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Vaga com péssimo desempenho: um Flamengo em queda livre deve se questionar

Matheus Sávio Flamengo 2017

Matheus Sávio Flamengo 2017

No processo de desenvolvimento de um trabalho há sempre um momento no qual um desgaste pode ser facilmente detectado. Por mais que se lance mão das mesmas fórmulas de sucesso utilizadas até pouco tempo atrás, o desempenho entra em queda livre e a dificuldade para obter êxito é cada vez maior. Ainda que resultados cheguem é necessário promover mudanças. Testar novas maneiras para evitar a quebra da continuidade do trabalho. Questionar as próprias decisões. É o dilema do Flamengo de Zé Ricardo, que até venceu o Atlético-GO por 2 a 1 no Serra Dourada, nesta quarta e avançou às quartas da Copa do Brasil. Em uma apresentação abaixo da média, o time indicou que o vexame da Libertadores ainda ecoa. E amedronta.

O Flamengo entrou em campo com a necessidade de agredir o adversário e marcar ao menos um gol para se classificar. Tarefa que parecia fácil. Era o mesmo Atlético-GO que foi vencido até com facilidade no último sábado, no mesmo estádio, por 3 a 0. Zé Ricardo não teve Gabriel, Everton e Berrío, lesionados. Optou pela formação que utiliza quatro laterais de ofício e que deu certo em alguns momentos do ano. Parecia um 4-2-3-1. Indicou ser mais um 4-4-2, já que Rodinei e Trauco, como pontas, invariavelmente ocupavam a linha de antes do meio de campo, deixando Ederson como um segundo atacante atrás de Guerrero. Na verdade, o Flamengo estava confuso. Sem confiança.

Flamengo em um 4-4-2 no primeiro tempo

Ainda assim, abriu o placar após alçar um lateral na área e, no rebote, Rodinei tocar de cabeça para Guerrero, que dominou na pequena área e bateu. Com 12 minutos parecia ter resolvido seu problema. Nada. Em um 4-5-1, o Atlético-GO tinha pouca qualidade, mas muita gana de atacar. Ocupou o meio deixado vazio pelos cariocas e avançou o time. O Flamengo aceitou e a bola a todo momento pingava em sua área. Everaldo, de cabeça, mandou na trave como uma forma de aviso. No lance seguinte, lateral na área, desvio de Everaldo, Rafael Vaz e Réver parados, Muralha não chegou a tempo de evitar a cabeçada de Jorginho para dentro do gol. O 21o sofrido pela equipe na temporada. O décimo de cabeça. E o Flamengo, apavorado, travou.

Foi a partir daí uma equipe absolutamente assustada com a possibilidade de uma nova eliminação depois de uma semana. Márcio Araújo, completamente desatento, errava passes e botes. Arão, perdido, não sabia se deveria atacar ou defender. O meio ficou um buraco. Rodinei e Trauco, bloqueados pelas pontas, não tinham espaço para avançar e se retraíam, quase abandonando o jogo. Ederson corria a esmo. Guerrero, solitário, disputava os chutões da zaga. Em nada lembrava o Flamengo com gosto pelo passe, domínio do adversário.

Era um time inerte, pronto para entregar a partida em erros individuais, que se avolumavam. Desempenho abaixo da crítica. Por sorte, o Atlético-GO era muito limitado e mesmo com as chegadas frequentes de Everaldo pela direita, na tentativa de acionar Junior Viçosa deram em finalizações para fora. Mas os números do site Footstats não deixavam mentir: o intervalo chegou com dez finalizações do Dragão e apenas duas do Flamengo.

Seria de esperar uma mudança. Não eram apenas problemas de ordens técnica e tática. Havia um falha de postura. Uma chacoalhada, talvez, mudasse ao menos a atitude de um Flamengo que, desabando, se entregava novamente a mais uma eliminação. Mas a apatia, beirando o desleixo, continuou. Com minutos do segundo tempo Rafael Vaz tentou tocar bola na defesa e acabou desarmado por Everaldo, que lançou Júnior Viçosa. O chute, de longe, quase passou por Muralha. A tragédia parecia se materializar. O Flamengo continuava em choque, entregue. Insistia em erros e caminhava para um novo desfecho trágico.

Fla ao fim, no 4-1-4-1 com Romulo

Zé Ricardo só admitiu que as circunstâncias eram catastróficas com 20 minutos da segunda etapa. Sacou Trauco, nulo, e colocou Mancuello em campo. Ederson ocupou o lado esquerdo, Rodinei adiantou pela direita e o argentino acabou centralizado em um 4-2-3-1. Nem em seu esquema de segurança o Flamengo se encontrou. Sinal evidente de desgaste. A fórmula não dava mais certo. Rodinei saiu para a entrada de Matheus Sávio. Mesmo em meio às desatenções, ao flerte com mais um vexame, o garoto salvou a equipe de cascudos que se abalava. Com um lance de sorte, como diante do Atlético-MG, verdade. Tentativa de cruzamento da direita e bola no cantinho direito do goleiro. 2 a 1. Um alívio. O Flamengo seguiria na Copa do Brasil.

Por sorte, teve pela frente um limitadíssimo Atlético-GO. Diante de uma equipe com um pouco mais de qualidade, certamente a postura resultaria em nova eliminação. Há um desgaste evidente do Flamengo, em queda livre clara em três frentes: técnico, tática e de confiança. Não há sentido continuar a estrada sem admitir que nada está normal. É preciso corrigir erros, rever nomes sempre garantidos, reforçar com novas peças, apresentar um cardápio novo para seguir na temporada. Até mesmo Guerrero, em fase esplendorosa até o fim do Carioca, caiu de rendimento. O time deixou de aproveitá-lo. De longe, a pior apresentação rubro-negra em meses. Refletir sobre o desempenho e corrigir a rota é parte do amadurecimento e de um trabalho. Em cinco dias, Zé Ricardo completará um ano no comando do Flamengo. Hora de um profundo questionamento.

FICHA TÉCNICA:
ATLÉTICO-GO 1X2 FLAMENGO

Local: Serra Dourada, em Goiânia (GO)
Data: 24 de maio de 2017
Horário: 21h45
Árbitro: Flavio Rodrigues de Souza (SP)
Cartões amarelos: Marcão Silva, Luiz Fernando e Roger Carvalho (ATL) e Pará e Guerrero (FLA)
Gols: Guerrero (FLA), aos 12 minutos e Jorginho (ATL), aos 27 minutos do primeiro tempo e Matheus Sávio (FLA), aos 34 minutos do segundo tempo

ATLÉTICO-GO: Felipe Garcia; Jonathan (Eduardo, 9’/1T), Ricardo Silva, Roger Carvalho e Bruno Pacheco; Marcão Silva, Igor, Luiz Fernando (João Pedro, 36’/2T) e Jorginho; Everaldo (Walterson, 30’/2T) e Junior Viçosa
Técnico: Marcelo Cabo

FLAMENGO: Alex Muralha; Pará, Rever, Rafael Vaz e Renê; Márcio Araújo e Willian Arão; Rodinei (Matheus Sávio, 29’/2T), Ederson (Romulo, 38’/2T) e Trauco (Mancuello, 21’/2T); Guerrero
Técnico: Zé Ricardo

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