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Flamengo respira, mostra força no Brasileiro e derruba corajoso Mirassol

Plata Arrascaeta gol Mirassol Brasileiro 2025

(Gilvan de Souza / CR Flamengo)

Arrascaeta Flamengo Mirassol Brasileiro 2025

(Gilvan de Souza / CR Flamengo)

Há diversas maneiras de analisar o confronto entre Flamengo e Mirassol no Maracanã. Todas, no entanto, se recheadas de pitadas mínimas de sinceridade, vão apontar para um grande jogo. Não era para menos. Líder contra o quinto colocado, este há nove jogos invicto, dois bons técnicos. O Flamengo venceu por 2 a 1, permaneceu no topo, mas o Mirassol vendeu caro. Nem vários grandões que estiveram no Maracanã em 2025 desafiaram assim o time do aniversariante Filipe Luís.

É importante acrescentar à análise o panorama de ressaca rubro-negra. Não só pelo aspecto físico depois de uma batalha enorme contra o Atlético-MG no meio de semana. Mas o lado mental de uma eliminação de forma tão precoce na defesa do título da Copa do Brasil. Dito isto, ficou claro como a opção do Flamengo foi positiva. No 4-4-2 usual, mais uma vez com a utilização de Arrascaeta como segundo atacante ao lado de Pedro, o time foi a campo para ser, como sempre destaca Filipe, “pressionante”. Muita força e intensidade com Samuel Lino e Plata pelos lados. A contenção de Allan e Evertton Araújo e dois laterais que saíam mais pro jogo, especialmente na direita com Emerson Royal.

Nem por isso o Mirassol aceitaria gratuitamente a pressão rubro-negra. É do seu feitio também pressionar a saída rival. Entre um 4-2-3-1 e 4-4-2, o time paulista alternava demais Gabriel com Edson Carioca pelo lado esquerdo e centro do campo. Chico da Costa, desagradável para qualquer zagueiro, sabia fazer pivô ou pressionar. E Reinaldo, pela esquerda, era arma ideal. Pelo fundo, às vezes com passe ao meio. Sempre em busca de batidas mais fortes da bola. Por vezes encontrou maneiras de sair da pressão rubro-negra e acionar o ataque e tentar espaço por dentro. Fosse no toque ensaiado desde trás até uma bola longa para encontrar Chico da Costa, às costas dos volantes, e acionar os lados. Em uma delas, o atacante bateu cruzado e Rossi salvou.

Ao fim, time ainda ofensivo, com BH e Plata por dentro

Mas peralá, e o Flamengo? Sim, o Flamengo era melhor em campo. Apesar de um sistema defensivo mais aberto do que de costume, o time subia sempre ao ataque, conseguia roubar bolas após pressão no campo ofensivo e utilizava demais Samuel Lino em cima de Lucas, que sofreu. O novo reforço, desta vez, estava com o físico já em um patamar acima dos últimos jogos. Fazia o vaivém incessante pela esquerda. A facilidade no confronto direto, no drible faz do Camisa 16 peça fundamental para Filipe. E o melhor: aos poucos tem entendido mais e mais a cabeça de Arrascaeta.

Não foram poucas as vezes em que foi acionado pelo uruguaio e deu opção de jogo. É movimento que Arrascaeta já fez por vezes com Bruno Henrique, embora com características diferentes. Ao velho companheiro, bolas lançadas no espaço para chegar em velocidade. Com Samuel Lino, bola geralmente no pé para buscar o drible. O setor era forte com isso. Lino bateu forte e a bola desviou na defesa e salvou Walter. Depois, de novo, Arrascaeta a Lino, que cruzou para um solitário Léo Pereira na grande área fazer as vezes de atacante com perfeição. 1 a 0.

Mirassol no início: Gabriel e Edson Carioca alternando, Reinaldo avançado

Traduzia bem o jogo. O Flamengo era melhor. Mais intenso, mais “pressionante”. E buscava sempre o jogo vertical. Há o porém aí de, desta maneira, perder a bola e ser contra-atacado. De fato ocorreu algumas vezes. O ideal é manter o controle da bola, acelerar, mas raciocinar melhor até o último passe para definição. Aí o destaque a Arrascaeta. O uruguaio vivia grande noite. Esqueça estatísticas, número de gols e assistências. Olhe o jogo. A movimentação, a leitura de cada palmo do campo. Claramente mais inteiro na parte física, o Camisa 10 pressionava, acelerava, passava com facilidade por dentro. E ao ter Pedro também em melhor fase física, com muita pressão na defesa adversária, e disponível para o pivô, melhor. Houve vezes de um encaixe até parecido com 2022. Arrasca na busca do jogo por dentro, Pedro ao ajeitar na parede para a conclusão de um canhoto pela direita. Antes Gabigol, agora Plata.

O jogo, com disposição pela eletricidade, só teve o enorme porém da arbitragem do mineiro Paulo Cesar Zanovelli. Apaixonado por faltas, o árbitro marcava infrações a qualquer contato. Foram 36 ao longo da partida. É impossível realizar marcação por pressão com arbitragem que induz a jogo tão medíocre. Seja por estilo, por dificuldade de acompanhar as jogadas, a partida é prejudicada por um apito fraco. Foi o que ocorreu.

O segundo tempo trouxe o Mirassol mais ousado. Mais à frente, em busca da pressão na saída rubro-negra, agora com Gabriel mais pelo lado e Edson Carioca por dentro. Filipe Luís decidiu sacar Pedro, que até voltava para fechar espaços, mas demonstrava cansaço. O problema: sacar Plata da direita para a entrada de Luiz Araújo. Diante do Atlético-MG, Plata deixou o campo por dores lombares. Era um dos melhores em campo, já havia dado o passe para gol de Everton Cebolinha. Mais uma vez o equatoriano era destaque. Pela direita, o jogador se sente à vontade e sua movimentação gera muito jogo. É um híbrido de ponta, meia e atacante. Joga por lado, por dentro e na área. Ao ficar mais “preso” como atacante, Reinaldo teve mais tranquilidade no setor. Avançou mais.

O eixo do jogo rubro-negro alternou. Mais à esquerda. Por ali, Alex Sandro aproveitou a recuperação de bola e tocou em Arrascaeta. O passe de trivela, magistral como em outras oportunidades, encontrou Plata na segunda trave. 2 a 0 e um jogo que parecia encaminhado, controlado. Ledo engano. Porque o Mirassol, lembremos, não se contentou em visitar o Maracanã pela primeira vez, utilizar camisa especial. Era um jogo diante do líder. Um time que estava invicto há nove jogos. Guanaes fez mudanças, promoveu pontas mais velozes Alesson e Carlos Eduardo e encaixou o time num 4-1-4-1. Chico da Costa seguia como opção para o pivo na bola longa por dentro, na intermediária, para acionar os lados. Ao tentar o avanço pela esquerda, com Reinaldo, agora mais solto, e dele a Alesson, Léo Ortiz tentou cortar o cruzamento e Gabriel determinou a lei do ex. 2 a 1.

Fla no início: Arrasca de novo como segundo atacante, pontas intensos

A redução da vantagem deixou um Flamengo mais nervoso, desconcentrado em alguns momentos e com espaços na intermediária para o avanço do time paulista. O time rubro-negro ainda buscava o ataque, mantinha pouco a posse e acelerava para finalizar a jogada. Pouco controle. Menos ritmado. Não havia Jorginho, suspenso, para reger o time. A parte física também cobrava sua parte. De novo pela esquerda, em cruzamento de Reinaldo, Chico da Costa só não empatou por boa intervenção de Rossi. O goleiro argentino, no entanto, tem se mostrado inseguro em bolas áreas. O Mirassol tentou explorar essa possibilidade e quase chegou ao empate. Cansado, o Flamengo sacou Arrascaeta, responsável por outras duas boas chances, em chute que Walter defendeu e ótima tabela por dentro com Plata e Luiz Araújo com finalização desviada pela defesa. Bruno Henrique e Varela renovaram o fôlego, mas a vitória foi mesmo rubro-negra.

Ao fim, Mirassol corajoso, em busca do empate, com velocidade nos lados

De um líder que soube reencontrar forças, vencer e manter e a liderança. É, ao fim do jogo, o ataque mais positivo da competição, com 33 gols, e a defesa menos vazada: apenas oito gols sofridos em 18 jogos. Impressiona. Embora a segurança defensiva não tenha estado tão em alta na noite de sábado, o Flamengo mostra solidez e que está sério na briga pelo nono título brasileiro. Acrescenta pitadas importantes para momento-chave da temporada. Samuel Lino jogou quase os 100 minutos do jogo e, apesar de breves momentos naturais de cansaço, mostrou estar bem. Arrascaeta mostrou estar bem, técnica e fisicamente, e impressiona como não sente o peso da 10 às costas. Joga leve.

Ao mesmo passo, Filipe Luís consegue promover a rotação do elenco e segurar atletas se necessário, como Bruno Henrique e Luiz Araújo, pouco utilizados. A dupla de Léos segue como um problema devido à sequência absurda de jogos. O esgotamento pode afetar até mesmo decisões em campo. É ingênuo e até incompreensível reclamar do trabalho do técnico. O Flamengo pode – e deve – evoluir o seu jogo. Mas não será imbatível como sonham as redes sociais, inflamadas a qualquer percalço. A realidade deste sábado dizia: o Mirassol é o quinto colocado da competição, organizado e, mais do que isso, corajoso para tentar agredir o líder no Maracanã. Desafios assim se repetirão ao longo de 2025. Depois da tempestade de quarta-feira, o Flamengo emplacou a segunda boa atuação seguida, respirou e mais importante: demonstrou que é um time hoje com força, muita força na disputa pela taça.

FICHA TÉCNICA
FLAMENGO 2X1 MIRASSOL

Data: 09 de agosto de 2025
Local: Maracanã
Árbitro: Paulo Cesar Zanovelli (MG)
VAR: Diego Pombo Lopez (BA)
Acréscimos: 3’/1T e 5’/2T
Público e renda: 60.331 pagantes / 64.028 presentes / R$ 4.289.937,50
Cartões amarelos: Léo Ortiz (FLA) e João Victor (MIR)
Gols: Léo Pereira (FLA), aos 18 minutos do primeiro tempo e Plata (FLA), aos 22 minutos minutos e Gabriel (MIR), aos 27 minutos do segundo tempo

FLAMENGO: Rossi, Emerson Royal (Varela, 37’/2T), Léo Ortiz, Léo Pereira e Alex Sandro; Allan, Everton Araújo, Plata e Samuel Lino; Arrascaeta (Bruno Henrique, 37’/2T), Pedro (Luiz Araújo, 12’/2T),
Técnico: Filipe Luís

MIRASSOL: Walter, Lucas Ramon, João Victor, Jemmes e Reinaldo; Neto Moura (Yago Felipe, 38’/2T), Danielzinho (Jose Aldo, 33’/3T), Negueba (Carlos Eduardo, 23’/2T) e Edson Carioca (Alesson, 23’/2T); Gabriel (Matheus Bianqui, 33’/2T) e Chico da Costa
Técnico: Rafael Guanaes

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