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Pela metade, Flamengo aponta distância para o Botafogo no clássico

Everton Ribeiro gol Botafogo

(Flamengo / Divulgação)

Michael Flamengo Botafogo Taça Rio 2020

(Flamengo / Divulgação)

Um dos temas mais discutidos no futebol carioca atualmente aborda o fato de a distância de um time, no caso o Flamengo, para os rivais ser a maior da História. Uma discussão que sempre passeia pelo campo da subjetividade, mas o clássico deste sábado no Maracanã parece mesmo ter indicado quão grande é a diferença entre Flamengo e Botafogo. Mesmo diante de um Rubro-Negro desfalcado de cinco titulares só foi possível ao Glorioso equilibrar forças por um tempo. Na metade final, a vitória de 3 a 0 foi construída com enorme facilidade. Patamares, mesmo, distintos.

Fla no início: jogo pela esquerda, time com dificuldades ao centro

É até compreensível. O abismo financeiro entre os clubes aponta diretamente para o campo. A superioridade técnica do Flamengo é muito visível mesmo quando recheado de seus reservas. Jorge Jesus não contava com Rafinha, Rodrigo Caio e Arrascaeta, lesionados. Decidiu também poupar Filipe Luís e Gerson, de olho na partida da Libertadores, quarta-feira, contra o Barcelona de Guayaquil. Montou uma equipe no 4-1-3-2, com um quarteto ofensivo formado por Everton Ribeiro, Michael, Bruno Henrique e Gabigol. Parecia promissor. Embora não tivesse o ímpeto fatal que costuma apresentar no Maracanã, com intensidade no topo, o Flamengo tinha a bola. Trocava passes laterais sem a objetividade característica. E apostava em Michael. O baixinho cansou de receber bolas pelo lado esquerdo, mas mostrou nervosismo ao decidir as jogadas. Errou passes, dribles. Tinha pouco espaço. Estratégia acertada do Botafogo.

Botafogo no início: boa marcação na direita e poucos espaços ao rival

Paulo Autuori montou uma equipe justamente na tentativa de reduzir espaço ao Flamengo e vetar qualquer liberdade em campo. Mas sem abdicar do ataque. Pressionou a saída de bola rubro-negra com um 4-3-3 eficiente, dobrando Marcelo Benevenuto e Luiz Fernando na marcação à direita, sem respiros para Michael e Bruno Henrique. Na retomada de bola, saída rápida pelos lados com Bruno Nazário ou Luis Henrique. Alternava, também, bolas longas na tentativa de levar vantagem sobre a zaga adiantada de Jorge Jesus, destinando a Pedro Raul. Dava pouco espaço à fluidez conhecida do jogo rubro-negro. O Flamengo, sempre agudo, se tornou mais lateral, quase burocrático. Apostou, por vezes, em lançamentos de Léo Pereira para a casquinha de cabeça de Bruno Henrique a Michael, tentando sair em velocidade. Foi pouco feliz e, a rigor, basicamente não assustou Gatito no primeiro tempo. Ao contrário do Botafogo com Diego Alves.

Ainda que seja limitado tecnicamente, o time de Autuori demonstrou aplicação necessária para evitar os espaços ao rival. Marcelo Benevenuto como lateral foi boa estratégia. Ao avanço do time, ele segurava a passada e fazia um trio com Carli e Kanu. Contou, também, com um Flamengo abaixo tecnicamente para errar ao ser pressionado. Na retomada de bola, velocidade. Assim, Luis Henrique quase marcou ao receber ótimo passe de Alex Santana pela esquerda, em enfiada de bola que ganhou na corrida de Gustavo Henrique. A este ponto, a equipe de Jorge Jesus já não tinha João Lucas, lesionado, e contava com a improvisação de Berrío, com pouco cacoete defensivo para formar a linha que tem obrigação de estar atenta às movimentações para deixar o rival em impedimento. O Botafogo tinha suas fichas também no jogo aéreo. Falta na área cobrada por Bruno Nazário, Pedro Raul apareceu à esquerda para carimbar o travessão de Diego Alves. No apagar das luzes, o Camisa 9 alvinegro ainda fez o seu gol ao receber ótimo passe de Caio Alexandre. Mas o VAR apontou impedimento e livrou o Flamengo de apuros maiores.

Era um panorama até então surpreendente. O Botafogo não apenas equilibrara as forças, reduzira espaços do rival como fora superior ao Flamengo no primeiro tempo. Falhou em produzir chances e não transformá-las em vantagem, pois fatalmente o Flamengo seria diferente na segunda etapa. Dito e feito. Sem substituições, o time ajustou em campo. Diego deu poucos passos atrás, Everton Ribeiro passou a circular mais pelo meio. Luiz Fernando teve, então, que se dividir entre o centro e o lado direito. Não apenas por não conseguir manter a força na marcação, com declínio físico, mas o Botafogo passou a ceder espaços. É fatal contra o Flamengo. Micael ensaiou uma investida contra Marcelo Benevenuto, mas errou a mão no cruzamento. Na segunda tentativa, entortou de novo o zagueiro posicionado na lateral e cruzou mais baixo. Gatito espalmou e, na sobra, Everton Ribeiro tocou para o gol. 1 a 0. O Botafogo desmoronou.

Fla ao fim: Everton Ribeiro por dentro, Michael à direita

Jorge Jesus alternou a equipe para um 4-2-3-1, abrindo Bruno Henrique à esquerda, Michael à direita, Everton Ribeiro centralizado, Diego como segundo volante. É uma característica marcante de Jorge Jesus, a constante mutação do Flamengo durante a mesma partida. Os espaços, naturalmente, aparecem, a marcação do adversário demora a encaixar novamente. Foi o que ocorreu. Mesmo Renê se tornou mais ofensivo, ocupando o lado esquerdo e buscando o fundo já desprotegido. Em uma das aparições tentou o cruzamento, a bola foi rebatida. Na volta, ele tocou para Gabigol, dentro da área. O Camisa 9 fingiu o chute e levou ao pé direito em corte seco. Bateu forte e, no desvio em Benevenuto, a bola morreu na rede alvinegra. 2 a 0. O Maracanã entrou em plena ebulição com a ampla vantagem rubro-negra também nas arquibancadas.

Ao fim, um Botafogo mais espaçado, mas sem oferecer resistência

Diante de extrema facilidade, o Flamengo deu sequência ao seu jogo vertical, com fluidez na troca de passes, que o caracteriza desde 2019. Parece um tubarão ao farejar uma presa ferida em pleno oceano. O instinto o manda atacar. Diante de um Botafogo exausto o espaço à frente da área foi inevitável. Gatito fez pênalti em Everton Ribeiro. Gabigol cobrou a primeira com cavadinha, no travessão. Diego fez no rebote, mas acabou anulado pelo VAR. Na nova penalidade, Gabigol acertou de novo o travessão, numa finalização forte. Contrariado, o artilheiro tentou de todas as maneiras compensar o pênalti perdido. Pegava a bola e tentava definir uma jogada letal. Saltava aos olhos a facilidade que tinha para percorrer todo o setor de ataque. Ao sair da área, um dos pontas entrava em diagonal. Assim, Michael estava livre por trás da defesa para receber o passe do Camisa 9, infiltrado como um autêntico meia pelo centro. Michael tocou apenas o suficiente para deixar Gatito sem ação e comemorar. 3 a 0.

Autuori havia tentado Cortez pelo meio para dar mais velocidade e incomodar o Flamengo. Não havia mais resistência. O Botafogo fez um primeiro tempo digno, travou o rival e contou com chances para ter uma vantagem. Não as fez. Foi o quanto pôde resistir. Um Flamengo mais intenso, com maior espaço, soube dar o bote fatal e transformar em trivialidade o placar folgado. Apenas pela metade, o Rubro-Negro demonstrou que a diferença é mesmo gritante.

FICHA TÉCNICA
FLAMENGO 3X0 BOTAFOGO

Local: Maracanã
Data: 7 de março de 2020
Árbitro: Bruno Arleu de Araújo (RJ)
VAR: Rodrigo Nunes de Sá (RJ)
Público e renda: 48.470 pagantes / 52.544 presentes / R$ 1.872.425,00
Cartões amarelos: Gabigol, Everton Ribeiro (FLA) e Pedro Raul, Caio Alexandre, Alex Santana, Bruno Nazário, Gatito (BOT)
Gols: Everton Ribeiro (FLA), aos 12 minutos, Gabigol (FLA), aos 22 minutos, Michael (FLA), aos 41 minutos do segundo tempo

FLAMENGO: Diego Alves, João Lucas (Berrío, 21’/1T), Gustavo Henrique, Léo Pereira e Renê; Willian Arão; Everton Ribeiro, Diego (Thiago Maia, 47’/2T) e Michael; Bruno Henrique (Vitinho, 41’/2T) e Gabigol
Técnico: Jorge Jesus

BOTAFOGO: Gatito Fernández, Marcelo Benevenuto, Carli (Barrandeguy, 41’/2T), Kanu e Danilo Barcelos; Caio Alexandre (Cortez, 25’/2T) , Alex Santana, Luiz Fernando (Cícero, 41’/2T) e Bruno Nazário; Luis Henrique e Pedro Raul
Técnico: Paulo Autuori

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