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Vitória de ouro com atuação de lata: um Fla que não reflete a ambição das contratações

Guerrero Flamengo Bahia Fonte Nova

Guerrero Flamengo Bahia Fonte Nova

Em Salvador, o Flamengo estreou mais uma de suas contratações milionárias, Everton Ribeiro. Um projeto que deveria caracterizar a ambição do clube por grandes conquistas. Mas em campo a prática não reflete a teoria. Apesar da vitória de ouro contra o Bahia, 1 a 0 arrancado a fórceps, o futebol mais uma vez foi de lata. Pobre. Quase insuficiente para vencer uma partida em que teve um jogador a mais por 63 minutos. Incompatível com quem sonha em terminar o ano com um título importante na sala de trofeus. O time de Zé Ricardo não apenas estagnou. Involuiu. Hoje é menos do que ontem.

A percepção fica ainda mais clara com as boas contratações de um clube financeiramente reabilitado. Há opções vastas para, dentro do cenário do futebol brasileiro, desenvolver um futebol mais técnico, com alternativas de jogo, domínio do adversário. Em Salvador, o Flamengo começou a partida sendo dominado. Talvez porque seja previsível em seu 4-2-3-1, mesmo com novidades como Everton Ribeiro em campo. O time está viciado em utilizar as pontas e buscar cruzamentos. Jorginho deixou claro que percebeu o “vício” e recheou o Bahia da intermediária para frente. Marcação no campo adversário. Bloqueio dos lados. De início, o Flamengo tentou alternativas, muito em função de Everton Ribeiro.

O camisa 7, ao contrário de pontinhas como Gabriel e Matheus Sávio, por exemplo, busca o centro do campo e tenta dialogar com o meia, Diego, e enfiar bolas para o centroavante, Guerrero. Por três ou quatro vezes, o novo reforço apresentou credenciais. Faz parte do seu jogo. A partir daí, o coletivo fraco do Flamengo falou mais alto. Também devido à péssima fase de seus volantes. Willian Arão entregou duas bolas nos pés dos rivais. Em uma delas, Zé Rafael quase marcou e finalizou rente à trave de Thiago. Era claro que o Flamengo, superior tecnicamente, já era fartamente dominado.

Fla no início: volantes em má fase

Rhodolfo, em sua estreia como titular, cortava um dobrado para fazer o seu e limpar a barra de Rafael Vaz, de novo inseguro, com rebatidas sem sentido e jogo de corpo que davam vantagem aos atacantes rivais. Parecia que era o Bahia o time com jogadores mais técnicos. Edigar Junio, Allione, Zé Rafael. Girava a bola, tentavam infiltrações. Flamengo em apuros, com erros dos volantes, Matheus Sávio inoperante na esquerda e Everton Ribeiro e Diego já distantes em campo para travar qualquer diálogo. Até que Lucas Fonseca entrou em ação.

Destemperado, o zagueiro do Bahia tentou acertar Guerrero em uma divida e simulou ser agredido. Já tinha o cartão amarelo, levou o segundo e deixou o time da casa com menos um. Era a chance do Flamengo. Jogadores técnicos e mais leves na frente. Bastava ser o time de boa parte de 2016 e que por vezes apareceu até na Libertadores deste ano: prezar pela posse de bola, girar o jogo, tentar tabelas para furar um adversário muito fechado em dois blocos de quatro jogadores. Fatalmente o desgaste faria o Bahia esgarçar a marcação e ceder espaços.

Mas o Flamengo, vocês sabem, é hoje um time viciado em cruzamentos. Observa a alternativa de jogo como opção quase única para chegar ao gol. Por isso, mesmo com um jogador a mais, passou a buscar de novos os flancos e cruzar bolas na área. Não deu em nada. Ou melhor, deu sim: em contra-ataques do Bahia. Allione, em vacilada dupla de Márcio Araújo e Arão, quase marcou antes do apagar das luzes, mas Thiago espalmou. Um Flamengo pobre, sem ideias, mesmo com jogadores técnicos em campo. Talvez fosse caso de um ajuste no intervalo, uma troca de volantes. Não foi o caso.

O time voltou a campo com a mesma formação. O Bahia, pelo contrário, fez uma troca. Colocou o ciscador Mendonza em campo na vaga de Edigar Junio. Na correria, continuou a causar apuros ao Flamengo, que não se achava por dentro ou por fora. Ao contrário da goleada sobre a Chapecoense, não havia jogador algum em noite inspirada para salvar o jogo coletivo. Zé Ricardo, enfim, se rendeu e sacou Matheus Sávio, com Vinicius Junior em campo. Melhorou um pouco a parte ofensiva, uma vez que o garoto de 16 anos busca partir para cima, driblar e entrar na área. Em alguns minutos, nova troca: Arão saiu para a entrada de Berrío. Everton Ribeiro caiu para o centro mais próximo de Diego.

Flamengo ao fim: tentativa de manter a posse

Ocorre que o time perdeu a confiança de trocar passes e tentar achar algum espaço pelo chão. Voltou a insistir em cruzamentos ou chutes de longe diante da Barreira da Bahia. Em um acaso, acharia um gol. Assim o fez. Diego tocou para Everton Ribeiro pela esquerda, o camisa 7, despretensiosamente, arriscou um chute. A bola saiu triscada e parou nos pés de Berrío. Dentro da área, ele chutou cruzado e abriu o placar. 1 a 0. O resultado muito importante, mas o futebol apresentado deixava dúvidas se o time conseguiria mantê-lo. Chegara a vez da terceira troca. Cuellar em Everton Ribeiro, ajuste a um 4-1-4-1, com o colombiano alternando como o homem à frente da zaga com Márcio Araújo. Restava fazer o tempo passar.

E o Flamengo, vá lá, tentou até. Trocava passes horizontais como forma de evitar que o Bahia se aproximasse. Uma opção apenas para passar de tempo. Sofrível para um time que tinha um jogador a mais desde os 30 minutos da primeira etapa. Era um time empenhado, que corria. Mas corria errado. Estava desorganizado. Em busca de um padrão que já teve e perdeu. A bola não parava tanto no chão, com calma. Com bolas perdidas, o Bahia disparava em contra-ataque e cercava a área em busca de faltas ou cruzamentos. Ainda assim, o Bahia cruzou menos (20) do que o Flamengo (22). As finalizações (10 x 11) foram próximas. Assim como a posse de bola (47 x 53). O apito final foi um alívio.

Alívio de quem tem consciência de que o projeto é enorme, as opções são fartas, mas continua aquém da expectativa. O jogo bem desenvolvido é o melhor atalho para os resultados. O jogo empobrecido resulta em situações como a deste domingo, com pressão sofrida mesmo com um atleta a mais em campo. Zé Ricardo ainda não refundou seu trabalho no Flamengo. A fervura sobre seu emprego abaixou com resultados alcançados muito em função da qualidade do elenco. É seu dever fazer o time rubro-negro render bem. Sim, o Flamengo está no G-4. Mas a distância para o líder Corinthians continua em nove pontos. Muito longa. Será necessário remar muito. Refletir em campo a ambição com as contratações. Pensar o jogo em alto nível. Com os melhores jogadores a travessia, claro, seria muito mais fácil.

FICHA TÉCNICA
BAHIA 0X1 FLAMENGO

Local: Fonte Nova, em Salvador, na Bahia
Data: 25 de junho de 2017
Horário: 18h30
Público e renda: 21.929 pagantes / R$ 730.534,50
Árbitro: Igor Junior Benevenuto (MG)
Cartões amarelos: Matheus Sales (BAH) Guerrero, Everton Ribeiro e Rodinei (FLA)
Cartão vermelho: Lucas Fonseca (BAH), aos 30’/1T
Gol: Berrío (FLA), aos 27 minutos do segundo tempo

BAHIA: Jean; Eduardo, Tiago, Lucas Fonseca e Matheus Reis; Matheus Sales, Juninho, Vinícius (Rodrigo Becão, 32’/2T), Zé Rafael e Allione (Régis Souza, 17’/2T); Edigar Junio (Mendonza / Intervalo)
Técnico: Jorginho

FLAMENGO: Thiago; Rodinei, Rhodolfo, Rafael Vaz e Trauco; Márcio Araújo e Willian Arão (Berrío, 18’/2T); Everton Ribeiro (Cuellar, 31’/2T), Diego e Matheus Sávio (Vinicius Junior, 11’/2T); Guerrero
Técnico: Zé Ricardo

  • Fellipe França Santiago

    Enquanto nossos volantes forem Márcio Araújo e Arão, vamos ser esse time previsível. Um só serve para correr e o outro infiltrar na área. Muito pouco para serem titulares absolutos. E o Zé, usa de forma errada a méritrocacia, qual é a motivação do Cuellar, após 3 bons jogos, voltar a ser reserva? E o Ronaldo, que nunca joga? Rômulo, não importa sua parte física, Márcio Araújo é incontável. Então são cenários para serem avaliados.