Nenê levanta a taça do Vasco depois do capitão Luis Fabiano
Nenê levanta a taça do Vasco depois do capitão Luis Fabiano: Vasco faturou R$ 1 milhão com a conquista
Pelo regulamento, a Taça Rio valia pouco. R$ 1 milhão no bolso, basicamente. Mas para o Vasco valeu bem. A vitória de 1 a 0, mesmo sobre o Botafogo reserva, levou a um resgate a um mínimo de autoestima de um clube que já começava a temporada em farelos. Exagero? Há praticamente um mês, Cristóvão Borges deixava o comando vascaíno com um time sem padrão, eliminado da Taça Guanabara pelo maior rival, Flamengo, e ainda ficou fora da Copa do Brasil. Esperança quase nula. Abatimento. Muito mudou. Falta muito para mudar. Mas o Vasco que conquistou a Taça Rio, levantou um trofeu e deu volta olímpica tem um caminho a seguir.
Desde que chegou ao clube, Milton Mendes tratou de dar um padrão à equipe. Pois o torcedor vascaíno hoje sabe a escalação do time de cor. Diante de pequenos, praticamente um 4-3-3. Contra os grandes, um 4-2-3-1. Os jogadores são os mesmos. Andrezinho faz a esquerda, Nenê o centro, Pikachu a direita. Luis Fabiano à frente. Por trás, as infiltrações de Douglas e Jean mais bem postado. O Vasco entrou em campo no Engenhão assim. Seguro do que tinha de fazer. É um salto em um mês. Mas pela frente tinha um Botafogo, ainda que reserva, bem treinado.
Jair Ventura colocou apenas um titular em campo, Bruno Silva. O 4-4-2 bem fechado estava em ação novamente. Leandrinho e Sassá mais à frente, com velocidade. Pelos lados, Guilherme e Bruno Silva tentavam bloquear os avanços do Vasco e sair para o ataque. Inicialmente, funcionou. Luis Fabiano permanecia isolado na frente, o Botafogo tinha a posse. Por duas vezes, quase marcou pelo alto, com Sassá e Igor Rabello, que desperdiçaram boas chances.
O Vasco, no entanto, esperava mais o rival do que em outros jogos. Na semifinal contra o Flamengo, Pikachu e Andrezinho marcavam mais em cima. Desta vez, davam espaço ao Botafogo e o time deixava, por vezes, apenas Nenê e Luís Fabiano à frente de dois blocos de quatro jogadores. Daí a função primordial de Douglas. O garoto vascaíno é, atualmente, o motivo para celebrar. Defende e ataca, de área a área, com facilidade. É um time com uma estrutura básica, este Vasco de Milton Mendes. É difícil de furar seu bloqueio.
Leandrinho tentava trazer a bola da defesa ao ataque, com Sassá. Movimentava-se da esquerda para a direita à frente dos volantes, mas não achava tanto o espaço. Bruno Silva, com as duvidas pela direita, era ótima opção. Vive boa fase. De cabeça, quase abriu o placar no Engenhão. Martín Silva evitou. Mas o primeiro tempo acabou bem morno para uma final. Um Botafogo preocupado em defender e um Vasco que defendia bem, mas não sabia como criar oportunidades. A posse de bola era parecida. Antes do intervalo, Leandrinho sofreu nova lesão muscular e deixou o campo chorando. A entrada de Pachu modificou o time.
No segundo tempo, Jair sacou o novato atacante da esquerda para a direita, trocando com Guilherme. Sassá à frente estava isolado. 4-1-4-1. Um time ainda mais fechado, esperando os avanços vascaínos para contra-atacar com três homens: Pachu, Guilherme e Sassá. Mas o Vasco já conseguia trabalhar pelos lados. Gilberto cruzou na cabeça de Luis Fabiano, que quase marcou. Maior volume vascaíno, Botafogo encolhido. Milton Mendes decidiu incendiar o jogo. Andrezinho, já em marcha lenta, deu a vaga para Guilherme Costa. Garoto, em minutos em campo ele mostrou que o novo técnico já conhece bem o seu grupo. Arrancou pelo lado esquerdo e acabou derrubado por Marcelo, zagueiro improvisado de lateral-direito, que recebeu o segundo amarelo. O primeiro fora no primeiro tempo, ao cair em pilha com Rodrigo. O jogo era do Vasco.
Mais à vontade com a superioridade numérica, passou a jogar mais no campo alvinegro. Jair Ventura percebeu em minutos. Trocou Guilherme, atacante que fazia o meio pelo lado, por Fernandes, para compor a lateral direita. Fechou o time num 4-4-1. Mas já era tarde. Milton Mendes contragolpeou com Manga Escobar na vaga de Pikachu. Guilherme Costa passou para o lado direito.
Ainda um 4-2-3-1, mas mais agudo, com dribladores pelos lados. Com o volume do seu lado, Milton Mendes indicou que queria levar a taça ao tirar Henrique, lateral-esquerdo, para entrada de Wagner. Guilherme Costa, polivalente, partiu para a lateral. Wagner jogava ao lado de Nenê na armação, Manga infiltrava na área. Douglas chegava de trás. O Botafogo não tinha mais forças.
Não que fosse um carrossel vascaíno. Muito longe disso. Mas era um time completo, com fôlego pela falta de jogo no meio de semana, e ciente de como se portar. Longe da confusão dos tempos de Cristóvão. A troca de passes confundia o Botafogo, que se perdeu na marcação. Wagner alçou na área e Douglas, infiltrando, tocou de cabeça para boa defesa de Helton Leite. Era um aviso. No lance seguinte, Nenê cobrou escanteio, Igor Rabello afastou mal na risca da pequena área e Douglas, de primeira, abriu o placar. 1 a 0.
Faltavam poucos minutos para o fim. Em busca do empate para levar a decisão aos pênaltis, o Botafogo desmanchou o ferrolho na frente da área. Bastou para Guilherme achar Manga nas costas de Renan Fonseca, em um contra-ataque. O atacante avançou e rolou para Luis Fabiano, na área, marcar seu primeiro gol com a camisa cruzmaltina e garantir a taça para São Januário. 2 a 0. Não valeu nada? Teve trofeu e volta olímpica. Mas valeu não apenas por isso. Luis Fabiano, enfim, livrou-se da preocupação do primeiro gol. Está mais leve. Sabe que tem trabalho a fazer. Um mês depois, o Vasco ganha confiança e organização. Tem um caminho a seguir.
FICHA TÉCNICA:
VASCO 2X0 BOTAFOGO
Local: Estádio Nilton Santos, o Engenhão
Data: 16 de abril de 2017
Horário: 16h
Árbitro: Bruno Arleu (RJ)
Público e renda: 17.969 pagantes / 20.469 presentes/ R$ 532.900,00
Cartões amarelos: Yago Pikachu, Rodrigo, Guilherme Costa, Douglas e Nenê (VAS) e Matheus Fernandes, Bruno Silva, Dudu Cearense e Fernandes (BOT)
Cartões vermelhos: Marcelo (BOT), aos 18 minutos do primeiro tempo e Bruno Silva (BOT), após o fim da partida
Gols: Douglas (VAS), aos 41 minutos e Luis Fabiano (VAS), aos 47 minutos do segundo tempo
VASCO: Martín Silva; Gilberto, Rafael Marques, Rodrigo e Henrique (Wagner, 34’/2T); Jean, Douglas; Yago Pikachu (Manga Escobar, 22’/2T), Nenê e Andrezinho (Guilherme Costa, 14’/2T); Luis Fabiano
Técnico: Milton Mendes
BOTAFOGO: Helton Leite; Marcelo, Igor Rabello, Renan Fonseca e Gilson; Matheus Fernandes, Bruno Silva, Dudu Cearense e Guilherme (Fernandes, 21’/2T); Leandrinho (Pachu, 40’/1T); Sassá (Vinicius Tanque, 42’/2T)
Técnico: Milton Mendes