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Sobre meninos e reforços: nova vitória deve levar Flamengo a olhar dentro do Ninho

Vinicius Junior Flamengo camisa 10

Vinicius Junior Flamengo Cabofriense 2018

Aos 32 minutos do segundo tempo na Ilha do Urubu, um time decidiu reduzir a passada e trocar passes para esfriar o adversário e administrar a vitória de 1 a 0. Atitude até natural, não fosse esta equipe um Flamengo repleto de garotos recém-saídos da base frente a um time mais cascudo como o da Cabofriense. Não uma atuação coletiva de saltar aos olhos como a estreia diante do Volta Redonda. Mas a segunda vitória seguida no Campeonato Carioca indica que o Flamengo tem reforços a maturar em casa. Há tempos o clube não apontava no horizonte jogadores de bom nível em uma só baciada. Mais do que gastar, cabe ao futebol do Flamengo observar para seu próprio terreno. O terreno parece fértil.

Claro, chegará alguém para pedir cautela e não avaliar jogadores em dois ou três jogos. Não é, porém, o caso. Quem acompanhou minimamente alguns atletas em jogos da base sabe que existe uma evolução em curso. Jean Lucas provavelmente é o símbolo. Camisa para dentro do calção, elegância, passadas largas. Mostrava talento na base. No profissional, mostra também estar à vontade. Com apenas 19 anos, ele pode ser o volante que o clube busca tão avidamente no mercado a troco de milhões. Como fez o Grêmio, por exemplo, com Arthur em 2017. A calma nesta transição será essencial.

Fla no início: 4-3-3, alternância pelos lados

Justamente por isso é interessante o trabalho de Paulo César Carpegiani de dar espaço à molecada neste início de Campeonato Carioca. É também uma necessidade pelo retorno tardio dos profissionais das férias. Os jogos em si acabam mais atrativos ao torcedor. Depois da estreia acelerada, com pitadas fartas de ímpeto até juvenil, o técnico tentou equilibrar a balança com o retorno de Rodinei e Renê às laterais e a chegada de Lincoln e Vinicius Junior ao ataque. Na prática, a ideia foi bem similar ao jogo do Volta Redonda.

Um 4-3-3 ao atacar e um 4-1-4-1 ao defender. Diante do Voltaço, no entanto, havia muito mais espaço cedido pelo adversário. À primeira vista, o time parecia estar em um 4-4-2. Mas Pepê encostava por um lado, com Lucas Silva do outro, Wendel centralizado ao atacar fechando o trio. Jean Lucas era mais um elemento surpresa ao lado dos laterais ofensivos Klebinho e Ramon.

A Cabofriense certamente acompanhou a partida do rival e decidiu limitar o espaço. Mantinha até um 4-5-1 para evitar campo para as passadas largas de Jean Lucas, Lucas Silva, Vinicius Junior e Lincoln. O Flamengo teve de trabalhar mais a bola. Início de jogo com Jonas, novamente nervoso com a camisa rubro-negra como em 2016, passando por Ronaldo e Jean Lucas. Troca de passes. Faltava, no entanto, um meia com características de Pepê, mais organizador, como ocorreu diante do Volta Redonda. Jean Lucas, mais liberado ao ataque, enxerga melhor o jogo de trás, buscando infiltrações. Vinicius Junior, inicialmente na direita, tentou suprir essa função caindo pelo meio às vezes. Em dez minutos, já estava na esquerda, com Lucas Silva à direita. Melhorou.

Mas o jogo pela esquerda dependia exclusivamente de Vinicius Junior. A ousadia para driblar permanece a mesma. Mas não havia tanto com quem dialogar. Renê é lateral extremamente defensivo. Lincoln, em noite ruim, estava tímido. O gol só saiu em um cruzamento de Rodinei da direita para a chegada de Vinicius Junior como um centroavante. 1 a 0. A rigor, a Cabofriense só assustou em um chute perigoso de Bruno Tubarão de fora da área no fim do primeiro tempo. O Flamengo não era tão acelerado como na estreia. Mas era melhor. Tinha uma zaga segura, formada por Léo Duarte e Thurer, dois bons valores.

Fla ao fim: maior cadência

O período ainda é de experiências. Por isso Carpegiani parece ter dado mais tempo para que o time tentasse se acertar. Mas a insistência com Jean Lucas mais avançado faz o time perder duas vezes. Primeiro com a ausência do volante para receber a bola e iniciar a construção do jogo pelo meio. Ele caía pela esquerda, pela direita, centralizava. Por ter qualidade, dava sequência. Mas menos do que poderia. A criatividade, sim, passa por um meia que não existia. E o jogo era forçado para os lados.

As inúmeras trocas proporcionadas pelo Campeonato Carioca modificaram o panorama. Mas o que impressiona é que há qualidade para substituir até entre garotos. Difícil que todos vinguem como grandes jogadores. Depende da adaptação individual e dos espaços que surgem. Mas Vinicius Junior e Lincoln, por exemplo, deram lugar para Pepê e Wendel. Depois Jajá e Ramon nas vagas de Jonas e Renê. E, enfim, Klebinho na de Rodinei. O time assumiu o 4-1-4-1 com Ronaldo mais preso à frente da zaga, Jajá e Jean Lucas alternando por dentro, Lucas Silva e Pepê trocando espaços por fora. Um Flamengo que se adapta, mesmo cheio de garotos. E colocou a Cabofriense na roda por cerca de 15 minutos.

Foram  17 finalizações, 59% de posse e 431 passes certos trocados, de acordo com o Foostats. De um time de garotos. Dos 16 jogadores, apenas Rodinei, Renê e Jonas carregam grande experiência além das fronteiras do Ninho do Urubu. É justamente no CT que parecem morar os reforços do Flamengo para o futuro. Contratações pontuais, com auxílio de prata da casa. A reestruração da base do Flamengo pede passagem. Basta o próprio clube ouvi-la e pavimentar o seu caminho.

FICHA TÉCNICA
FLAMENGO 1X0 CABOFRIENSE

Local:
Estádio Luso-Brasileiro, a Ilha do Urubu
Data: 16 de janeiro de 2017
Horário: 20h15
Árbitro: João Batista de Arruda (RJ)
Público e renda: 3.332 pagantes / 4.045 presentes / R$ 86.072,00
Cartões Amarelos: Leomir e Victor Silva (CAB)
Gol: Vinicius Junior (FLA), aos 32 minutos do primeiro tempo

FLAMENGO: Gabriel Silva; Rodinei (Klebinho, 31’/2T), Thuler, Léo Duarte e Renê (Ramon, 24’/2T); Jonas (Jajá, 24’/2T), Ronaldo e Jean Lucas; Lucas Silva, Lincoln (Wendel, 16’/2T) e Vinicius Junior (Pepê, 16’/2T)
Técnico: Paulo César Carpegiani

CABOFRIENSE: George; Leomir (Paulo Sergio / Intervalo), Victor Silva, Leandro Euzébio e Airton; Levi (Mateus Guerreiro, 36’/2T), Kaká Mendes (Marcelo Gama, 29’/2T), Bruno Tubarão (Anderson Manga 36’/2T) e Davi Ceará (Lauro César / Intervalo); Maranhão e João Carlos

Técnico: Antônio Carlos Roy

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