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Paquetá, Vinicius e a ponte

Vinicius Junior Flamengo Lucas Paquetá

(Gilvan de Souza / Flamengo)

Vinicius Junior Flamengo Lucas Paquetá

(Gilvan de Souza / Flamengo)

O sorriso escancarado e a rabiscada diante da arquibancada após cada gol indicam algo diferente. Leveza. Coisa de moleque. Não molecagem. Mal completaram 20 anos – um ainda está longe disso – e já entendem tão bem como se comunicar com a massa. Sai ao natural, sem força. Depois de tantos milhões investidos e tanta frustração, o Flamengo olhou para si e se reconheceu. Quase que por acaso, é verdade. O meia que nem no banco estava virou centroavante, ponta e volante até ser, sim, meio-campista onipresente. O guri de 45 milhões de euros, às pressas, pulou degraus. Em dias já estava lá entre os profissionais com a camisa ainda folgada gingando frente aos adversários. Lucas Paquetá e Vinicius Junior. Responsáveis por formar a ponte com arquibancada. Criar uma atmosfera. Algo que não se compra. Forma-se naturalmente de tempos em tempos. É necessário ter atenção para entender. Compreender um momento especial.

Líder absoluto do Campeonato Brasileiro, o Flamengo tem enormes méritos. Jogo bem planejado, organização, medalhões funcionando, estratégia de Barbieri. Mas no futebol é necessário criar uma atmosfera vencedora, positiva. Construir uma ponte imaginária entre arquibancada e campo capaz de tornar o pacote diferente. Espalhar uma alegria quase palpável. Dois que são, na verdade, um só. Time e torcida. Clube e sua gente. Paquetá e Vinicius são a ponte deste Flamengo. Representam, em tão pouco tempo, tanto. Com a efetivação dos garotos no time titular, o astral mudou. O Maracanã pulsa com os garotos citados nas escalações. Não é, mesmo, um apoio trivial de torcedor. Paquetá e Vinicius são a cara do que o rubro-negro deseja.

Elétricos, alegres, provocadores, ousados. Competitivos e técnicos. Risada escancarada, passinhos. Uma alegria juvenil contagiante. Neles, o torcedor se reconhece. “Isso ali é Flamengo!”, apontam na arquibancada, de braços abertos. Uma felicidade que preenche. Uma risada frouxa. Milhão algum compra isso. É espontâneo, natural. Uma identificação que Adriano, o Imperador, tinha com a arquibancada. Cria da casa, sangue fervendo nas veias, desejo de vencer, colocar a camisa no topo. Faz falta a todo clube. É tarefa essencial mantê-los. É missão da diretoria do Flamengo manter a dupla, ao menos, até o fim do ano.

Pois, claro, todo futebol europeu se deixa contagiar pela alegria dos moleques. Jogam futebol com alegria. Enchem os olhos. Querem, com milhões, trazer um pouco de tudo isso para si. Vinicius está negociado. Cabe ao Flamengo entrar em um avião, ir a Madrid e convencer urgentemente o Real de que mais seis meses de alegria podem fazer toda a diferença. Para Vinicius, para o clube. Paquetá, 20 anos, já é vítima de assédio. Ingenuidade pensar que vai durar mais do que um ou dois anos no Ninho. Há forças impossíveis de combater. Mas, sim, é possível adiar a despedida. Tornar os garotos o ponto de retomada. O Flamengo que tanto se reconstruiu nos últimos anos precisava do sopro de renovação no futebol. Em campo. Reencontrar identidade, o tal sangue rubro-negro. Moleques nascidos no Ninho e que queiram vencer não por si, mas pela ideia de ter um clube do coração. Este não é o Flamengo de Diego, Flamengo de Everton Ribeiro. É o Flamengo de Lucas Paquetá e Vinicius Junior. É simbólico. A luta do clube para manter a sua ponte com a arquibancada e estender a alegria é primordial.

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