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Flamengo cai diante do Galo na Copa do Brasil e leva reflexões para 2025

Jorginho Lyanco Copa do Brasil 2025 Flamengo Atlético-MG

(Gilvan de Souza / CR Flamengo)

Jorginho Lyanco Copa do Brasil 2025 Flamengo Atlético-MG

(Gilvan de Souza / CR Flamengo)

Vá lá que a Copa do Brasil poderia não ser prioridade para o Flamengo em 2025. Mas uma eliminação diante do Atlético-MG logo nas oitavas de final traz sequelas e consequências. Mineiros e cariocas fizeram três duelos em curto período, dois pelo mata-mata. Confronto à exaustão com duas vitórias rubro-negras e uma atleticana. Quem sorriu ao fim, no entanto, foi o Atlético-MG. Acalma o ambiente antes tumultuado, vibra. Ao Flamengo cabem reflexões e compreender lições da trajetória até aqui na temporada.

Após o Mundial, o time de Filipe Luís oscilou. Natural dado o baque de ser eliminado de competição tão grandiosa que exigiu do elenco em todos os quesitos. Físico, técnico, tático e, especialmente, mental. Verdade que o clube indicou, por meio de dirigentes, que a Copa do Brasil não estaria no topo da lista para 2025. Mas o recado, ainda que de forma inconsciente, pode impedir mobilização e concentração máximas. Talvez resultar em lances como o do gol do Galo que sacramentou a derrota na ida, no Maracanã.

O segundo jogo, portanto, exigiria o máximo de elenco e técnico para possibilitar uma classificação. É justo dizer que o Flamengo assim se portou. Afinal, o jogo da temporada é delicado. De que valeria esfolar fisicamente jogadores como Bruno Henrique e Luiz Araújo e perdê-los para a Libertadores, logo a seguir? Ainda assim, o Flamengo tem elenco forte o suficiente para desafiar e eliminar o Atlético-MG em seus domínios. Fez de tudo. Mas não conseguiu. A boa notícia é que o time, por um jogo inteiro, teve boa atuação.

Com a vantagem de um gol no bolso, Cuca modificou o time para tentar travar o Flamengo. Em casa, com apoio da massa, pôs o Galo num 4-1-4-1. Por vezes formava linha de até de seis com os retornos de Rony e Cuello para fechar o espaço ao Flamengo. Na direita, Natanael. Na esquerda, Arana. A marcação individual estava presente, com vigílias intensas a Pedro, Plata, Wallace Yan. O Flamengo entendeu que haveria espaço a explorar justamente por aí.

Filipe mandou a campo um time bastante modificado. Trocou os dois laterais em relação ao jogo com o Ceará. Varela e Ayrton Lucas. Por dentro Jorginho e Evertton Araújo. E mais à frente Plata pela direita, Cebolinha à esquerda, Wallace Yan e Pedro avançados. Um 4-4-2, mas com muita movimentação. Plata trocava alucinadamente com Wallace Yan. O garoto arrastava a marcação como queria. Caía muito à direita, ajudava Varela no combate a Cuello. Prejudicava avanços de Arana. Com muito volume, o Flamengo tentava perfurar a defesa atleticana. Por dentro havia espaço.

Galo no início: Natanael na direita e espaço pelo centro

Foi por ali que Pedro arriscou finalização e quase surpreendeu Everson. O Atlético tinha dificuldades para manter minimamente a posse a arriscava nas bolas longas para Rony e Cuello. Como Cebolinha buscava o meio, Ayrton Lucas passava em velocidade. O Flamengo construía, avançava a partir da qualidade dos zagueiros e, especialmente, Jorginho. Vale o destaque. O ítalo-brasileiro esteve em noite soberba. Regeu como poucos o meio de campo. Instruía Evertton Araújo no posicionamento, com mais facilidade em destruir do que dar sequência ao jogo, fazia saída em meio aos zagueiros. Ditava o ritmo. Não foi surpresa, portanto, ver o Flamengo sair à frente do placar numa bela jogada construída com movimentação, troca e arrastar de adversários.

Plata tem facilidade em jogar por fora, à direita, e cair para dentro como um meia. Gera jogo com a movimentação. Na saída por dentro, recebeu de Wallace Yan após parede de Pedro. Ao puxar a bola justamente para dentro, onde havia espaço, deixou a defesa atleticana na dúvida. Lyanco, com óbvias dificuldades técnicas além do estilo xerifão de rebater, foi facilmente batido. Pedro segurou a passada e promoveu indecisão em Alan Franco. A área se abriu para Cebolinha. Natanael até tentou acompanhar. Mas não conseguiu. 1 a 0. O jogo ficou mais confortável aos rubro-negros. Com a massa muda na Arena, o time passou a circular mais a bola e abrir espaços. Perdeu boas chances. Uma até inacreditável com Pedro. O Atlético tentava no embalo da torcida. Hulk a trombar, irritadiço, e arriscar finalizações. Bolas cruzadas na área. Em vão. Fazia pouco e estava confuso com o posicionamento. A derrota por placar mínimo foi até lucro.

Fla no início: muito modificado e troca constante no ataque

No segundo tempo, Cuca modificou. Utilizou Saraiva, mesmo no sacrifício, na vaga de Natanael. Postou o time mais no 3-4-3 que alterna ao 5-4-1 quando necessário, como antes. Saraiva segurou mais ao lado de Lyanco e Alonso. Arana ganhou liberdade para avançar e, com Cuello, perturbar o lado direito da defesa rubro-negra. Exigiu mais de Wallace Yan para acompanhar o setor. O garoto que segurava a pilha diante dos graúdos e até da arrogância do árbitro Rafael Klein fazia bom jogo no que era exigido. Taticamente. Mas errava tecnicamente em alguns lances. O jogo era mais franco. Scarpa, por dentro, acertou o travessão. O Flamengo precisava do segundo gol e, aos poucos, caía fisicamente. Filipe arriscou trocas. Por necessidade física sacou Plata e pôs Saúl. Cebolinha, de volta após jogos de ausência por questões musculares, deu lugar a Samuel Lino.

Cuca respondeu com Igor Gomes e Biel. Pôs mais velocidade e qualidade no passe. Aceitava a trocação. Precisava de um gol pela vaga. Conseguiu rondar a área rubro-negra, Hulk perdeu duas chances após cruzamentos na área. O jogo tenso parecia indicar que terminaria nos 90 minutos. Sem Pedro, mais combativo do que decisivo, Filipe apostou em Arrascaeta. Já tinha perdido a velocidade e o drible de Plata ao lado, com a movimentação. Wallace Yan se fixou mais à esquerda. Cansado, o garoto perdeu boa chance após desvio de bola chutada por Samuel Lino. Tudo levaria mesmo aos pênaltis.

Galo no fim: Scarpa lateral, Hulk na direita e busca pelo empate

É bobagem questionar o porquê Filipe concordou com Wallace Yan para fechar a série. Assim como é no mínimo ingênuo achar que a caminhada do jovem atacante com a bater da bola na cabeça indica arrogância, marra. Era óbvio o nervosismo. O chute por cima do gol acaba por penalizá-lo. Tudo questão de resultado. Com a bola na rede seria genial. O Galo não foi melhor no confronto. Depois de um duelo igual no Maracanã, o Flamengo foi superior na volta na Arena. Mas o Atlético-MG mereceu a vaga. Foi bastante competitivo e aproveitou a baixa concentração rubro-negra no Maracanã. Avança às quartas com méritos.

Ao fim, Fla com Saúl à direita, Wallace Yan e Arrascaeta à frente

Ao Flamengo cabe refletir. Entender o quanto a demora nas contratações do meio de ano impactaram, por exemplo, neste confronto e na saída da defesa do título. Em campanha, o presidente Bap garantiu que o clube teria reforços no primeiro dia de abertura da janela, aberta em 10 de julho. Não o fez. O atraso nas negociações do departamento de futebol comandado por José Boto teve consequências. Samuel Lino e Saúl entraram nitidamente sem condições em campo. Pouco agregaram. Precisam de tempo para se adaptar, engrenar fisicamente. E Carrascal, em novela longa, ficou fora das oitavas de final justamente por falta de…tempo. Seria opção a Filipe Luís para manter o ritmo necessário para seu modelo de jogo. Falha no planejamento crucial. Com mais consequência.

A Copa do Brasil, salvaguarda das últimas duas temporadas, ficou de lado. Uma carta a menos na manga para aliviar tensões, argumentar pelo investimento. Mesmo com o atraso, o clube teve de abrir o cofre e despejar milhões no mercado para encorpar o elenco. A pressão diante de Libertadores e Brasileiro aumenta consideravelmente.

FICHA TÉCNICA
ATLÉTICO-MG (4) 0X1 (3) FLAMENGO

Data: 6 de agosto de 2025
Local: Arena MRV
Árbitro: Rafael Klein (RS)
VAR: Wagner Reway (MT)
Público e renda: 38.873 presentes / R$ 4.481.572,52
Cartões amarelos: Lyanco, Cuello (ATL) e Pedro (FLA)
Gol: Everton Cebolinha (FLA), aos 20 minutos do primeiro tempo

ATLÉTICO-MG: Everson, Natanael (Saravia / Intervalo), Lyanco, Junior Alonso e Arana (Dudu, 28’/2T); Alan Franco; Rony (Biel, 24’/2T), Gabriel Menino (Igor Gomes, 18’/2T), Gustavo Scarpa, e Cuello (Alexsander, 29’/2T); Hulk
Técnico: Cuca

FLAMENGO: Rossi, Varela, Léo Ortiz, Léo Pereira e Ayrton Lucas; Jorginho, Evertton Araújo, Plata (Saúl, 19’/2T) e Everton Cebolinha (Samuel Lino, 12’/2T); Wallace Yan e Pedro (Arrascaeta, 19’/2T)
Técnico: Filipe Luís

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