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Tite e o bico no bom senso

Tite Seleção Brasileira convocação
Tite Seleção Brasileira convocação

(Pedro Martins / MoWA Press)

O coro de insatisfação foi ouvido em toda a comunidade do futebol brasileiro. Não havia sentido convocar jogadores envolvidos nas semifinais da Copa do Brasil. Tite pareceu não ligar para a velha briga do calendário nacional. Deu mesmo de ombros, como se não fosse com ele. Estão na lista Lucas Paquetá, Fagner e Dedé. No dia 11 de setembro estarão com a Seleção Brasileira em Washington, nos Estados Unidos, para amistoso contra El Salvador. No dia 12 devem encarar uma corrida maluca para chegar ao menos aos estádios dos jogos de Flamengo, Corinthians e Cruzeiro. Certamente longe das condições ideais para a disputa de partidas tão importantes. E Tite com isso? Muito.

O técnico deu um bico no bom senso. Logo ele, frequentador assíduo do lado dos clubes do balcão por anos a fio. Sabe o impacto que um desfalque de peso pode ter em jogo decisivo, capaz de balizar uma temporada inteira. Obviamente há responsabilidade de clubes e da CBF nesta novela repetitiva e insana a cada temporada. Mas é Tite quem avaliza o produto final. É dele a escolha, a canetada definitiva. Optar ou não pelos desfalques. Caberia a ele poupar Osmar Loss, Mauricio Barbieri e Mano Menezes de dores de cabeça. Mas não. Tite, tão diferente na atuação dentro de campo, tem se mostrado tão comum fora dele. Mais um.

Assim como no período pré-Copa, o treinador puxou a flauta. E tocou. Encantou algumas serpentes, sempre dispostas a adormecer diante da fatal sedução do Titismo. Como se fosse ele técnico da Argentina, completamente fora do processo. Isentar Tite da responsabilidade dos desfalques nos clubes é, no mínimo, ingenuidade. É inerente ao cargo de técnico da Seleção Brasileira trabalhar com todas as dificuldades dispostas pelo caminho. E, convenhamos, agora não há nenhuma. É o primeiro encontro da Seleção pós-Copa, um início de ciclo, com dois amistosos absolutamente irrelevantes. Fosse uma competição oficial, como eliminatórias ou Copa América, Tite poderia até não ter culpa alguma no cartório. Mas, agora, foi uma opção.

Escolha até curiosa, bem distinta do discurso de abrir as portas da CBF para uma relação mútua entre clubes e Seleção Brasileira. Antes da Copa, o técnico teve auxílio de comissões técnicas de alguns clubes brasileiros na análise dos adversários da Copa da Rússia. Deveria ser uma via de mão dupla. Uma ajuda mútua. Mas não. A flauta continuou ser tocada, as planilhas de jogos observados apresentada, palavras doces sobre Neymar ao vento. Dentro dos corredores da CBF, Tite incorporou a estranha postura de ignorar o futebol nacional, não trabalhar para ajudar em problemas no que estiver ao seu alcance. Simplesmente assinou embaixo do caos. E deu um bico no bom senso.

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