Rodinei Flamengo Brasileiro
A predileção pelo auto-boicote: Flamengo desmorona com velhas insistências
19 agosto 20:23
Henrique Dourado Diego Lucas Paquetá Flamengo 2018
Boa atuação, triunfo magro: protocolar, Flamengo supera Vitória no Maracanã
24 agosto 03:09

Um Fluminense com pouca apetite supera o Corinthians sem sustos no Maracanã

Gum Maracanã Fluminense gol Corinthians 2018

(Flickr / Fluminense)

Pedro Fluminense Maracanã 2018

(Flickr / Fluminense)

O Fluminense até conseguiu o seu ponto de virada, como desejava o técnico Marcelo Oliveira, neste segundo turno do Campeonato Brasileiro. A sensação, porém, é de que o time poderia ter dado mais. O simples 1 a 0 sobre o Corinthians ficou de bom tamanho até de maneira burocrática. Diante de um adversário com um jogador a menos desde o fim do primeiro tempo, o Fluminense demonstrou pouco apetite. Conformou-se. É pouco para uma travessia tão dura como o Brasileiro.

A própria campanha tricolor na competição indicava isso. Nas quatro últimas rodadas, dois empates e duas derrotas. O último triunfo, mesmo, quase um mês antes, em 25 de julho, contra o Palmeiras. Diante de um Corinthians também com campanha mediana, Marcelo Oliveira decidiu abrir mão do esquema com três zagueiros retomado nas últimas partidas. Voltou ao 4-4-2, com Dodi na vaga de Ibañez, compondo um meio de campo com três volantes – além de Dodi, Jadson e Richard – e Sornoza. À frente, Everaldo e Pedro. Mas por pouquíssimo tempo.

Flu no início: Sornoza quase como atacante e lado esquerdo infernal

Com quarenta segundos, Everaldo levou pancada na cabeça, caiu no campo. Tentou voltar, mas depois de uma dividida mais dura, não conseguiu. Matheus Alessandro foi a opção. Um acaso que parece ter ajudado o Fluminense a ser mais agressivo. Pelo lado esquerdo, o Tricolor conseguia incomodar demais o Corinthians. Osmar Loss mandou o time paulista a campo em um 4-2-3-1. Pela direita, Fagner tinha grandes dificuldades em conter a velocidade de Matheus Alessandro, que buscava sempre o fundo. Pedrinho não parecia ter força – ou até característica – para tentar ajudar o lateral corintiano. Foi um duelo desigual, já que Ayrton Lucas subia com frequência. Após um início lento, o Fluminense acelerava. Buscava forçar o jogo e chegar à área corintiana.

Corinthians no início: espaçado e facilmente atacado

Era interessante, já que o atual campeão brasileiro em nada parecia o time de velha consistência defensiva de 2017. Espaçado, lento mesmo com dois volantes – Ralf e Douglas – o Corinthians não conseguia forrar o meio de maneira a complicar o jogo rival. Do lado tricolor, Jadson atuava na extrema direita, dando suporte aos avanços de Gilberto e também subindo ao ataque quando necessário. Por dentro, Sornoza invariavelmente formava quase um 4-3-3 ao dar passos à frente e se juntar a Pedro e Matheus Alessandro, com quem se revezava para fechar o setor esquerdo. Era um Fluminense melhor, acelerando demais o jogo, mas não tão agressivo quanto a arquibancada – em noite muito tímida com menos de oito mil pagantes – exigia.

Com a superioridade, o Fluminense conseguiu avançar no placar em uma falta de Sornoza, pela direita, alçada à área, pela esquerda. A zaga corintiana apenas assistiu Pedro tocar de cabeça para o centro da área, onde Gum, de cabeça e depois joelho, completou para o gol. 1 a 0. Instintivamente, o Fluminense recuou, deu mais campo ao Corinthians para buscar o contra-ataque letal. Pouco funcionou. Modorrento, o time de Osmar Loss carregava a bola, tentava achar espaços por dentro, mas invariavelmente acabava tentando acionar o lado direito, com Pedrinho, sempre buscando o centro, e Fagner. Houve um bom lance, com chute perigoso do lateral para fora. E só. O Corinthians era pálido, um adversário que não se credenciava como perigoso no Maracanã. Ainda assim, o Fluminense apenas aguardava. Sem apetite.

Flu ao fim: retraído e aceitando as investidas do rival

Os poucos torcedores no Maracanã se irritavam com a postura e pediam maior ofensividade. E o tom apenas cresceu quando Romero, de forma atabalhoada, soltou o braço no rosto de Digão em disputa de bola no meio de campo. Nada tão grave que exigisse repreensão e anotações na caderneta do paraguaio. Mas imprudente e, de acordo com o padrão atual de arbitragem no mundo, cabível de cartão vermelho que foi aplicado. Assim, o Corinthians fechou o primeiro tempo com um jogador a menos um gol atrás do placar. O Fluminense deveria fazer a tarefa no segundo tempo.

Osmar Loss foi até ousado. Em vez de ajustar dois blocos de quatro jogadores com um homem solto à frente, manteve uma trinca no centro – Ralf, Douglas e Jadson ou Clayson – e Pedrinho mais solto à frente, sempre com a companhia de Jadson ou Clayson. O Fluminense tentou, então, manter a posse. Girar o jogo para cansar o Corinthians, sem pressa. Mas a postura irritou a arquibancada, exigindo que o time atacasse. Gilberto arriscou bom chute de fora da área, já que os laterais tinham mais espaço com o jogador a mais em campo e a dificuldade corintiana em ocupar os lados. Era um domínio ineficaz, com pouca agressividade. O Fluminense tinha pouco apetite de matar a partida. Loss, então, mexeu.

Corinthians ao fim: postura ofensiva nos últimos 15 minutos de jogo

Sacou Pedrinho e Ralf e pôs Mateus Vital e Jonathas em campo. Montou, enfim, um 4-4-1, com Clayson e Mateus pelos lados, Douglas e Jadson por dentro, com o atacante à frente. Marcelo respondeu com Marcos Junior no lugar de Dodi. Ainda o 4-4-2, o Tricolor queria contragolpes com extrema velocidade para finalizar o jogo. Não tinha, porém, Pedro em grande noite. Embora inteligente, sempre clareando as jogadas, fazendo o simples, como uma esticada de bola para Matheus Alessandro no primeiro tempo, o artilheiro esteve abaixo. Menos participativo, envolvido entre os zagueiros corintianos. O Fluminense aceitou a pressão rival.

Ao trabalhar a bola, girar de um lado a outro e tentar bolas lançadas por dentro na área, o Corinthians viveu o seu melhor momento. E preocupou o Maracanã. Douglas achou Danilo Avelar na grande área, de frente para Julio Cesar. A conclusão ruim aliviou a fúria dos tricolores. O Corinthians ainda teve mais a bola, girou o jogo, com o Fluminense de novo em em buscar de acelerar no contra-ataque. Em vão. O time tem 51% de posse de bola e 15 finalizações, cinco no alvo, de acordo com o Footstats. Vitória importante. Mas acomodada.

FICHA TÉCNICA
FLUMINENSE 1×0 CORINTHIANS

Local: Maracanã
Data: 22 de agosto de 2018
Horário: 21h45
Árbitro: Ricardo Marques Ribeiro (MG – Fifa)
Público e renda: 7.856 pagantes / 8.444 presentes / R$ 199.795,00
Cartões amarelos: Gum (FLU) e Ralf e Pedro Henrique (COR)
Cartão vermelho: Romero (COR), aos 41 minutos do primeiro tempo
Gol: Gum (FLU), aos 17 minutos do primeiro tempo

FLUMINENSE: Julio Cesar, Gilberto, Gum, Digão e Ayrton Lucas; Richard, Jadson (Mateus Norton, 16’/2T), Dodi (Marcos Junior, 27’/2T) e Sornoza; Everaldo (Matheus Alessandro, 12’/1T) e Pedro
Técnico: Marcelo Oliveira

CORINTHIANS: Cássio, Fagner, Pedro Henrique, Henrique e Danilo Avelar; Ralf (Jonathas, 19’/2T) e Douglas; Pedrinho (Mateus Vital, 19’/2T), Jadson (Araos, 35’/2T) e Clayson; Romero
Técnico: Osmar Loss

Os comentários estão encerrados.