Vagner Love Adriano Flamengo 2010 Gávea Império do Amor
Acertado com o Flamengo, Love viaja para a Turquia nesta quinta em busca de liberação
11 janeiro 13:07
Paulinho Vasco Bangu Carioca 2018
O Vasco é um só: longe de sua gente em um turbulento São Januário, time cai na estreia
18 janeiro 23:56

Um Botafogo sufocado na estreia indica a necessidade de entender o caminho em 2018

João Paulo Botafogo

João Paulo Botafogo

Ao tornar o Botafogo competitivo até em nível internacional no último ano e meio, Jair Ventura foi elogiado por realizar um trabalho que superava expectativas. Não que ele seja um revolucionário como Guardiola – afinal, gênios são raros em qualquer área. Mas muito por ser sagaz o suficiente para entender as limitações do Botafogo e construir uma fórmula eficiente com o que tinha em mãos. Compreender a realidade. Tarefa que deve ser essencial ao novo técnico, Felipe Conceição e, principalmente, à torcida do Botafogo.

O ano de 2017 trouxe uma incrível fábula alvinegra, com um time superando limites e derrubando campeões na maior competição continental, a Libertadores. Um grupo que foi além do limite. Uma exceção ao atual momento financeiro de um clube endividado e com investimentos muito modestos. Negar este panorama, mesmo com a paixão míope da arquibancada, apenas contribuirá para aumentar o grau da frustração. É injusto, até chocante, ver uma equipe encarar um grito de “time sem vergonha” no primeiro jogo da temporada, em 16 de janeiro.

Botafogo no início: 4-1-4-1, ofensivo, mas recheado de espaços

Felipe Conceição deve saber que a caminhada será dura em 2018. Ao menos deveria. Obviamente a equipe está enfraquecida em relação ao ano anterior. Se já era limitada com Victor Luis, Bruno Silva e Roger, imagine sem os três. Natural que Conceição queira impôr sua marca na estreia como treinador profissional e talvez até romper com algumas premissas do antecessor. Mas é necessário, inicialmente, solidificar o trabalho. Ter estofo para aguentar turbulências. A arquibancada não permite deslizes nem mesmo na estreia do Estadual. E o Botafogo já teve o seu logo de cara.

É necessário, claro, ressaltar a disparidade física entre as equipes. A Portuguesa treinava há 75 dias. O Botafogo há 12. Reflexos do bizarro calendário do futebol brasileiro, estuprado em um ano de Copa do Mundo. A possibilidade de distorção, portanto, é ainda maior. Em casa, o Botafogo entrou em campo diferente do tradicional 4-4-2 de Jair Ventura, que buscava saídas rápidas pelos lados com Pimpão e Bruno Silva, aproveitando o pivô de Roger. No gramado do Nilton Santos, um Botafogo escalado no 4-1-4-1, por vezes até parecendo um 4-3-3.

Matheus Fernandes fazia o volante à frente da zaga, com João Paulo e Leo Valencia por dentro e Pimpão e Luiz Fernando por fora no bloco de quatro jogadores atrás de Brenner. Justamente na transição de um trabalho ao outro, o Botafogo pareceu ter dúvida. Estava acostumado a espetar incríveis e velozes contra-ataques. Agora, deveria cadenciar mais a bola, aproximando-se da área adversário. Tentou fazer os dois ao mesmo tempo, causando um curto-circuito. Toques, toques e imposição de velocidade para chegar ao gol. Primeiro jogo do ano, dias de treino. Obviamente o Botafogo se desorganizou. Espaçou-se. Deu campo para a Portuguesa trabalhar a velocidade. Principalmente pelos lados, com Sassá e Alexandro.

Mesmo com algumas chegadas do time da Ilha do Governador, o Botafogo continuava a ceder espaços. João Paulo, peça fundamental na temporada passada, continuou onipresente em campo. Aparecia dos lados, no meio, cobrava faltas e escanteios. Muito utilizado. Mas a desatenção em um escanteio e uma falha clamorosa de Jefferson em chute de longe, ambos lances de Sassá, permitiram à Portuguesa abrir 2 a 0 com 35 minutos. Ao Botafogo restou apenas um avanço de Gilson para centrar a bola em cabeçada quente de Brenner, mas Milton Raphael defendeu.

Muitas trocas e time mais avançado ao fim

Estava claro que o Botafogo precisaria mudar. Adequar-se ao jogo diante de uma arquibancada que já fez o time descer ao vestiário sob vaias pesadas. Mas apenas Marcelo substituiu Carli na zaga por problemas musculares. O Botafogo se adiantou, indicou mais um 4-2-3-1, com João Paulo mais alinhado a Matheus Fernandes e Luiz Fernando e Pimpão, assim como no fim da primeira etapa, alternando as pontas. Leo Valencia centralizado, um time mais adiantado. O ataque em bloco funcionou. Um abafa que fez a Portuguesa se complicar.

Quando Romarinho cometeu pênalti bizarro ao furar uma cabeçada e meter a mão na bola dentro da área, Brenner diminuiu. Felipe quis deixar o time mais ativo. Valeu-se da fartura de substituições possíveis neste Carioca (até cinco trocas em três tempos pedidos). Quis dar fôlego a um time com apenas dias de pré-temporada nas costas. Valencia e Pimpão, inoperantes, deixaram o campo para alegria da torcida. O primeiro voltou demais ao campo defensivo e arriscou chutes de longe. O segundo, sem campo para impôr sua velocidade, não se encontrou e manteve a má fase da reta final da última temporada.

Com Ezequiel, mais driblador, e Marcos Vinícius, mais rompedor do que Valencia, o Botafogo adiantou ainda mais o time. Marcelo, que já atuou como lateral-direito em 2017, desprende-se mais da defesa do que Carli, além de ter maior velocidade. Consegue cobrir Arnaldo e retornar ao centro da defesa se possível. Mas se mantém adiantado. Uma postura distinta deste novo Botafogo. Lindoso e Lucas Campos ainda entraram para deixar a partida com mais cara de jogo-treino. Mas valia. A arquibancada já chiava, talvez irritada com a última temporada. O gol de Marcos Vinícius no apagar das luzes salvou o Botafogo da derrota logo na estreia. Mas mostrou que as limitações ainda maiores em 2018 indicam que há muito a refletir sobre o caminho a seguir. Seja no campo e na arquibancada.

FICHA TÉCNICA
BOTAFOGO 2X2 PORTUGUESA-RJ

Local: Estádio Nilton Santos, o Engenhão
Data: 16 de janeiro de 2017
Horário: 21h30
Árbitro: Bruno Arleu de Araújo (RJ)
Público e renda: 4.055 pagantes / 4.743 presentes / R$ 84.100,00
Cartões Amarelos: João Paulo (BOT) e Marcão e Jhonnatan (POR)
Gols: Sassá (POR), aos nove e aos 35 minutos do primeiro tempo e Brenner (BOT), aos oito minutos, e Marcos Vinícius (BOT), aos 48 minutos do segundo tempo

BOTAFOGO: Jefferson; Arnaldo, Carli (Marcelo / Intervalo), Igor Rabello e Gilson; Matheus Fernandes (Rodrigo Lindoso, 38’/2T) e João Paulo; Luiz Fernando (Lucas Campos, 38’/2T), Leo Valencia (Marcos Vinicius, 25’/2T) e Rodrigo Pimpão (Ezequiel, 25’/2T); Brenner
Técnico: Felipe Conceição

PORTUGUESA-RJ: Milton Raphael; Cássio, Luan, Marcão e Diego Maia; Muniz (Abuda, 17’/2T), Jhonnatan e Maicon Assis (Philip, 29’/2T); Sassá (Rayllan, 17’/2T) Alexandro e Romarinho (Manteiga, 34’/2T)
Técnico: João Carlos Ângelo

Os comentários estão encerrados.