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Testado fora de seu manual de jogo, Botafogo de novo mostra dificuldades para vencer

Roger Botafogo Coritiba Engenhão

Roger Botafogo Coritiba Engenhão

Em que pese um pênalti discutível de Carli no segundo tempo e que determinou o último gol do Coritiba, o Botafogo encontrou uma dificuldade conhecida no jogo da manhã deste domingo, no Estádio Nilton Santos, o Engenhão. É uma equipe muito organizada, que mantém o padrão até mesmo diante de vários desfalques, mas se complica quando tem de exibir um estilo de jogo fora de seu manual estabelecido. Já foi assim contra o Barcelona de Guayaquil em casa e com o Grêmio, no Sul. E, de novo, no empate em 2 a 2 com o Coritiba.

Lá estava o Botafogo de Jair Ventura postado em seu 4-4-2 bem fechado, com o bloco de quatro jogadores atrás de Roger, o centroavante, e João Paulo, que tentava se encaixar na função geralmente destinada a Camilo. Mas a agressividade do Coritiba, com marcação no campo adversário desde o início, tentando roubar a bola na saída de bola do rival e esgarçar o jogo em seus três homens de frente, complicou. Talvez por isso Carli, atabalhoado, tenha atropelado Rildo com cinco minutos de partida, num pênalti muito bem cobrado por Kleber, o Gladiador.

Botafogo no começo: João Paulo avançado

A desvantagem no placar de forma tão precoce tirou o Botafogo da zona de conforto. Necessitaria ganhar campo, avançar, em vez de buscar o jogo de contra-ataque que tanto preza. O problema era que, para criar, necessitava de maior qualidade técnica, ao menos um homem para pensar o jogo, ver espaços e encaixar bolas que façam o bloco de trás acompanhá-lo. O eixo criativo. João Paulo não é esse jogador. Tem bom domínio, passe interessante, mas funciona muito mais como volante do que como um meia fazendo a função de um falso segundo atacante. Camilo, lesionado, e Montillo, ainda retornando aos poucos de lesão e no banco de reservas, seriam opções em outros dias. Sem jogo por baixo, de pé em pé, coube ao time de Jair alçar bolas da intermediária.

Uma estratégia arriscada diante de um Coritiba que, ao recuperar a bola rebatida para sua área, saía jogando muito pelo chão, de pé em pé, com Tiago Real acionando as pontas, principalmente com Rildo, auxiliado por William Matheus, nas costas de Arnaldo e Bruno Silva. Buscava velocidade diante de um Botafogo que se sentia desconfortável em ter de sair tão abruptamente à frente. Gatito salvou um bom chute de Dodô de longe. A partida já era preocupante até Gilson ir à linha de fundo, alçar bola na área para João Paulo resvalar de cabeça para Roger, na pequena área, completar para o gol.

O empate trouxe não só igualdade ao placar, mas também o Botafogo de volta ao jogo. Matheus Fernandes e Rodrigo Lindoso já tinham mais controle do meio, impedindo as investidas de Tiago Real. O panorama melhorou para o Botafogo, principalmente pelo fato de Pimpão se desgarrar um pouco da função defensiva pelo lado esquerdo e tentar auxiliar Roger no ataque. O centroavante, no entanto, teve duas chances de virar a partida. Em uma, após falta cobrada por João Paulo, cabeceou por cima do gol. Na outra, em chute de fora da área, Wilson fez boa defesa. Tudo igual.

Era um placar mais ao gosto do Botafogo. Pressionado, o Coritiba deveria lançar-se ao ataque no segundo tempo e deixar campo para o contragolpe alvinegro. Talvez o jogo até caminhasse nessa direção não fosse um vacilo alvinegro e um pênalti discutível. De novo, Rildo na linha de fundo. De novo, Carli na marcação. No enlance dos pés, a arbitragem viu pênalti, cobrado bem por Henrique, que provocou a torcida alvinegra com um gesto de chororô. Jair entendeu que era necessário agredir com qualidade. Tirou Matheus Fernandes, recuou João Paulo e pôs Montillo mais à frente, ao lado de Roger. Acertou na intenção, mas o time errou na forma.

No fim: Montillo e garotos, mas jogo aéreo

Talvez com boa dose de revolta, Carli abandonou a zaga e lançou-se à frente por alguns minutos. Apareceu no meio, na ponta direita e na área. Pedia lançamentos ou cruzamentos. Jogo aéreo, obviamente. Em uma das tentativas, o gol até veio. João Paulo bateu da direita, Werley não rebateu e Carli, como um centroavante, aproveitou a sobra para empatar o jogo com raiva. 2 a 2. Foi um achado em meio a um mar de bolas aéreas, quase sempre pouco eficazes. Havia espaço para tentar o jogo no chão, com tabelas. Em um lance, a demonstração de que haveria luz no jogo bem trabalhado: Gilson puxou para o meio e encontrou Montillo livre na frente de Wilson. O argentino, ainda sem ritmo, bateu mal, em cima do arqueiro.

O jogo nervoso, então, voltou. De acordo com o site footstats foram 55 lançamentos e 24 cruzamentos do Botafogo ao longo de toda a partida. O Coritiba, ao fim da partida, tentou imitar a prática, principalmente após a entrada de Alecsandro. Mas, no fundo, parecia contente com o empate. Sem opções diante de tantos desfalques, Jair ainda lançou dois garotos em campo, o grandalhão Renan Gorne e o volante Wenderson. Nervoso, o time não andou mais. Continuou a depender exclusivamente do jogo aéreo.

O empate, então, foi pouco. Terceiro jogo seguido sem vitória no Brasileiro. Caso queira manter o seu manual, mesmo dentro de casa, o Botafogo deverá se concentrar ao máximo para não sair atrás do placar logo de cara. Corre o risco de ter a identidade de seu jogo desconstruída de forma precoce, como neste domingo. Diante dos desfalques, a equipe esbarrou nas limitações técnicas e forçou o chuveirinho. O Brasileiro não tolera pouca criatividade de um mandante.

FICHA TÉCNICA:
BOTAFOGO 2X2 CORITIBA

Local: Estádio Nilton Santos, o Engenhão
Data: 11 de junho de 2017
Horário: 11h
Árbitro: Flavio Rodrigues de Souza (SP)
Público e renda: 14.866 pagantes / 17.537 presentes / R$ 427.715,00
Cartões amarelos: Gilson, Bruno Silva, João Paulo e Renan Gorne (BOT) e William Maheus, Henrique e Kleber (COR)
Gols: Kleber (COR), aos seis minutos e Roger (BOT), aos 22 minutos do primeiro tempo; Henrique (COR), aos nove minutos e Carli (BOT), aos 20 minutos do segundo tempo

BOTAFOGO: Gatito; Arnaldo, Carli, Igor Rabello e Gilson; Bruno Silva (Wenderson, 33’/2T), Rodrigo Lindoso, Matheus Fernandes (Montillo, 14’/2T) e Rodrigo Pimpão; João Paulo e Roger (Renan Gorne, 33’/2T)
Técnico: Jair Ventura

CORITIBA: Wilson; Dodô, Marcio, Werley e William Matheus; Alan Santos, Jonas e Tiago Real; Kleber (Alecsandro, 37’/2T), Henrique (Edinho, 42’/2T) e Rildo (Iago Dias, 33’/2T)
Técnico: Pachequinho

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