução no início de 2017, o time ficou estagnado e piorou, preso à bola alçada. A saída do previsível 4-2-3-1, de fácil leitura para os rivais neste ano, para o 4-4-2 mudou o Flamengo em jogo-chave em casa. Mesmo com desfalques de Everton e Mancuello. Muito organizado, Márcio Araújo, Willian Arão, Gabriel e Trauco formavam a linha atrás de Diego e Guerrero.

Um ganho enorme com o lateral peruano mais livre. Técnico, ele saiu da ponta e caiu sempre pelo meio. Com seis minutos, ele estava no centro, mas antes da linha do meio de campo, e lançou Guerrero na área. Na disputa com Thiago Heleno, o camisa 9 levou a melhor duas vezes e tocou de cabeça para o gol. Seis minutos. 1 a 0.

Fla do primeiro tempo: 4-4-2

A explosão do Maracanã e a sinergia entre time e torcida deixaram claro que a aposta de Zé tinha sido acertada e a noite seria complicada para o Atlético-PR. O Flamengo apostou e se propôs a mudar. Os jogadores pareciam muito mais dispostos a dar certo do que em outras partidas. Concentrado, o time não tinha o espaçamento de outros dias e mostrou ótima sincronia para executar o plano de jogo. Márcio Araújo funcionava bem. Willian Arão avançava e mantinha posição na defesa com eficiência.

O Atlético-PR, no seu 4-2-3-1, sentiu. Diego estava fora do encaixe da marcação, ganhando espaços às costas dos volantes, especialmente de Deivid. Solto, o camisa 10 do Flamengo protagonizou um golaço com 15 minutos. Após boa troca de passes, Arão recebeu na ponta direita e cruzou rasteiro para a área. Trauco fez o corta-luz e Diego, sozinho dentro da área, bateu no ângulo esquerdo de Weverton. 2 a 0. Era um Flamengo diferente. Primeiro gol, em lançamento. Segundo gol, em troca de passes. Alternativas para pavimentar a vitória. Equilíbrio.

Com o placar construído tão rapidamente, o time da casa manteve a postura e esperou mais o Atlético. Permitiu que o adversário tomasse a posse do jogo para tentar o contra-ataque fulminante e, provavelmente, definitivo. Mas o Furacão tinha dificuldades em penetrar na área do Flamengo. Douglas Coutinho e Nikão, os pontas, giravam a bola de um lado para o outro, sem sucesso.

Invariavelmente, o time perdia a paciência e arriscava um chute ou cruzamento de bem longe. Em uma batida forte de Nikão, Muralha espalmou a bola. Era curioso. Geralmente impaciente ao tanto girar a bola, o Flamengo observava o rival provar desse gosto frustrante. Diego, ainda solto, ainda acertou a trave de Weverton de longe. Um Flamengo leve, à vontade e que terminou o primeiro tempo com 45% de posse de bola e apenas cinco cruzamentos. Mudança radical. Adeus, zona de conforto.

Flamengo ao fim da partida

Na segunda etapa, Zé Ricardo manteve o esquema da parte inicial. Autuori, em minutos, respondeu com Grafite no lugar do inoperante Eduardo da Silva. Com 13 minutos, Lucho González rolou para Douglas Coutinho na direita, que cruzou rápido para Nikão, em posição no mínimo duvidosa, tocar para o gol. Renê, que saíra para dar o bote no meio, deixou espaço nas costas. 2 a 1. Clima de suspense no Maracanã. Apenas minutos depois.

O choque de Diego e sua saída de campo com um problema no joelho direito causaram mais impacto na arquibancada do que o gol sofrido. Zé Ricardo tentou remediar com Matheus Sávio, mantendo o time no 4-4-2 na maior parte, mas quase em um 4-5-1 quando atacado. Meia-atacante, o garoto não conseguiu manter a bola presa no ataque e auxiliar Guerrero, como fazia Diego. O Atlético-PR avançou. Nikão tentava o jogo mais por dentro, ao lado de Grafite.

Donatti, em boa noite, teve sucesso por cima e no jogo aéreo. Gabriel, cansado, deu lugar a Cirino, recebido com uma ovação inédita antes mesmo de entrar em campo. E respondeu. Foi válvula de escape pela direita e criou boas chances. O apito final chegou com vitória rubro-negra, liderança de grupo e ideias para o restante da temporada. Terceiro bom desempenho na Libertadores. Os dois melhores jogadores brilharam. O esquema funcionou. Sair da zona de conforto é bom. Ousar, também. O Flamengo deixou o Maracanã diferente. Diante do Vasco foram 14 finalizações e 30 cruzamentos. Contra o Atlético-PR, dez finalizações e 20 cruzamentos, de acordo com números do Footstats. Há peças para criar alternativas. Continuar a caminhar por essa estrada, agora, depende de Zé Ricardo.

FICHA TÉCNICA:
FLAMENGO 2X1 ATLÉTICO-PR

Local: Maracanã
Data: 13 de abril de 2017
Horário: 21h45
Árbitro: Wilson Lamouroux (COL)
Cartões amarelos: Donatti e Pará (FLA) e Paulo André (ATL)
Público e renda: 53.389 pagantes/ 58.558 presentes/ R$ 3.336.297,50
Gols: Guerrero (FLA), aos seis minutos, e Diego (FLA), aos 15 minutos do primeiro tempo e Nikão (ATL), aos 13 minutos do segundo tempo

FLAMENGO: Alex Muralha; Pará (Cuellar, 43’/2T), Donatti, Rever e Renê; Márcio Araújo, Willian Arão, Trauco e Gabriel (Cirino, 26’/2T); Diego (Matheus Sávio, 21’/2T) e Guerrero
Técnico: Zé Ricardo

ATLÉTICO-PR: Weverton; Jonathan, Paulo André, Thiago Heleno e Sidcley; Deivid (Luiz Otávio, 25’/2T), Matheus Rossetto, Lucho González (João Pedro, 29’/2T), Nikão e Douglas Coutinho; Eduardo da Silva (Grafite, 11’/2T)
Técnico: Paulo Autuori

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