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Um Flamengo preso em um feitiço do tempo coleciona mais um empate no Brasileiro

Márcio Araújo Flamengo 200 jogos

Márcio Araújo foi presentado com uma camisa em homenagem ao seus 200 jogos pelo Flamengo

Caso algum torcedor rubro-negro tenha perdido o empate do time em 2 a 2 com o Palmeiras na Ilha do Urubu, não deve se preocupar. Basta ter assistido as atuações diante de Grêmio e Cruzeiro. O Flamengo está preso em um padrão de atuação, em uma forma de encarar o jogo mesmo diante da necessidade latente de arrancar vitórias para subir na tabela. Talvez consequência da falta de uma mudança depois do vexame da Libertadores. Talvez pura falta de confiança. Talvez falta de ideias. Até as substituições têm sido as mesmas. É um feitiço do tempo.

Fla no início: 4-2-3-1 de sempre

No início da partida, a equipe até pareceu disposta a sair dessa redoma. Postou-se mais à frente, aguerrido, trocando passes e tentando agredir o Palmeiras, que esperava. Bastaram sete minutos. Em uma espirrada de bola de Everton com Luan na direita, Guerrero dominou, fez bem o pivô e viu Pará entrando na área. O passe foi certeiro, assim como o chute. Belo gol. 1 a 0 que inflamou a Ilha. O time foi junto. Parecia funcionar uma ideia de atuação com melhor fluidez. Acelerou o jogo, pressionou, buscou jogadas pelos lados e tabelas com o meio. Nessa pressão, Mina estourou em Everton, Guerrero recebeu a bola e entrou na área para ser derrubado pelo colombiano. O árbitro, no entanto, mandou a jogada seguir.

O Palmeiras parecia assustado. Claramente, esperava o time rubro-negro para disparar em contra-ataques. Dava espaços, bem aproveitados pelo mandante. Tinha Michel Bastos na lateral e Zé Roberto no meio, numa tentativa de aproveitar o passe mais qualificado do veterano para os velozes Dudu, Roger Guedes e até Willian. Mas não esperava, mesmo, um Flamengo sem a cadência, forçando as finalizações, tentando ampliar o placar. Jailson honrou a vaga dada por Cuca. Fez ao menos três boas defesas em finalizações de Everton, Rever e um toque contra de Mina após escanteio. O melhor, no entanto, estava guardado para mais tarde. As três defesas fizeram o Flamengo arrefecer. E apresentar velhos problemas.

Palmeiras no início: Zé Roberto no meio

Quase como no automático, o time rubro-negro diminuiu o ritmo. Desistiu de encurralar o rival e lhe deu um pouco de campo. O Palmeiras deu alguns passos à frente no seu posicionamento no campo, embora ainda observasse na maior parte do tempo o rival girar a bola, de um lado para o outro. A questão é que agora o jogo era mais lento, previsível, com maior facilidade de ser lido e anulado. Everton Ribeiro, em uma atuação abaixo do esperado como diante do Cruzeiro, pouco oferecia pelo lado direito do campo. Assim como Diego. Embora ainda onipresente no jogo da equipe, o camisa 35 tentava passar, girar o time. Não voltava tanto para iniciar o jogo. Mas falhava, de novo.

O Palmeiras, cascudo, começava a se encontrar. Acelerava ao jogo ao retomar a bola para pegar os rubro-negros, já lentos enquanto time, desprevenidos. E abusava das faltas. Não fugia do peleio. E contou com a conivência de Jailson Macedo de Freitas. Em um lançamento de Rever, Guerrero tentou o domínio e Mina, sempre à sua caça, fez falta clara. O jogo seguiu e Zé Roberto recebeu a bola. Com classe, deu passe nas costas de Pará para Willian. Thiago, afobado, saiu e foi vencido com um leve toque por cima. Em segundos, o empate. 1 a 1. A Ilha voltou a fervilhar. De raiva.

Fla ao fim: Geuvânio já no lado esquerdo

Talvez porque entendesse que o Flamengo voltava a cometer os mesmos erros que deram pontos para Grêmio e Cruzeiro. Mantinha uma tranquilidade fácil de ser confundida com soberba, com troca de passes de quem acredita ingenuamente que o gol será uma mera consequência. Até foi. Mas do Palmeiras. De novo, com a mesma fórmula: velocidade. Uma falta de Mina em Guerrero, o avanço do próprio zagueiro, perseguido em vão por Márcio Araújo, e o bote em falso de Rafael Vaz quase na intermediária. No espaço aberto nas costas de Trauco, Mina achou Roger Guedes que finalizou fácil na saída de Thiago. 2 a 1. Um time preso no tempo.

O gol de empate surgiu em um lance típico de pelada, com um chutão do goleiro, a falha de Luan ao não segurar Guerrero na área e a finalização com raiva para o gol. Um sentimento que a torcida sentia. Após um bom início, o Flamengo cedeu espaço e gols. Apresentou falhas, insegurança e falta de equilíbrio de um time teoricamente postulante ao título. O 2 a 2 não bastava. a nenhum dos times em campo.

Na etapa final, Cuca barrou as investidas de Pará pela direita com a troca de Zé Roberto por Michel Bastos na lateral. No meio, sacou Bruno Henrique, amarelado, para dar mais consistência defensiva com Thiago Santos, que vigiou Diego de perto, reduziu seus espaços e liberou Tchê Tchê para ajudar Dudu a levar a bola ao ataque. O Palmeiras estava mais encaixado, marcava melhor.

Então Zé Ricardo teve boa sacada. Tirou Everton Ribeiro, claramente desconfortável com a dor no tornozelo direito após queda no início, e colocou Geuvânio, de bom drible e incisivo. Acelerou o jogo da equipe. Em dois minutos, deu certo. O camisa 23 costurou pela ponta, entrou na área e recebeu um carrinho de Michel Bastos. Pênalti claro. Diego, no entanto, ampliou sua noite ruim. Jailson ampliou sua noite feliz. Bola batida à meia-altura, defesa palmeirense. Tudo igual. E o Flamengo com o amargo déjà-vu.

Palmeiras ao fim: Zé na lateral, Keno na esquerda

Zé Ricardo, mais uma vez, começou a desmontar em minutos o que parecia uma ideia promissora. Sacou Márcio Araújo, pôs Berrío na direita e empurrou Geuvânio para o meio. O Flamengo tinha volume, girava o jogo, mas não penetrava por não ter na ponta o escape do drible e tampouco espaço para utilizar a velocidade de Berrío. Parecia com o fim de jogo do Cruzeiro. E ficou igual quando Everton deixou o campo para a entrada de Mancuello.

Geuvânio, que sofrera o pênalti na direita, já estava na ponta esquerda, com Diego centralizado e, mais atrás, Cuellar e o argentino. No terceiro contra-ataque, o Palmeiras só não venceu o jogo porque Thiago saiu bem e abafou o chute de Borja. O sétimo empate estava sacramentado. A distância de 12 pontos para o líder mantida.

Um início claudicante que nem mesmo o mais pessimista dos rubro-negros esperava diante de tamanho investimento. É, no fundo, um reflexo da falta de ação após a eliminação vexatória na Libertadores. Ao reagir com normalidade diante de um erro tão crasso, a diretoria rubro-negra abriu a porta para o lugar comum. Perder ou vencer parece ter se tornado indiferente a um clube que não preencheu a vice-presidência de futebol em seis meses.

No meio do caminho, o Flamengo abraçou o empate com gosto no Campeonato Brasileiro. São sete em 15 jogos. Pareceu não ter tomado consciência da necessidade de vencer confrontos diretos em casa, contra Grêmio e Palmeiras. De seis pontos possíveis somou apenas um. Muito pouco. Entra jogo, sai jogo, o padrão rubro-negro parece o mesmo. Estagnado, até inocentemente conformado. Preso em um feitiço do tempo sem data para encerrar.

FICHA TÉCNICA:
FLAMENGO 2X2 PALMEIRAS

Local: Estádio Luso-Brasileiro, a Ilha do Urubu
Data: 19 de julho de 2017
Horário: 21h45
Árbitro: Jailson Macedo Freitas (BA)
Cartões amarelos: Márcio Araújo e Mancuello (FLA) e Bruno Henrique, Mina, Luan, Borja, Michel Bastos, Tchê Tchê, Jailson, Thiago Santos e Dudu (PAL)
Público e renda: 14.223 pagantes / 15.106  presentes  / R$ 938.105,00
Gols: Pará (FLA), aos sete minutos, Wililan (PAL), aos 31 minutos, Roger Guedes (PAL), aos 42 minutos e Guerrero (FLA), aos 43 minutos do primeiro tempo

FLAMENGO: Thiago; Pará, Rever, Rafael Vaz e Trauco; Márcio Araújo (Berrío, 35’/2T) e Cuellar; Everton Ribeiro (Geuvânio, 24’/2T), Diego e Everton (Mancuello, 40’/2T); Guerrero
Técnico: Zé Ricardo

PALMEIRAS: Jailson; Mayke, Mina, Luan e Michel Bastos (Michel Bastos, 29’/2T); Tchê Tchê e Bruno Henrique (Thiago Santos/ Intervalo); Roger Guedes, Zé Roberto e Dudu; Willian (Borja, 44’/1T)
Técnico: Cuca

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